São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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AÇÃO

Guerra dos sexos

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Na entrevista publicada na revista "Trip", o atual campeão mundial de surfe da divisão de acesso, Neco Padaratz, declara que não sente mais necessidade de ganhar o WCT (a primeira divisão), porque acha o WQS mais difícil. Claro que suas palavras visam valorizar a conquista e aliviar a cobrança que recai sobre ele, visto como o brasileiro com mais chances de chegar ao topo da elite.
Mas nas últimas semanas sua afirmação foi mais verdadeira do que nunca. Com três etapas fortes do WQS entre as duas inaugurais do WCT, os melhores do mundo permaneceram na Austrália, competindo no WQS contra uma legião de jovens pretendentes a uma vaga na elite, e até mulher entrou na disputa.
Os 20 mil espectadores que lotaram a praia de Newcastle para acompanhar as finais da etapa do WQS no fim de semana passado foram testemunhas oculares da histórica disputa entre o bicampeão mundial Andy Irons e a hexacampeã do circuito feminino, Layne Beachley. O mano a mano estava sendo noticiado há mais de um mês, desde que a surfista australiana aceitou o wild card oferecido pela associação para se tornar a primeira mulher a disputar profissionalmente contra homens. O wild card garantiu a ela acesso direto a uma fase avançada na mesma bateria em que o atual rei do circuito, o havaiano Andy Irons, faria sua estréia.
A antecipação do duelo levou uma multidão ao anfiteatro natural que é a praia de Newcastle. Mas, para espanto geral, de cara tanto Irons quanto Beachley saíram da competição que distribuía US$ 100 mil em prêmios.
Os culpados foram o neozelandês Bebe Durbidge e o brasileiro Bernardo Pigmeau, que ficaram com as melhores ondas e pontuações da bateria, que teve Durbidge em primeiro (15,17 pontos), seguido por Pigmeau (10,10), Irons (9,37) e Beachley (6,36).
Com a frustrante e antecipada saída de ambos, ficou fácil para o também hexacampeão Kelly Slater, 32, faturar seu primeiro título em Newcastle e emendar duas vitórias seguidas no WQS, garantindo a ele, nas duas semanas de "trabalho", premiação de US$ 22 mil. De quebra, Slater, que compete em Newcastle desde os 18 anos sem nunca ter vencido, ainda tirou um "perfeito 10" pouco antes de quebrar acidentalmente sua prancha favorita a cinco minutos do final da bateria.
Foi obrigado a remar freneticamente para a areia sobre metade da prancha, pegar outra e voltar para a água a fim de garantir a vitória. Acabou com 18,10 pontos de um total possível de 20 e com mais um troféu para sua coleção.
Depois, disse que a badalação em cima da guerra dos sexos aliviou a pressão de seus ombros. O alagoano Tânio Barreto foi o brasileiro mais bem colocado, ficando na quarta posição.
Após essa etapa, o ranking do WQS voltou a ser liderado pelo brasileiro Marcelo Nunes, com Neco Padaratz em oitavo. Mais de 300 surfistas competiram no WQS de Newcastle, e o resultado e a história toda da etapa ajudam a provar que a declaração de Neco não foi tão tendenciosa assim.

Mais WQS
Kelly Slater não foi a Margareth River, primeiro seis estrelas do ano, para treinar em Bells, onde acontece a segunda etapa do WCT. Perdeu as melhores e maiores (15 a 18 pés) ondas da perna australiana.

Surfe na pororoca
Picuruta, o big rider californiano Peter Mel e o shaper Gary Linden estão no Amapá para gravar um documentário para uma TV canadense na próxima lua cheia.

Mundial de wakeboard
Começa amanhã na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, a primeira das seis etapas do primeiro circuito da modalidade. Paralelamente estarão sendo disputados o Brasileiro e o Latino-Americano.

E-mail sarli@trip.com.br


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