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FUTEBOL
Todo mundo sabe
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Existem coisas que todo
mundo sabe e parece que finge não saber até uma câmera escondida fazer um escândalo na
TV. Casos de corrupção, por
exemplo -duvido que alguém
tenha passado a vida toda sem
participar de um "acordo" ou
presenciar uma caixinha para
um fiscal ou um guarda de trânsito. Estamos tão acostumados e
imersos nesse sistema corrompido
que reclamamos dos corruptos,
mas estranhamos e desafiamos os
incorruptíveis ("Pô, amigo, quebra um galho") e esperneamos se
formos punidos ("Tantos roubando milhões..."). Tudo errado.
Ano passado, Torero escreveu
sobre a evasão de renda na Vila
Belmiro. Ninguém contou, ele
mesmo viu: o "pagante" entregava os ingressos mas passava ao lado da catraca. Quem freqüenta
estádios já cansou de ver cenas
assim. Há esforços para modernizar o processo, mas não por parte
de quem ganha com a bagunça.
Além das cenas que nós mesmos
acompanhamos, existem os depoimentos reveladores de boys,
motoristas, secretárias, telefonistas, faxineiros... Personagens importantes no desmanche de estruturas viciadas muito antes de se
inventarem os grampos telefônicos. Tempos atrás, um deles contou o que presenciou em uma
agência bancária: um empresário
de jogador de futebol insistia para
que o cheque do salário do atleta
fosse devolvido -apesar de ter
fundos. Os funcionários do banco
se negaram a fazê-lo, e o agente
ficou furioso, dizendo que por culpa deles perderia milhões. É fácil
entender por quê: se ele "provasse" que o jogador estava sem receber, o contrato com o clube poderia ser rescindido sem multa. Um
escândalo. Por coisas assim, dizem que "empresário nenhum
presta". Os honestos pagam pelos
outros. Não dá para continuar assim. É preciso mudar o que todo
mundo sabe que tem de mudar.
Que desânimo. Os astros incontestáveis, testados e aprovados
nos gramados pelo mundo, estimados por 90% dos torcedores,
erram passes, dribles, lançamentos e finalizações com a camisa da
seleção. Fica difícil saber se eles
não jogam bem porque o esquema não ajuda ou se esquema nenhum funciona quando os principais jogadores não vão bem.
Ronaldinho, Ronaldo e Kaká
não se entenderam, tampouco
com o resto do time. Será que os
jogadores de meio-campo não se
aproximaram dos três como poderiam (ou deveriam) por insegurança, excesso de respeito, de confiança na capacidade deles ou por
ordens do Parreira? Ele enfatizou
a liberdade que o trio teria e talvez tenha insistido demais com os
outros sobre a importância da
marcação. O fato é que Zé Roberto, Renato e os laterais trabalharam pouco com o ataque. Com
Juninho, o time se soltou mais.
Sem tempo para treinar, é importante que as conversas sobre o
jogo sejam muito acertadas. Tenho dúvidas se têm sido. É preciso
dizer que seleção nenhuma tem
convencido. Começo a desconfiar
que, com esse calendário, não tem
como dar certo.
Fofoqueiros
Milene Domingues sempre disse que considerava Zidane o
melhor do mundo -"eu o admiro especialmente por jogar
na minha posição", explicou,
muito tempo atrás, ao eleger
seus favoritos em campo. Mas a
escolha do francês em uma entrevista à Sportv foi tratada em
toda parte como picuinha contra o ex-marido. Depois mulher
é que gosta de mexerico.
Lástima
Torcedores do Paulista que não
têm nada a ver com as barbaridades cometidas em Jundiaí ficarão longe do time na semifinal. Mas outros clubes já perderam o mando por incidentes
menos graves; é preciso cumprir a lei. E tirar de circulação os
arruaceiros que todo mundo
conhece.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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