São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2007

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Namorada tira do Pan-07 melhor "pitcher" do Brasil, que vive sonho americano

Frank Gunn - 25.fev.07/Associated Press
Jo Matumoto (à frente) se exercita durante treino de pré-temporada do canadense Toronto Blue Jays em Dunedin, na Flórida

MÁRVIO DOS ANJOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Um veterano com algo a provar. Uma namorada obstinada. Um agente esportivo consagrado. O sonho de ir à MLB, a liga de beisebol dos EUA.
Esse é o trailer de uma história que transformou o Pan do Rio em passado para o "pitcher" (lançador) Jo Matumoto, 36, principal jogador da seleção brasileira de beisebol e, como boa parte do time nacional, descendente de japoneses.
Em uma idade avançada, ele conseguiu um contrato com o Toronto Blue Jays, do Canadá. No acordo, tem a garantia de que jogará, no mínimo, na 3A (a segunda divisão de lá).
A grande chance, porém, está na pré-temporada. Se mostrar qualidade, poderá ser puxado para a MLB. O primeiro teste é hoje, contra o Boston Red Sox. Caso fique mesmo, dificilmente atuará no Pan.
"Tenho chances reais, porque eles estão com poucos arremessadores canhotos", afirma o paulistano. "O Pan é um sonho difícil, mas, quando eu estava aí, a CBBS [Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol] estava contra mim. Agora me procuram?"
A história começa no início de 2006, quando o atleta, melhor jogador do Sul-Americano de 2005, viajou para o Japão recomendado pela CBBS. Pela terceira vez, tentava entrar na principal liga de lá.
"Fui a contragosto e avisei que, se não fosse bom, não ia ficar. Quando cheguei lá e vi que o time que iria me contratar não iria me aproveitar na equipe principal, voltei na segunda semana. Não tinha multa."
Recriminado, segundo diz, chegou a ser banido da seleção, acusado de fechar o mercado que mais recebe brasileiros.
O técnico do Brasil, Mitsuyoshi Sato, afirma que não houve punição. "Pedimos desculpas ao time e ficou tudo bem. Se ele ficar nos EUA, vamos requisitar sua presença."
Foi aí que entrou a namorada, a advogada Fernanda de Luca, 25. "Eu o via muito triste e perguntei qual era o sonho dele, que me dissesse qualquer coisa. Ele respondeu que era jogar nos EUA, e eu fui atrás."
Desde novembro passado, Fernanda mandou e-mails até chegar ao empresário Randy Hendricks, 62. Pedia um teste, em qualquer lugar, para Jo.
"A eloqüência da carta dela me agarrou", diz Hendricks. "Era o tipo de história que vai direto ao coração, um cara treinando por conta própria."
E ajudou. Avisou a todos os times da liga que Jo faria uma exibição, enquanto o casal vendeu carro, pegou o dinheiro da festa de casamento e foi para os EUA. Cerca de 20 olheiros viram um nervoso Jo arremessar, e, mesmo sem atingir sua melhor velocidade, o desempenho agradou a Sal Butera, dos Blue Jays. "Gostei dele. Tem boas chances contra um [rebatedor] canhoto."
O casal espera o final feliz. Fernanda, que agora até entende de beisebol, trabalha na empresa de Hendricks, mirando atletas latino-americanos. O casório? Confirmado. "Não vou arrumar nenhuma mulher melhor que essa", diz Jo.


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