São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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Motorista fez fama ao pôr ídolo no banco

DA SUCURSAL DO RIO

O motorista David Moura Veiga, 44, foi um dos poucos a colocar o atacante Romário no banco de reservas. Três anos mais velho que o vascaíno, Veiga era titular absoluto no Estrelinha, time criado nos anos 70 pelo pai do jogador na Vila da Penha, zona norte do Rio.
Longe da velha forma física, o motorista é famoso no bairro pelo feito. ""Não gosto de falar disto. Aconteceu, mas deixa para lá. O que vou ganhar contando esta historinha? O Romário está milionário, é craque e vai fazer o milésimo gol. Eu vivo ainda por aqui", disse Veiga, cercado de amigos no ponto final da linha de transporte alternativo em que atua na Penha.
De chinelo, short e camiseta, ele trabalha oito horas diárias para ganhar cerca de R$ 1.000 mensais com a sua Kombi.
Destaque do Estrelinha, foi das categorias de base do Botafogo e do Vasco, mas deixou o futebol depois da morte do pai.
""Tinha 18 anos e tive que abandonar a minha paixão para trabalhar como bicheiro. Esta é a maior tristeza da minha vida. Depois, nunca mais joguei", disse Veiga, quase um clone do sambista Zeca Pagodinho.
Apesar da resistência de falar sobre o tempo que Romário ficava no banco, ele deixa escapar outras passagens do vascaíno como seu reserva.
""Quando o Romário ainda era juvenil, ele levou o pessoal daqui para jogar uma partida de futsal valendo dinheiro no Méier. Ele começou no time e tomamos dois gols de início. Olhamos um para o outro e decidimos tirar o Romário, que nem ligou. No final, vencemos por 4 a 2, e ele saiu feliz, porque não tomou prejuízo."
Como profissional, Romário ficou pouco na reserva e sempre demostrou irritação quando isto acontecia. Em 1992, discutiu com Carlos Alberto Parreira ao ficar no banco num amistoso da seleção brasileira em Porto Alegre. Foi afastado e só voltou na partida final da eliminatória para a Copa de 94.
""Sempre foi bom. Criança, já fazia gol de bicicleta. O mais bonito da vida dele pouca gente viu. Foi em Jacarepaguá. Ele driblou o goleiro seis vezes. No final, até o time adversário dava risada da jogada. Ele é gênio", conta Veiga. (SR)


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