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Namorada tira do Pan-07 melhor "pitcher" do Brasil, que vive sonho americano
Frank Gunn - 25.fev.07/Associated Press
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Jo Matumoto (à frente) se exercita durante treino de pré-temporada do canadense Toronto Blue Jays em Dunedin, na Flórida
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um veterano com algo a provar. Uma namorada obstinada.
Um agente esportivo consagrado. O sonho de ir à MLB, a
liga de beisebol dos EUA.
Esse é o trailer de uma história que transformou o Pan do
Rio em passado para o "pitcher" (lançador) Jo Matumoto, 36, principal jogador da seleção brasileira de beisebol e,
como boa parte do time nacional, descendente de japoneses.
Em uma idade avançada, ele
conseguiu um contrato com o
Toronto Blue Jays, do Canadá.
No acordo, tem a garantia de
que jogará, no mínimo, na 3A
(a segunda divisão de lá).
A grande chance, porém, está na pré-temporada. Se mostrar qualidade, poderá ser puxado para a MLB. O primeiro
teste é hoje, contra o Boston
Red Sox. Caso fique mesmo,
dificilmente atuará no Pan.
"Tenho chances reais, porque eles estão com poucos arremessadores canhotos", afirma o paulistano. "O Pan é um
sonho difícil, mas, quando eu
estava aí, a CBBS [Confederação Brasileira de Beisebol e
Softbol] estava contra mim.
Agora me procuram?"
A história começa no início
de 2006, quando o atleta, melhor jogador do Sul-Americano de 2005, viajou para o Japão recomendado pela CBBS.
Pela terceira vez, tentava entrar na principal liga de lá.
"Fui a contragosto e avisei
que, se não fosse bom, não ia ficar. Quando cheguei lá e vi que
o time que iria me contratar
não iria me aproveitar na equipe principal, voltei na segunda
semana. Não tinha multa."
Recriminado, segundo diz,
chegou a ser banido da seleção,
acusado de fechar o mercado
que mais recebe brasileiros.
O técnico do Brasil, Mitsuyoshi Sato, afirma que não
houve punição. "Pedimos desculpas ao time e ficou tudo
bem. Se ele ficar nos EUA, vamos requisitar sua presença."
Foi aí que entrou a namorada, a advogada Fernanda de
Luca, 25. "Eu o via muito triste
e perguntei qual era o sonho
dele, que me dissesse qualquer
coisa. Ele respondeu que era
jogar nos EUA, e eu fui atrás."
Desde novembro passado,
Fernanda mandou e-mails até
chegar ao empresário Randy
Hendricks, 62. Pedia um teste,
em qualquer lugar, para Jo.
"A eloqüência da carta dela
me agarrou", diz Hendricks.
"Era o tipo de história que vai
direto ao coração, um cara
treinando por conta própria."
E ajudou. Avisou a todos os
times da liga que Jo faria uma
exibição, enquanto o casal
vendeu carro, pegou o dinheiro da festa de casamento e foi
para os EUA. Cerca de 20
olheiros viram um nervoso Jo
arremessar, e, mesmo sem
atingir sua melhor velocidade,
o desempenho agradou a Sal
Butera, dos Blue Jays. "Gostei
dele. Tem boas chances contra
um [rebatedor] canhoto."
O casal espera o final feliz.
Fernanda, que agora até entende de beisebol, trabalha na
empresa de Hendricks, mirando atletas latino-americanos.
O casório? Confirmado. "Não
vou arrumar nenhuma mulher
melhor que essa", diz Jo.
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