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Juca Kfouri

Dérbi dos opostos

Na dita casa corintiana, mas alviverde, nova derrota do Palmeiras será catastrófica

OS DOIS estarão na Libertadores do ano que vem. Mas um planeja estar nela na condição de bicampeão mundial de clubes da Fifa. O outro só quer fugir de disputá-la na segunda divisão da CBF.

Um sonha com o Japão. O outro tem pesadelo com Arapiraca. Ambos venceram as duas copas mais importantes, até aqui, do ano: a continental e a nacional, mas nenhum deles pode conquistar o Brasileiro. Só que o alvinegro não está nem aí para a impossibilidade, enquanto o alviverde está apavorado com a perspectiva de novo rebaixamento.

No segundo turno deste mesmo Brasileirão, no ano passado, este dérbi, também no Pacaembu, ao terminar empatado, deu o pentacampeonato ao Corinthians, no dia mais tristemente alegre da história centenária do clube, porque, também, dia da morte do ídolo libertário Sócrates. Então, o estádio estava de branco e preto, diferentemente das cores que predominarão neste domingo de mando palmeirense.

O rival que, em 1974, aumentou para 20 anos o jejum de títulos corintiano, não conseguiu impedir a conquista e ajudar o Vasco naquele 4 de dezembro.

Mas é acusado, pelos fiéis, de ter entregue, em 2010, o jogo contra o Fluminense, que acabou campeão, para evitar que fosse o Corinthians.

Pois o dérbi de hoje pode ter o sabor de doce vingança e de amarga revanche, numa temporada em que o clássico no primeiro turno já terminou com a vitória dos reservas do Parque São Jorge contra o time do Parque Antarctica.

Pior: nos jogos contra os três que fazem companhia ao Palmeiras na zona da degola, o Corinthians só empatou, no primeiro turno, com Sport, Atlético-GO e Figueirense, para quem também perdeu no segundo. Mui amigo do coirmão, como se vê.

O ideal para a direção do Palmeiras teria sido a permanência de Felipão para o clássico desta tarde. Mas o treinador não deu opção e, assim, foi-se o bode expiatório.

Mantivesse o técnico pelo menos até o fim do jogo, poderia suavizar o impacto de um mau resultado ou, caso a vitória, sempre possível, viesse a acontecer, teria a possibilidade de assim mesmo chacoalhar o ambiente.

Para o futebol brasileiro, melhor será que os verdes vençam, coisa que a irracionalidade dos fanáticos não aceita, incapazes de perceber que a grandeza de um é diretamente proporcional à grandeza do outro, uma alimenta a outra.

Inimigos é que desejam a morte do oponente. Adversários, ao contrário, devem lutar para manter cada vez mais viva a rivalidade, sem a qual o futebol definha, perde a graça. Mas vá explicar isso aos que esqueceram, ou nunca souberam, o que é torcer saudavelmente.

Antes que me perguntem, antecipo que é claro que torcerei, como sempre, pelo meu time. Sem um pingo de tristeza caso venha a perder de seu rival mais tradicional.

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