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Lance intimidou testemunhas, diz agência

DOPING
Ex-colegas do ciclista, banido por uso de substâncias ilegais, dizem ter sido ameaçados ou difamados

DE SÃO PAULO

Acusado de ter feito parte de um engenhoso esquema de dopagem -mesmo sem nunca ter sido flagrado em testes-, Lance Armstrong teria também ameaçado testemunhas que colaboraram com investigações sobre sua relação com o doping.

Essa informação está no relatório Usada (agência antidoping dos EUA) que levou ao banimento do ex-ciclista.

O documento tem mil páginas e inclui testemunhos de 26 pessoas, entre elas 15 atletas que conheciam a US Postal, equipe de Armstrong, e seu esquema de doping.

Hoje a UCI (União Ciclística Internacional), que já teve acesso aos papéis, deverá se manifestar sobre as acusações contra o ex-ciclista.

Casos de testemunhas intimidadas ou difamadas pelo norte-americano e seus colegas de time foram publicados pelo "Daily News".

Um dos episódios envolve o ex-ciclista Frankie Andreu e sua mulher, Betsy.

Eles receberam mensagens telefônicas de Stephanie McIlvain, amigo de Armstrong que trabalhava para um de seus patrocinadores.

"Espero que alguém quebre um taco de beisebol na sua cabeça. (...) E também que algum dia você tenha algum tipo de tragédia na vida que realmente cause impacto", dizia uma das gravações.

No dia seguinte, McIlvain deixou outra mensagem se desculpando, culpou umas taças de vinho a mais, mas disse que a amizade de suas mulheres estava acabada.

As fitas fizeram parte de uma investigação federal contra Armstrong em 2010.

As ameaças foram feitas quando eles depuseram contra o ex-ciclista em 2005, em um caso arbitral do esporte.

Os dois, segundo relatório da Usada, revelaram ter ouvido Armstrong dizer aos médicos no hospital que havia usado EPO, substância que aumenta a oxigenação do sangue. Ele havia sido operado de câncer nos testículos.

Pessoas ligadas a Armstrong disseram que o casal mentiu porque o contrato de Frankie com a US Postal não havia sido renovado em 2000, e ele guardava mágoa. Mas a Usada diz que o próprio ex-ciclista convidou o ex-colega a voltar ao time em 2001.

"Esta prova oferece forte indicação de que Armstrong intencionalmente difamou um amigo de longa data e a mulher dele apenas para se proteger", diz a Usada.

"Isso [banimento de Armstrong] é uma lição para nossos filhos. A verdade importa. Não se curve diante de ameaças, não faça algo errado porque todo mundo faz", disse Betsy ao "Dailey News".

O relatório da Usada aponta que diversos ex-colegas de Armstrong foram intimidados para não testemunhar contra ele em diferentes momentos de sua carreira.

Um deles foi George Hincapie, que pedalou a seu lado nas sete coquistas da Volta da França e contou sobre duas vezes em que o ex-colega lhe deu EPO. Armstrong também teria dito que "poderia destruir" Filippo Simeoni, que depôs sobre o médico Michele Ferrari, acusado de fazer parte do esquema de doping.

O ex-atleta da US Postal Tyler Hamilton, autor do livro "A Corrida Secreta", diz que foi interpelado por Armstrong em um restaurante em Aspen.

O ex-ciclista, entre outras ameaças e palavrões, teria dito que faria da vida dele um inferno. O livro fala sobre o doping na Volta da França e denuncia o ex-colega.

O relatório da Usada diz que Armstrong enviou mensagem intimidadora à mulher de um ex-ciclista flagrado em antidoping, Levi Leipheimer, logo após ele ter falado ao júri sobre seu caso.

Outro caso é o da massagista Emma O'Reilly. Segundo a Usada, ela viu membros da US Postal planejarem como burlar testes antidoping e conhecia o esquema.

Em 2003, foi paga para ajudar no livro "L.A. Confidencial: Os Segredos de Lance Armstrong". "Lance não perdeu tempo em atacar a mim e a minha reputação, referindo-se a mim como prostituta e alcoólatra", disse.

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