São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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FUTEBOL

Técnico já deixou dez jogadores pelo caminho desde que voltou ao cargo

Discreto, Parreira encosta atletas e cria outra seleção

DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

Bem ao seu estilo discreto, Carlos Alberto Parreira mudou bastante a cara do elenco da seleção brasileira. Do grupo chamado pelo treinador para a sua estréia no time nacional, contra a China, em fevereiro do ano passado, dez jogadores não estão na delegação que participou do 0 a 0 de ontem com o Paraguai pelas eliminatórias da Copa de 2006.
Ficaram pelo caminho antigos xodós do técnico e de seu guru Zagallo, revelações e até medalhões da conquista do penta.
Estão na lista nomes como Denílson, Emerson, Flávio Conceição, Anderson Polga, Amoroso e agora o desempregado Rivaldo.
Os seis estiveram em Guangzhou no ano passado e estão, por enquanto, fora dos planos de Parreira para o time nacional.
"Mudar peças é uma coisa que está ocorrendo com calma e tranqüilidade", diz o treinador sobre as alterações em pequenas doses que faz no elenco da seleção.
Para fazer a última delas, Parreira contou com a inusitada situação de Rivaldo. O técnico nunca escondeu seu entusiasmo por Kaká, mas só efetivou o milanista no time titular depois que Rivaldo abandonou o Cruzeiro e ficou sem jogar, condição que o afastou da seleção. "O Kaká cresceu demais", afirma o treinador sobre o seu novo preferido no ataque.
Mas o caso mais emblemático aconteceu com o volante Emerson. Depois de ser cortado por lesão na véspera da estréia brasileira na Copa-02, o jogador da Roma ganhou status de intocável com o novo comando da seleção, já que o coordenador Zagallo o levou, quando ainda era um novato, para a Copa da França. Ele também sempre foi elogiado por Parreira.
Mas, sob forte bombardeio de alguns críticos e torcedores, o volante acabou sacado do time titular e perdeu a paciência. Cansado de ser apontado como violento e sem técnica, Emerson pediu dispensa do amistoso contra a Irlanda, mas jogou sem problema algum pela Roma. Com esse ato, mostrou que não faz mais questão de ser convocado.
Outro que sempre esteve no coração da dupla Parreira e Zagallo e não freqüenta mais a lista de convocados é o atacante Denílson, que tanto na Copa de 1998 quanto na de 2002 era a arma brasileira para o segundo tempo. O volante Flávio Conceição, que igualmente sempre foi elogiado pelo atual comando da seleção, também está riscado dos planos.
Apesar de ainda manter a base do time pentacampeão, Parreira descartou um punhado de atletas que serviram a Luiz Felipe Scolari em campos da Coréia do Sul e Japão -entre eles o goleiro Rogério, o zagueiro Anderson Polga e os atacantes Luizão e Edílson.
Parreira deixa claro que suas alterações não têm caráter provisório. "Minha vivência diz que seleção não é lugar para experiência, mas para mudanças, o que é bem diferente." (PAULO COBOS)

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