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Fábio Seixas

Salvem o japonês

Coadjuvante nas pistas, Kobayashi é das grandes figuras da F-1 e merece um lugar no grid em 2013

NESTES tempos de Twitter, o apelo surgiu em 119 caracteres. Com seu inglês yakissôbico, Kobayashi usou o microblog para dizer que seria muito bom, um dia, contar com o apoio de um patrocinador.

Essa é a tradução mais lógica do que ele escreveu. Mas há algumas outras por aí -repetindo: o idioma de Shakespeare não é seu forte.

Dois pontos que já seriam suficientes para diferenciar o japonês dos outros 23 pilotos no grid. 1) O inglês tosco, que obriga repórteres a se reunirem após suas entrevistas para uma decodificação coletiva do que acabaram de ouvir. 2) A humildade, em meio a um oceano de arrogância, de reconhecer que está lascado.

Sim, Kobayashi está lascado. Sem patrocinadores fortes, não deve conseguir se manter na Sauber no ano que vem -o mercado aposta em Gutierrez e Hulkenberg como dupla do time suíço em 2013.

Pior: não deve conseguir lugar nem mesmo numa equipe nanica. O mais provável, hoje, é que ele deixe a F-1. Seria uma pena.

Desde que surgiu na Toyota, há pouco mais de três anos, em Interlagos, Kobayashi se tornou uma das grandes figuras da categoria.

Primeiro, pelo que faz na pista. Ele não é um gênio da técnica nem nunca será campeão. Mas é mais arrojado do que a maioria, sem ser estabanado como alguns.

É como se "ponto de ultrapassagem", para ele, fosse um conceito relativo. Em todo ponto é possível ultrapassar. Ou ao menos tentar alguma coisa diferente. E são raros os erros, os acidentes, os choques, as lambanças... Um equilíbrio muito difícil de conseguir, Grosjean e Maldonado que o digam.

Tornou-se, sem o apoio dos antecessores, aquilo que as montadoras japonesas tentaram por tanto tempo fabricar: um bom piloto japonês. O melhor que já passou pela F-1.

Mas Kobayashi é uma figura também fora das pistas. Talvez fruto de sua origem, que lhe permitia poucas ambições: até os 16, fazia sushis no restaurante do pai, em Amagasaki, a oeste de Osaka.

Em Suzuka, terceiro colocado, subiu para seu primeiro pódio antes de todo mundo, como se fosse o vencedor. E emocionou-se com os gritos de "Kamui, Kamui" vindos das arquibancadas.

No circuito de Buddh, onde talvez dispute um de seus últimos GPs, vem mantendo o sorriso no rosto, resignado. "Tento manter meu sonho." Por essas e outras, voltando ao Twitter, ganhou por lá o debochado apelido de "mito" entre os torcedores.

Kobayashi diverte, dentro ou fora do carro. É daqueles coadjuvantes que ganham o Oscar. É daqueles pilotos que merecem ficar na F-1.

fabio.seixas@grupofolha.com.br

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