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AÇÃO
Guerra dos sexos
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Na entrevista publicada
na revista "Trip", o atual
campeão mundial de surfe da divisão de acesso, Neco Padaratz,
declara que não sente mais necessidade de ganhar o WCT (a primeira divisão), porque acha o
WQS mais difícil. Claro que suas
palavras visam valorizar a conquista e aliviar a cobrança que recai sobre ele, visto como o brasileiro com mais chances de chegar
ao topo da elite.
Mas nas últimas semanas sua
afirmação foi mais verdadeira do
que nunca. Com três etapas fortes
do WQS entre as duas inaugurais
do WCT, os melhores do mundo
permaneceram na Austrália,
competindo no WQS contra uma
legião de jovens pretendentes a
uma vaga na elite, e até mulher
entrou na disputa.
Os 20 mil espectadores que lotaram a praia de Newcastle para
acompanhar as finais da etapa do
WQS no fim de semana passado
foram testemunhas oculares da
histórica disputa entre o bicampeão mundial Andy Irons e a hexacampeã do circuito feminino,
Layne Beachley. O mano a mano
estava sendo noticiado há mais
de um mês, desde que a surfista
australiana aceitou o wild card
oferecido pela associação para se
tornar a primeira mulher a disputar profissionalmente contra
homens. O wild card garantiu a
ela acesso direto a uma fase avançada na mesma bateria em que o
atual rei do circuito, o havaiano
Andy Irons, faria sua estréia.
A antecipação do duelo levou
uma multidão ao anfiteatro natural que é a praia de Newcastle.
Mas, para espanto geral, de cara
tanto Irons quanto Beachley saíram da competição que distribuía
US$ 100 mil em prêmios.
Os culpados foram o neozelandês Bebe Durbidge e o brasileiro
Bernardo Pigmeau, que ficaram
com as melhores ondas e pontuações da bateria, que teve Durbidge em primeiro (15,17 pontos), seguido por Pigmeau (10,10), Irons
(9,37) e Beachley (6,36).
Com a frustrante e antecipada
saída de ambos, ficou fácil para o
também hexacampeão Kelly Slater, 32, faturar seu primeiro título
em Newcastle e emendar duas vitórias seguidas no WQS, garantindo a ele, nas duas semanas de
"trabalho", premiação de US$ 22
mil. De quebra, Slater, que compete em Newcastle desde os 18
anos sem nunca ter vencido, ainda tirou um "perfeito 10" pouco
antes de quebrar acidentalmente
sua prancha favorita a cinco minutos do final da bateria.
Foi obrigado a remar freneticamente para a areia sobre metade
da prancha, pegar outra e voltar
para a água a fim de garantir a
vitória. Acabou com 18,10 pontos
de um total possível de 20 e com
mais um troféu para sua coleção.
Depois, disse que a badalação
em cima da guerra dos sexos aliviou a pressão de seus ombros. O
alagoano Tânio Barreto foi o brasileiro mais bem colocado, ficando na quarta posição.
Após essa etapa, o ranking do
WQS voltou a ser liderado pelo
brasileiro Marcelo Nunes, com
Neco Padaratz em oitavo. Mais
de 300 surfistas competiram no
WQS de Newcastle, e o resultado e
a história toda da etapa ajudam
a provar que a declaração de Neco não foi tão tendenciosa assim.
Mais WQS
Kelly Slater não foi a Margareth River, primeiro seis estrelas do ano,
para treinar em Bells, onde acontece a segunda etapa do WCT. Perdeu as melhores e maiores (15 a 18 pés) ondas da perna australiana.
Surfe na pororoca
Picuruta, o big rider californiano Peter Mel e o shaper Gary Linden
estão no Amapá para gravar um documentário para uma TV canadense na próxima lua cheia.
Mundial de wakeboard
Começa amanhã na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, a primeira das
seis etapas do primeiro circuito da modalidade. Paralelamente estarão sendo disputados o Brasileiro e o Latino-Americano.
E-mail sarli@trip.com.br
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