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Em 102º lugar, Vanderlei se supera na despedida
Veterano faz a São Silvestre em 52min12s, três minutos abaixo do que esperava
Aos 39 anos, com beijos e "aviãozinho", atleta declara ter se surpreendido e que
retornará, como amador, à prova na qual atua desde 89
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
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Os atletas campeões da 84ª São Silvestre, o queniano James Kipsang e a etíope Yimer Wude (ao centro), no pódio da corrida, que abrigou quatro brasileiras
DA REPORTAGEM LOCAL
A mais de seis minutos de um
lugar no pódio, mas exibindo
sorriso digno de campeão e fazendo o "aviãozinho" que se
tornou marca registrada em
suas comemorações, o fundista
Vanderlei Cordeiro de Lima,
39, agora já aposentado, cruzou, pela 12ª vez, a linha de chegada da São Silvestre ontem.
O cronômetro marcava
52min12s, tempo bem mais
baixo do que ele havia previsto
para completar os 15 km de
prova, já que estimava alcançar
a altura do número 900 da avenida Paulista em 55 minutos.
A despedida das competições
como atleta profissional também foi como ele havia imaginado: festa em todo o percurso.
Aplausos efusivos do público
acompanharam o fundista ao
longo das vias de São Paulo.
Vanderlei retribuía, acenando e
desenhando corações no ar.
Selou a saída da avenida onde
promete retornar para disputar
a prova como atleta amador
com um beijo no asfalto.
"Estou muito feliz, é muito
bom sair pela porta da frente",
declarou emocionado.
Era essa "confraternização",
segundo ele, o seu grande objetivo na 84ª edição da São Silvestre, pois, após três meses sem
treinar devido a uma inflamação no púbis, voltou à ativa há
apenas quatro semanas.
"Foi uma corrida tão descontraída que eu mesmo me surpreendi com o tempo que fiz.
Não estava buscando marcas,
mas estava em um momento
tão bom que realmente superei
minhas expectativas", disse.
O medalhista de bronze na
maratona da Olimpíada de Atenas-2004 -onde foi vítima do
ex-padre irlandês que o deteve
durante a prova que liderava,
prejudicando sua performance- afirmou já encarar o tempo
de outra forma a partir de hoje.
Nada de relógio pressionando, de cobranças pela melhor
performance, de contar os dias
para poder treinar forte após
uma lesão. Tudo isso ficou apenas na lembrança.
"Um ciclo foi encerrado. Agora quero curtir esse esporte de
uma forma muito mais tranquila", afirmou o atleta, que
promete repassar sua experiência aos mais novos.
O descompromisso com o
pódio ele já havia assumido antes da sua última prova. Avisara
que correria somente para
completá-la. Ficou com o 102º
lugar na competição.
Seu melhor resultado na São
Silvestre foi conquistado em
1996, quando ficou com a terceira colocação. O pior havia sido em 2005, ano em que encerrou o percurso em 14º lugar.
Vanderlei disputa a prova de
rua mais famosa do país desde
1989.
(GIULLIANA BIANCONI, MARIANA BASTOS, RENAN CACIOLI)
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