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Edgard Alves

Uma incógnita

A expectativa é sobre a possibilidade de a União Ciclística Internacional acolher as denúncias

A União Ciclística Internacional (UCI) tem a oportunidade de escrever a mais relevante página de sua história hoje, quando se posiciona sobre a polêmica do doping que envolve o ciclista norte-americano Lance Armstrong, sete vezes campeão da Volta da França.

Ele nunca foi flagrado em teste antidoping, mas a Usada, a agência norte-americana antidoping, com base em provas testemunhais, denunciou ter o ciclista atuado em esquema de dopagem em boa parte da carreira e o baniu do esporte.

Armstrong se recusou a apresentar defesa contra as acusações, sempre repetindo nunca ter usado substâncias proibidas.

A UCI pode ou não acompanhar a decisão da Usada. Daí a importância do anúncio, uma incógnita.

Em caso de punição, além dos títulos e troféus, o atleta perde os prêmios conquistados.

A entidade, porém, pode lavar as mãos e mandar o caso para julgamento na Corte de Arbitragem do Esporte (CAS), hipótese com boas chances de acorrer.

Mas a expectativa é sobre a possibilidade de a entidade acolher as denúncias da agência norte-americana, fato que acarretará punições e desdobramentos, com forte impacto no mundo dos esportes. Isto porque, embora a prova laboratorial (teste de urina ou sangue) seja o padrão na quase totalidade das denúncias de doping, a Usada fundamenta suas acusações em testemunhos, nos quais encontrou elementos que julga suficientes para provar as violações cometidas por Armstrong e outros integrantes do mesmo time americano profissional. Agentes federais participaram das investigações.

A repercussão das denúncias, tratadas pela mídia como "escândalo de doping", já arrastou patrocinadores na sua onda, com tal ímpeto que oito deles romperam contrato. Convencidos do crime ou tinham conhecimento do problema?

Talvez tenham apenas aproveitado a chance, uma vez que o Armstrong deixou o ciclismo de lado e, desde o ano passado, adotara outro esporte, o triatlo.

Com o desligamento, os patrocinadores também lavam as mãos, e ainda economizam o que pagavam ao astro. Mesmo que a carreira acabe virando uma mancha de doping, não têm volta as vantagens obtidas por eles pelo usufruto da imagem positiva do campeão na época das conquistas.

Raros são os patrocinadores que ficam ao lado do patrocinado até que se prove totalmente a culpa.

Mas o ciclismo também perde com esse caso. Basta lembrar a decisão do banco holandês Rabobank, que, depois de 17 anos, suspendeu o patrocínio a sua equipe de ciclistas profissionais, optando apenas por manter seu apoio à categoria de base.

Admirado pelas proezas com suas pedaladas, Armstrong viu sua imagem mais fortalecida após superar um câncer nos testículos e continuou com a carreira. Agora, longe das competições, palavras de ex-companheiros transformam a estrela numa farsa.

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