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Palmeiras comete mesmos erros da queda de 2002, dizem rebaixados

Dez anos depois, campanha tem de novo troca de comando, confusão política e lesões

DE SÃO PAULO

Dez anos se passaram, mas o filme é repetido.

Personagens que participaram do rebaixamento palmeirense para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2002 citam os motivos para a queda na ocasião como se estivessem dando explicações para problemas atuais.

Falta de confiança, mudança de técnico e excesso de lesões são desculpas coincidentes. Na zona de descenso, a 12 rodadas do fim da Série A deste ano, a situação do Palmeiras é crítica.

"Em 2002, identificamos cedo que havia problemas. Mas, quando você vai ver, o campeonato está no fim. E, como o Brasileiro é competitivo, você não consegue se recuperar", afirmou o ex-lateral direito Arce, agora comandante do paraguaio Rubio Ñu.

Então presidente, Mustafá Contursi só em setembro contratou Levir Culpi, o treinador que iria até o final do campeonato, depois de perder Vanderlei Luxemburgo e Flávio Murtosa -auxiliar de Luiz Felipe Scolari neste ano.

"Eu estava em final de mandato, então fui aconselhado a gastar muito para montar um time competitivo. Foi o grande erro. O time não se entendeu", justificou Contursi, que mesmo rebaixado conseguiu ser reeleito.

Aquela equipe tinha jogadores como Dodô, Zinho, Arce e Fabiano Eller, mais caros do que a maioria do elenco atual. Relatos na época citavam problemas de relacionamento entre os atletas. Dez anos depois, nenhum dos entrevistados pela Folha admitiu existir esse problema.

Levir Culpi assumiu o comando do time no mesmo dia em que o lateral Rubens Cardoso foi apresentado como "salvador da pátria".

Desta vez, a diretoria trouxe de volta veteranos que estavam fora da órbita dos grandes, como Corrêa e Leandro.

"As coisas não andaram. O Levir era um técnico fantástico, mas o restante da comissão não era à altura", disse o ex-goleiro Sérgio, sem citar nomes fora Culpi.

Pouco antes de Scolari e do do coordenador Galeano deixarem o clube, há duas semanas, Arce conversou com eles. O diagnóstico era de que as contusões pós-Copa do Brasil prejudicaram o time.

"O elenco não é grande. Alia-se isso à tensão e à pressão, foi o que aconteceu em 2002 também", disse Arce.

O tema rebaixamento deixa alguns dos personagens daquele época ressabiados. Levir Culpi, que hoje treina o Cerezo Osaka, do Japão, não quis dar entrevista. Mas ele escreve uma biografia, que está em fase de revisão, em que promete tratar do tema.

Na época, ele disse que o time ter participado da Copa dos Campeões, torneio hoje extinto, no meio do ano, prejudicou a preparação. Neste ano, o Palmeiras focou a Copa do Brasil até ser campeão e esqueceu o Brasileiro.

Considerado o vilão do rebaixamento por ter falhado em gol do Flamengo no empate por 1 a 1 na penúltima rodada, o ex-zagueiro Alexandre vive isolado administrando fazendas em uma cidade de 5.000 habitantes do interior de Minas Gerais.

"Moro na roça para não me encherem", contou à Folha. Ele já teve problema com torcedor em um restaurante em Goiás, anos depois do descenso, por isso não gosta de falar do assunto. Mas fala.

"Eu falhei em um lance. E o Palmeiras caiu naquele jogo? O Palmeiras caiu desde a primeira rodada", disse. Ele finaliza citando mais um problema que, passados dez anos, persiste no clube.

"O Palmeiras tem uma guerra nos bastidores que existiu naquela época e existe sempre. É uma situação complicada", completou. Assim como em 2002, há eleição no começo do próximo ano. (MARCEL RIZZO E RAFAEL REIS)

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