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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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FUTEBOL

Clássico invertido

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Que me perdoem os torcedores do São Paulo e da Portuguesa Santista, mas o confronto que promete ser o mais quente deste primeiro semestre, pelo menos em São Paulo, é a semifinal Corinthians x Palmeiras.
Para começar, será possivelmente a única vez que os arqui-rivais paulistas se enfrentarão neste ano, por conta do rebaixamento do Palmeiras à segunda divisão do Brasileiro.
Os torcedores corintianos manifestaram claramente sua preferência pelo Palmeiras como adversário nas semifinais, no lugar do São Caetano. Em parte porque o time do ABC, teoricamente, seria um oponente mais forte -afinal, venceu todas as seis partidas da fase de classificação, enquanto o Palmeiras passou raspando para as quartas-de-final.
Mas a razão principal da preferência dos corintianos foi, claro, a rivalidade histórica.
As circunstâncias em que ocorrerá o grande clássico invertem, ironicamente, a configuração que o confronto assumiu nos anos 60 e início dos 70. Naquela época, o Palmeiras era a "Academia", que tinha em Ademir da Guia seu grande maestro e no toque de bola refinado o seu diferencial.
Era a única equipe capaz de desafiar ocasionalmente a hegemonia do Santos de Pelé.
O Corinthians, por sua vez, buscava superar o longo jejum de título recorrendo ao improviso, ao desespero e a um certo messianismo. Era o time da garra, da paixão, da torcida delirante.
Hoje a situação é inversa. Desde os títulos do biênio 98-99, e sobretudo a partir da era Parreira, o Corinthians se tornou uma equipe mais serena e equilibrada, enquanto o Palmeiras, traumatizado por sucessivos desastres, virou o time da garra, das romarias, das bandeiras de Nossa Senhora.
Foi esse o clima, por exemplo, que animou a equipe verde na épica vitória de quarta-feira sobre o São Caetano no estádio Anacleto Campanella.
Com um jogador a menos durante a maior parte do jogo, precisando da vitória no campo do adversário, o Palmeiras resistiu a um verdadeiro bombardeio do Azulão (sobretudo no primeiro tempo), se desdobrou em campo e, surpreendendo a si próprio, meteu dois gols de vantagem sobre o time do aproveitamento 100%.
Vitória que se deveu às defesas espetaculares de Marcos, à incansável versatilidade de Magrão e à esperteza de Thiago Gentil.
Mas foi, sobretudo, uma vitória de Jair Picerni, com o doce sabor da vingança. Demitido do São Caetano por ter caído em três finais seguidas (duas no Brasileiro e uma na Libertadores), o treinador impediu seu ex-clube de chegar a mais uma semifinal. Ou seja: depois da saída de Picerni, o Azulão nunca mais ficou entre os quatro primeiros de um torneio.
E a vitória de quarta-feira teve claramente o dedo do técnico. Ao colocar Correa e Thiago Gentil na segunda etapa, Jair Picerni habilitou o time a explorar os contra-ataques que o São Caetano, no afã de furar o bloqueio alviverde, passou a proporcionar. E correu para o abraço.

Falta adrenalina
O São Paulo venceu com folga o Santo André, mas não convenceu nem mesmo sua torcida, que voltou a vaiar a equipe. Em parte por uma certa birra (pouco justificada) do torcedor contra Oswaldo de Oliveira, em parte porque o futebol apresentado pelo time tricolor não tem inspirado confiança. Será preciso que a equipe vibre mais para passar pela Briosa e chegar à final do Paulista-2003.

"Trio de ouro"
Marcelinho Carioca está voltando a brilhar, agora no Vasco. Já marcou pelo menos dois golaços ao seu melhor estilo. Com a iminente volta de Marques ao time, fica a dúvida: o "trio de ouro" (Marques, Petkovic e Marcelinho) vai conseguir se entender ou sucumbirá à fogueira das vaidades?

E-mail jgcouto@uol.com.br


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