São Paulo, segunda-feira, 01 de março de 2010

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nove seguidas

Santos faz "gracinha", irrita e vence

Neymar marca um gol, dá passe para outro, perde pênalti, cava amarelo para corintiano e é destaque na Vila Belmiro

Santos 2
Corinthians 1


LUCAS REIS
PAULO GALDIERI
ENVIADOS ESPECIAIS A SANTOS

Antes do clássico, a ausência de Robinho diante do Corinthians era lastimada pelos santistas. Depois da nona vitória seguida do time, líder isolado do Paulista, poucos se lembraram que o ídolo não jogou.
Façanha de Neymar.
Novamente com a camisa 7, que cedeu a Robinho, ele fez do duelo na Vila Belmiro seu grande palco. Assim como Ronaldo fizera há quase um ano, no mesmo palco, Neymar foi o destaque. Capitaneou os 2 a 1 do Santos sobre seu maior rival.
E não foi apenas no seu gol que o jovem santista apareceu. Ele fez de tudo. Deu assistência para André marcar o segundo tento do Santos, perdeu pênalti, liderou contragolpes e até cobriu buracos na defesa.
A "molecagem" de Neymar apareceu até quando a bola estava parada. E por duas vezes.
Na primeira, durante a comemoração de seu gol, abrindo o placar, aos 33min do primeiro tempo, quando homenageou o Exército -aos 18, ele se alistou no serviço militar. "Foi para o nosso tenente, que comanda tudo direitinho", brincou.
Na segunda, num lance de atrevimento, deu um chapéu em Chicão, depois que o árbitro já havia parado o lance. "Ele ficou falando que ia vir para cima", simplificou o santista, que com a "gracinha" cavou um amarelo para o defensor.
Mas não foi apenas o zagueiro que se irritou com lances de habilidade do time santista.
Ronaldo, que pouco participou da partida, saiu reclamando do preciosismo santista.
"Com os dois [gols] na frente alguns jovens ficam querendo fazer gracinha", queixou-se o camisa 9 do Corinthians. Mas o Fenômeno excluiu Neymar da lista de "desrespeitosos". "Ele é um dos mais objetivos do Santos. O recado é para os outros que têm muito pela frente e ficam fazendo gracinha."
Paulo Henrique Ganso, um dos mais habilidosos desta nova geração de "Meninos da Vila", rebateu o centroavante.
"Essa movimentação é muito rápida, dá trabalho e faz os Santos ganhar os jogos. O Santos segurou um pouco o jogo, tocou a bola. Ninguém fez firula em campo, não", disse o meia.
A reclamação corintiana, porém, ganhou apoio do técnico Dorival Júnior. "A equipe do Santos é aquela do primeiro tempo. Depois, com dois a mais, houve um relaxamento e falta de objetividade", disse. "E o Neymar não tinha necessidade de fazer aquilo", afirmou Dorival, sobre o lance de seu atacante em cima de Chicão.
O domínio do Santos no clássico ficou evidente desde os primeiros minutos. Com um meio-campo formado com dois meias, o time da Vila dominou o primeiro tempo da partida.
O Corinthians, que voltou a utilizar a formação vitoriosa de 2009, com três atacantes e com Dentinho, autor do único gol corintiano, como titular, não conseguia pressionar a saída de bola do adversário. Mesmo assim, na etapa final esteve perto de empatar, embora jogasse com dois a menos.
Mas também desde o início, a tensão ficou clara. Com menos de um minuto de partida, uma entrada de Ganso em Ronaldo, que acabara de dar a saída, acirrou os ânimos.
As duas expulsões, de Roberto Carlos e Moacir, fizeram o Corinthians sair de campo queixando-se muito do árbitro José Henrique de Carvalho.
"Desde o primeiro minuto do jogo fomos prejudicados. Quatro assistentes e um juiz e ninguém vê nada", disse Ronaldo.
Mas quem também reclamou bastante -na medida do possível- foi a torcida do Santos. Feliz com o triunfo, ficou com a impressão de que a equipe deixou passar a oportunidade de devolver a histórica goleada de 7 a 1 para o Corinthians em 2005. Mas isso, Neymar não foi capaz de garantir ontem.


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