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Problemas marcam Jogos de Vancouver
Falta de neve, acidentes e transporte geram críticas ao comitê organizador
Enquanto ingleses tacham evento de o pior da história olímpica, Canadá celebra a "união" e COI classifica a competição como excelente
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os Jogos de Inverno de Vancouver, encerrados ontem, deixaram uma boa lição à Olimpíada do Rio, em 2016. Os 39 observadores do comitê organizador carioca acompanharam de
perto como os canadenses reagiram à série de problemas
operacionais e de infraestrutura que emergiram durante as
duas semanas de evento.
Falta de neve, numerosos
acidentes nas competições e
transporte ruim foram os principais focos de críticas feitas ao
Vanoc (Comitê Organizador de
Vancouver), sobretudo na primeira semana dos Jogos.
A mídia da Inglaterra, que sediará a próxima Olimpíada,
classificou Vancouver-10 como
a pior da história, o que irritou
o Vanoc e o COI (Comitê Olímpico Internacional).
"Tentamos arduamente enxergar os problemas sob a ótica
das críticas", disse John Furlong, executivo-chefe do Vanoc. "Se havia a mais insignificante imperfeição, tentamos
resolvê-la e fazer melhorias."
Antes mesmo de a pira olímpica ser acesa, a morte de um
atleta do luge em um treino na
pista de Whistler, considerada
a mais rápida do mundo, ofuscou a cerimônia de abertura.
A Federação Internacional
de Luge atribuiu o acidente a
um "erro humano", cometido
pelo atleta morto, Nodar Kumaritashvili, e não a um problema no traçado. Apesar de ter sido modificada para aumentar a
segurança, a pista foi criticada.
Durante os Jogos, pelo menos 30 acidentes aconteceram
no tobogã, onde também houve
disputas de skeleton e bobsled.
Uma equipe holandesa de
bobsled não competiu. "Das
quatro descidas que fiz, quase
morri em duas. Foi o suficiente", disse Edwin van Calker.
Vancouver ainda teve de lidar com a falta de neve, que foi
responsável por adiamentos no
esqui alpino e causou prejuízos
financeiros à organização.
Por falta de segurança, os organizadores cancelaram milhares de ingressos vendidos para
snowboard e esqui estilo livre,
na montanha de Cypress, e acumularam um prejuízo de cerca
de R$ 2,4 milhões. Gastaram
ainda mais para levar neve artificial ao topo da montanha.
Até mesmo a pira olímpica
rendeu problemas. Na cerimônia de abertura, uma das quatro
hastes que formavam a pira não
emergiu do solo. A chama acabou sendo acesa somente com
os três braços que se ergueram.
Dias depois, o Vanoc colocou
cercas de segurança, semelhantes a de uma penitenciária, ao
seu redor. Após mais críticas, o
comitê local abriu uma "janela"
entre as grades para fotos.
Ainda foram registrados graves problemas em competições. Erros na cronometragem
prejudicaram alguns atletas do
biatlo. A federação atribuiu as
falhas a voluntários inexperientes e um de seus oficiais
disse que fora o pior momento
da história da modalidade.
Nos primeiros dias do evento, torcedores, atletas e jornalistas sofreram com os ônibus.
Uma das estrelas locais, a esquiadora Jenn Heil, foi vítima
da falha quando o ônibus que
pegou para treinar quebrou
duas vezes em dias seguidos.
O comitê reagiu e colocou
cem ônibus adicionais nas ruas.
A imagem de "Jogos limpos"
também foi arranhada. Até anteontem, não havia sido registrado nenhum caso de doping.
Mas ontem, o COI anunciou
que Lubomir Visnovsk, jogador
eslovaco de hóquei, foi flagrado
com pseudoefedrina na urina.
Apesar de tudo, o Vanoc fez
um balanço positivo. John Furlong disse que, com as respostas emergenciais, a organização
se recuperou na semana final.
O dirigente elencou a unificação nacional como o principal ponto positivo dos Jogos.
Para Furlong, o entusiasmo
com o evento uniu um país com
divisões étnicas e linguísticas.
Já o presidente do COI, Jacques Rogge, qualificou os Jogos
de Vancouver como excelentes.
Com agências internacionais
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