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Edgard Alves

Jogos só de vencedores

A Paraolimpíada, encerrada em Londres e que volta em 2016, no Rio de Janeiro, é a celebração da superação

Os Jogos Paraolímpicos de Londres chegaram ao seu final. Acompanhei o noticiário com curiosidade especial na vitória do brasileiro Alan Fonteles no confronto com o sul-africano Oscar Pistorius, ambos biamputados das pernas (usam próteses), nos 200 m rasos, e nos ouro conquistado no ciclismo pelo italiano Alessandro Zanardi, o ex-piloto da F-1 que, num gravíssimo acidente em 2001 na Indy, perdeu as duas pernas. Indiscutivelmente, o vencedor Zanardi e o derrotado Pistorius eram estrelas. Mas não vibrei com nenhum desses resultados. Vejo os Jogos Paraolímpicos com olhos de admiração, que só enxergam vencedores. Acredito que todos ali o são, simplesmente pelo que fazem.

Na minha interpretação, a competição é a celebração da superação. Os resultados em si ficam em segundo plano.

Até mesmo porque é delicado o sistema que aponta o nível dos tipos de comprometimento físico ou sensorial, ou seja, que define qual atleta pode ou não competir em tal categoria da competição. Além disso, recursos econômicos influem na qualidade dos equipamentos. Um atleta com maior apoio certamente desfruta de vantagem.

Procurei pessoas com algum tipo de comprometimento para saber como elas acompanharam do Brasil, e avaliaram, a Paraolimpíada. Ricardo Granatowicz, 32, paralisia cerebral, que não pratica esporte, e Johnny Savalla, 63, poliomielite, que chegou a nadar grandes distâncias, gostaram. Granatowicz ressaltou que o evento deveria ter uma exposição maior, porque o esporte é importante meio para a inclusão social. Savalla, pela própria vivência, declarou que a alegria do para-atleta contagia, é anterior à prova, é ter chegado lá. Por isso passa a sensação de liberdade, do espírito olímpico sem preocupação com patrocinadores. Colocar 60 mil pessoas numa praça de esportes como em Londres é sério, destacou, sinal de que alguma coisa está certa.

Disputados logo após os Jogos Olímpicos de Verão, que tiveram amplo espaço nos meios de comunicacão, os Paraolímpicos não desfrutaram de aparato na mesma densidade, mas mostraram evolução. O evento teve 2,7 milhões de ingressos vendidos. A expectativa é que avance mais no Rio, em 2016, segundo o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons.

Ele ressaltou que o Brasil dobrou os investimentos no setor, saltando de R$ 77 milhões, no ciclo 2005-2008, para R$ 165 milhões, entre 2009 e 2012, sendo que 98% desses recursos vieram de verbas públicas.

Política que seguirá generosa, e com a obrigação governamental de fiscalizá-la com rigor.

Também exige incentivos especiais a acessibilidade (transporte, praças de esportes, vias públicas etc.) para as pessoas com comprometimento físico ou sensorial. Mas esse quesito vale para qualquer cidade, com ou sem Paraolimpíada.

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