São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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FUTEBOL

Baresi, homem a homem


Lendário zagueiro não chora a reserva em 1982, a sorte do rival em 1993, o pênalti em 1994, só "ligação" com a Inter


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

"É LÓGICO que sentia. Mas, em uma situação como aquela, como capitão, não podia recuar e deixar a responsabilidade para outros. E me sentia apto a bater." Assim falou Franco Baresi sobre o seu maior pecado.
Conversei com o maior líbero que vi jogar. É desses encontros de mexer com a cabeça e o passado. Tenho até hoje minha camisa do Milan dos anos 80, com Mediolanum escrito. Quando cumprimentei Baresi, me arrependi por não ter levado a camisa para pedir autógrafo, mas meu lado jornalista falou mais alto (e a camisa tem hoje um buraco na axila).
"É claro que marca [perder um pênalti na final da Copa]. Sabia que era o meu último mundial. Mas não ficou uma coisa tão negativa como algumas pessoas pensam", falou o ex-zagueiro que é quase cinquentão. Seguindo nos fracassos, pedi que ele falasse sobre aquele Milan 2 x 3 São Paulo no Mundial de 1993.
Teria sido sorte são-paulina aquele gol espírita de Muller nas costas da mais sensacional defesa do Milan? "O São Paulo jogou muito bem e tinha grandes jogadores. Não foi sorte. Nós teríamos vencido se tivéssemos aproveitado melhor as chances que apareceram. Mas não estávamos no nosso melhor fisicamente."
Curioso que, ao encontrar Stoichkov há cerca de dez dias na África do Sul, ele falou algo parecido sobre o Barcelona de 1992. "O São Paulo mereceu [os 2 a 1], foi melhor que a gente no segundo tempo. Mas nós tivemos poucas horas no Japão."
Baresi não é homem de lamentar. Não reclama da reserva na Copa de 1982. "Ter jogado ou não é uma questão menor. Foi bom estar com tantos jogadores bons. O Brasil jogava muito, era espetacular, mas, se não venceu, é porque faltou alguma coisa", disse ele, convicto de que o futebol italiano só fez bem ao brasileiro. "Falcão jogava na Itália, mas só ele. O Brasil hoje aprendeu porque tem muitos jogadores na Itália. O Brasil devia agradecer a Itália."
Thiago Silva? "Grande zagueiro. Tem jogado muito." Digão? "Chegou cru. Trabalhei com ele, que evoluiu bastante. Não jogou no Milan só por ser irmão de Kaká." Ronaldinho? "Não brilha como no Barcelona. Esteve mal em 2009. Neste ano, melhorou." E Leonardo? "Ele não planejou ser técnico, aconteceu." Baresi é calmo embaixador. Só pulou da cadeira quando perguntei se torcia para a Inter quando bambino. "Não, sempre fui Milan. Fiz teste na Inter só por causa do meu irmão."

NOTAS DA COPA-1974
1º Holanda 10
2º Alemanha Ocidental 9
3º Polônia 7
4º Brasil e Suécia 6
6º Alemanha Oriental, Escócia e Iugoslávia 5
9º Argentina e Itália 3
11º Bulgária, Chile e Uruguai 2
14º Austrália e Haiti 1
16º Zaire 0

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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