São Paulo, domingo, 01 de maio de 2005

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AUTOMOBILISMO

Jovens pilotos partilham sonhos e pista com seus ídolos no campeonato que dá largada hoje em Interlagos

Molecada mostra a nova cara da Stock Car

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sinônimo de pilotos em fim de carreira e dos que não encontravam lugar no cockpit de um monoposto, a Stock Car dá a largada hoje em Interlagos para sua 27ª temporada com uma cara bem diferente. E com menos rugas.
O sucesso alcançado nos últimos anos -especialmente depois de 2000, quando mudou os carros e ganhou espaço na TV aberta- consolidou a categoria como destino de jovens. De uma geração de pilotos que sonhava em ocupar o lugar de Ingo Hoffmann, e não o de Ayrton Senna.
Filhos de ex-pilotos da Stock, Pedro Gomes, 23, e Thiago Camilo, 20, tiveram inícios de carreira distintos, mas sonhos bem parecidos. Pedro, filho de Paulo Gomes, primeiro campeão da categoria (quatro títulos no total), nunca correu de kart. Quando resolveu pilotar, foi direto para o turismo.
"De acompanhar meu pai, sempre sonhei em correr na Stock", diz. "Percebi que não há necessidade de sair do país para correr."
Filho de Bel Camilo, Thiago começou no kart. Aos 16 anos, pegou o Ômega que o pai não usava e deu início à carreira. Em 2000, estreou na Stock Light. Assim como Pedro, via nos 1,88 m um obstáculo para sentar nos apertados cockpits dos monopostos. "Sempre fui muito alto, e isso acabou me ajudando na decisão por carros maiores", afirma Thiago.
Se para alguns a proximidade com a categoria foi determinante, para outro piloto foi a vizinhança com a F-1 que ajudou a definir seu futuro. Irmão de Tarso Marques, que correu pela Minardi de 1996 a 2001, com alguns intervalos, Thiago se desiludiu com a categoria.
"Vi muito de perto as dificuldades de chegar e de permanecer na F-1. Desde moleque percebi que para estar lá é preciso ter, além de muita qualidade, muita influência", afirma o piloto, 25. "Foi essa proximidade que me afastou."
Mas a desilusão não fez de Thiago Marques um piloto frustrado nem foi sinônimo de uma carreira mediana. Em seu primeiro ano na Stock Light, a categoria de acesso, em 2001, foi campeão com duas etapas de antecedência. Atrás dele, dois rivais que encontra até hoje: Pedro Gomes, em segundo, e Thiago Camilo, em terceiro.
Luis Carreira Jr., 26, é outro que sempre almejou a Stock Car. O despertar de seu desejo é prosaico como o dos demais. "Corria de kart e sempre via aqueles carrões do outro lado do muro, no autódromo", conta, lembrando os dias no kartódromo de Interlagos.
"Acho que com o crescimento da categoria nos últimos anos, os pilotos mais jovens passaram a ver a Stock como um opção."
O desenvolvimento, porém, trouxe alguns problemas. Neste ano, pela primeira vez, haverá mais pilotos que vagas no grid em algumas pistas. Em São Paulo, 40 carros poderão largar. Nas próximas etapas, uma avaliação determinará quantos irão competir.
Os pilotos que tiverem corrido pelo menos dez provas em 2004 têm lugar garantido. A idéia polêmica dividiu os competidores.
Novatos famosos, como Luciano Burti e Christian Fittipaldi poderão ficar fora. "Não é a melhor situação do mundo, mas resolvi assumir os riscos", diz Christian.
"Infelizmente esse é um efeito colateral da nossa expansão", afirma Carlos Col, presidente da Vicar, organizadora da Stock Car, que pela primeira vez terá duas marcas: Chevrolet e Mitsubishi.
Independentemente disso, os jovens querem mostrar serviço para buscar um lugar na Nascar ou na DTM, os campeonatos de turismo dos EUA e da Alemanha.
"Entrei na Stock Car com 20 anos e não quero correr mais 30. Não quero chegar aos 50 no mesmo lugar", sentencia Thiago Marques. Sinal dos tempos. De uma nova geração que cresceu sonhando em ocupar o lugar de Ingo Hoffmann, 52, dono de 12 títulos, e que hoje corre ao lado dele.


NA TV - Stock Car, ao vivo, na Sportv, a partir das 13h


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