São Paulo, segunda-feira, 01 de março de 2010

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Problemas marcam Jogos de Vancouver

Falta de neve, acidentes e transporte geram críticas ao comitê organizador

Enquanto ingleses tacham evento de o pior da história olímpica, Canadá celebra a "união" e COI classifica a competição como excelente

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os Jogos de Inverno de Vancouver, encerrados ontem, deixaram uma boa lição à Olimpíada do Rio, em 2016. Os 39 observadores do comitê organizador carioca acompanharam de perto como os canadenses reagiram à série de problemas operacionais e de infraestrutura que emergiram durante as duas semanas de evento.
Falta de neve, numerosos acidentes nas competições e transporte ruim foram os principais focos de críticas feitas ao Vanoc (Comitê Organizador de Vancouver), sobretudo na primeira semana dos Jogos.
A mídia da Inglaterra, que sediará a próxima Olimpíada, classificou Vancouver-10 como a pior da história, o que irritou o Vanoc e o COI (Comitê Olímpico Internacional).
"Tentamos arduamente enxergar os problemas sob a ótica das críticas", disse John Furlong, executivo-chefe do Vanoc. "Se havia a mais insignificante imperfeição, tentamos resolvê-la e fazer melhorias."
Antes mesmo de a pira olímpica ser acesa, a morte de um atleta do luge em um treino na pista de Whistler, considerada a mais rápida do mundo, ofuscou a cerimônia de abertura.
A Federação Internacional de Luge atribuiu o acidente a um "erro humano", cometido pelo atleta morto, Nodar Kumaritashvili, e não a um problema no traçado. Apesar de ter sido modificada para aumentar a segurança, a pista foi criticada.
Durante os Jogos, pelo menos 30 acidentes aconteceram no tobogã, onde também houve disputas de skeleton e bobsled.
Uma equipe holandesa de bobsled não competiu. "Das quatro descidas que fiz, quase morri em duas. Foi o suficiente", disse Edwin van Calker.
Vancouver ainda teve de lidar com a falta de neve, que foi responsável por adiamentos no esqui alpino e causou prejuízos financeiros à organização.
Por falta de segurança, os organizadores cancelaram milhares de ingressos vendidos para snowboard e esqui estilo livre, na montanha de Cypress, e acumularam um prejuízo de cerca de R$ 2,4 milhões. Gastaram ainda mais para levar neve artificial ao topo da montanha.
Até mesmo a pira olímpica rendeu problemas. Na cerimônia de abertura, uma das quatro hastes que formavam a pira não emergiu do solo. A chama acabou sendo acesa somente com os três braços que se ergueram.
Dias depois, o Vanoc colocou cercas de segurança, semelhantes a de uma penitenciária, ao seu redor. Após mais críticas, o comitê local abriu uma "janela" entre as grades para fotos.
Ainda foram registrados graves problemas em competições. Erros na cronometragem prejudicaram alguns atletas do biatlo. A federação atribuiu as falhas a voluntários inexperientes e um de seus oficiais disse que fora o pior momento da história da modalidade.
Nos primeiros dias do evento, torcedores, atletas e jornalistas sofreram com os ônibus. Uma das estrelas locais, a esquiadora Jenn Heil, foi vítima da falha quando o ônibus que pegou para treinar quebrou duas vezes em dias seguidos.
O comitê reagiu e colocou cem ônibus adicionais nas ruas.
A imagem de "Jogos limpos" também foi arranhada. Até anteontem, não havia sido registrado nenhum caso de doping. Mas ontem, o COI anunciou que Lubomir Visnovsk, jogador eslovaco de hóquei, foi flagrado com pseudoefedrina na urina.
Apesar de tudo, o Vanoc fez um balanço positivo. John Furlong disse que, com as respostas emergenciais, a organização se recuperou na semana final.
O dirigente elencou a unificação nacional como o principal ponto positivo dos Jogos.
Para Furlong, o entusiasmo com o evento uniu um país com divisões étnicas e linguísticas.
Já o presidente do COI, Jacques Rogge, qualificou os Jogos de Vancouver como excelentes.


Com agências internacionais

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