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De 1950

Relatório oficial da Copa do Mundo de 1950, arquivado pela Fifa, permite traçar paralelo na organização dos Mundiais no Brasil

MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO

O relatório oficial da primeira Copa do Mundo realizada no Brasil, em 1950, revela detalhes da evolução do futebol, seja na parte técnica, do jogo praticado dentro das quatro linhas, seja de seus bastidores e organização, decidida por cartolas em reuniões cheias de pompa.

A CBD (Confederação Brasileira de Desportos), entidade que comandava o futebol brasileiro na época, preparou um rico material de prestação de contas após o torneio, disputado entre junho e julho e vencido pelo Uruguai. Visto 62 anos depois, e a dois do próximo Mundial no país, o documento permite traçar comparativos na preparação e execução dos torneios.

A documentação está nos arquivos da Fifa e mostra números da construção do Maracanã, ingressos vendidos e renda de todos os jogos, além de variadas fotos e informações que ficaram esquecidas com o tempo.

Chama a atenção, por exemplo, o homem escolhido na época para ser o representante brasileiro no comitê organizador. O gaúcho Sotero Cosme, nascido em 1905 -e morto em 1978- era violinista, considerado um dos principais desenhistas do Brasil nas décadas de 20 e 30 e diplomata.

Ao lado do italiano Ottorino Barassi e do inglês Stanley Rous, ex-árbitro e que presidiria a Fifa entre 1961 e 1974, teve a missão de organizar um Mundial pela primeira vez após a Segunda Guerra.

Cosme, que nada tinha de envolvimento com a política do futebol, exerceu função que hoje é do presidente da CBF, José Maria Marin, que acumula cargos, como seu antecessor Ricardo Teixeira.

Após críticas por tanto poder estar concentrado numa só figura, dois ex-jogadores, Bebeto e Ronaldo, e um membro do governo federal também foram incluídos na direção do comitê organizador.

A Copa-50 foi planejada com dois anos de antecedência, bem menos tempo dos que os cinco para 2014. Em menos de 20 meses, o então maior estádio do mundo estava de pé. O Maracanã, como mostra o relatório, precisou de 3 milhões de tijolos para ser erguido. À época, seu tamanho impressionou.

"Colossal", foi assim que Arthur Drewry, vice da Fifa, se referiu ao estádio, que já criava lendas. "Erguido em dez meses", exagerou Drewry em sua carta de agradecimento à CBD. Na época, um estádio para 180 mil pessoas foi elogiado. Não se questionava, como hoje, que campos como o de Manaus (44 mil) e Cuiabá (43 mil) podem se tornar obsoletos pós-Copa.

Como será em 2014, a final foi disputada no Maracanã. Em 1950, nunca se soube o público exato no jogo decisivo, vencido pelo Uruguai. O número cabalístico deste confronto foi arredondado para 200 mil, mas o relatório mostra que 173.850 pessoas pagaram para entrar.

Destes, aponta o documento, 4.685 militares e 730 estudantes pagaram meia-entrada. Foi a única das 20 Copas até hoje, segundo a Fifa, que teve desconto em bilhetes, o que se repetirá em 2014 por pressão do governo federal.

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