Nos escolheram desde o início, diz empresa

A empresa alemã Eheim Möbel indicou saber com antecedência o resultado de uma concorrência de R$ 15 milhões em que sua parceira no Brasil, a Giroflex, foi escolhida a fornecedora das cadeiras do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.

Em uma notícia publicada no site da empresa, os alemães anunciavam que "a sede da final da Copa de 2014 escolheu a série FCB [produto criado pela empresa]".

O documento da Eheim não tem data de publicação, mas o registro eletrônico da página informa que ela foi criada no dia 2. A Folha acessou o site no dia 8, quando a concorrência ainda estava em "fase final", segundo o governo do Rio e o consórcio responsável pela obra.

"Autoridades tomaram a decisão desde o início ["early on"] de instalar nossa mundialmente famosa série de cadeiras para o estádio da final da Copa. Parabéns ao nosso parceiro Giroflex por esse projeto fantástico", dizia a nota. Procurada pela reportagem, a empresa alemã afirma que, com essa expressão em inglês, eles quiseram dizer que o governo decidiu com mais de um ano de antecedência para a inauguração.

A página foi retirada do ar ontem. Apesar de a empresa alemã informar pelo menos desde a semana passada que ganhou a licitação, o anúncio oficial só ocorreu anteontem, quando a Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro informou que as primeiras cadeiras do Maracanã podiam ser visitadas. A contratação foi feita indiretamente pelo governo do Rio. A licitação foi tocada pelo consórcio responsável pelas obras.

O sistema funciona assim: o consórcio faz a concorrência para escolher a fornecedora e o governo do Rio passa o dinheiro para o consórcio, que então compra as cadeiras. Contudo, a contratação, mesmo que indireta, só pode ocorrer com o aval do governo do Rio, de acordo com o contrato.

Se a contratação fosse feita diretamente pelo governo, a Giroflex poderia ter problemas. A empresa está suspensa até 2016 de ser contratada pela administração pública. O motivo são irregularidades em uma licitação realizada pelos Correios. Os Correios afirmam que o caso está em sigilo na Justiça e por isso não poderia dar detalhes dos motivos da suspensão.

A empresa, contudo, afirma que, além de estar recorrendo da decisão dos Correios, participou da concorrência das cadeiras do Maracanã por meio de um outro CNPJ, livre de impedimentos.

Além desse problema, a empresa está com o certificado de registro cadastral como fornecedora do governo do Rio vencido. A situação refere-se aos dois CNPJs usados pela empresa. O estádio do Maracanã deve custar R$ 784 milhões e ficar pronto ano que vem -62% das obras estão concluídas.

As 79 mil cadeiras do estádio serão distribuídas nas cores azul, amarela e branca.