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Edgard Alves

Candidato único

Nuzman, que já preside o comitê organizador da Rio-16, será conduzido ao quinto mandato no COB

Carlos Arthur Nuzman, 70, vai ser reeleito para o seu quinto mandato à frente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) na próxima sexta-feira. É candidato único. Ele comanda a entidade desde 1995 e também preside o comitê organizador da Olimpíada de 2016.

Repete a dupla função de Ricardo Teixeira no futebol, que presidia a CBF e o comitê organizador da Copa-2014, cargos hoje ocupados por José Maria Marin, substituto do primeiro, que se afastou após denúncias de corrupção na Fifa.

O colégio eleitoral do COB conta com 30 confederações e mais três membros natos: Nuzman, seu vice André Richer (candidato à reeleição) e João Havelange, o ex-presidente da Fifa, envolvido também no caso das propinas da ISL, que atingiu Teixeira.

Nuzman diz que tem o apoio de 29 confederações e que se sente confortável na dupla função, inédita na centenária história olímpica. O cartola declarou ter consultado o COI, que respondeu não haver nenhum problema.

Em fevereiro, neste espaço, qualifiquei a conduta de Nuzman em manter a dupla função como uma decisão lamentável. Até agora não encontrei argumento para mudar minha opinião.

Uma das entidades, com certeza, sairá prejudicada, e ainda se perde a chance de aperfeiçoamento de um novo comandante para o COB, que, nos últimos anos, mostrou competência para arrebatar verbas estatais, mas patina no plano esportivo (15 medalhas em Atlanta-96 e, 16 anos depois, 17 em Londres).

A Olimpíada-16 está atrelada ao governo brasileiro e movimenta rios de dinheiro público. Por isso, o bom senso aponta para a exclusividade, e dedicação ampla e irrestrita, no trabalho da sua organização.

No sábado, por exemplo, a Folha revelou que o governo repassou R$ 2 milhões ao COB por serviço já pago da candidatura do Rio para sede da Olimpíada. O comitê afirmou que precisava ressarcir a empresa contratada por aqueles serviços por perdas cambiais. O COB havia escolhido, sem licitação, a empresa EKS, com sede na Suíça, justificando a seleção por "notória especialização".

Como se vê, decisões muito específicas. Outro exemplo: em meados de setembro, foi revelado que brasileiros haviam desviado informações do banco de dados dos Jogos de Londres.

Nuzman levou vários dias para dar sua versão dos fatos, que não ficaram totalmente claros, embora tenha confirmado os desvios e a demissão dos funcionários, estranhamente, sem justa causa.

Não bastasse essa questão da dupla função, outro fato relevante em andamento é o debate sobre a alternância de poder nas entidades esportivas nacionais.

O ministro Aldo Rebelo, do Esporte, defende o estabelecimento de limite de mandatos para dirigentes esportivos.

É uma discussão pertinente, levando-se em conta que o governo tem aberto seus cofres para o esporte. E incômoda para Nuzman.

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