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AUTOMOBILISMO
Jovens pilotos partilham sonhos e pista com seus ídolos no campeonato que dá largada hoje em Interlagos
Molecada mostra a nova cara da Stock Car
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sinônimo de pilotos em fim de
carreira e dos que não encontravam lugar no cockpit de um monoposto, a Stock Car dá a largada
hoje em Interlagos para sua 27ª
temporada com uma cara bem diferente. E com menos rugas.
O sucesso alcançado nos últimos anos -especialmente depois de 2000, quando mudou os
carros e ganhou espaço na TV
aberta- consolidou a categoria
como destino de jovens. De uma
geração de pilotos que sonhava
em ocupar o lugar de Ingo Hoffmann, e não o de Ayrton Senna.
Filhos de ex-pilotos da Stock,
Pedro Gomes, 23, e Thiago Camilo, 20, tiveram inícios de carreira
distintos, mas sonhos bem parecidos. Pedro, filho de Paulo Gomes,
primeiro campeão da categoria
(quatro títulos no total), nunca
correu de kart. Quando resolveu
pilotar, foi direto para o turismo.
"De acompanhar meu pai, sempre sonhei em correr na Stock",
diz. "Percebi que não há necessidade de sair do país para correr."
Filho de Bel Camilo, Thiago começou no kart. Aos 16 anos, pegou o Ômega que o pai não usava
e deu início à carreira. Em 2000,
estreou na Stock Light. Assim como Pedro, via nos 1,88 m um obstáculo para sentar nos apertados
cockpits dos monopostos. "Sempre fui muito alto, e isso acabou
me ajudando na decisão por carros maiores", afirma Thiago.
Se para alguns a proximidade
com a categoria foi determinante,
para outro piloto foi a vizinhança
com a F-1 que ajudou a definir seu
futuro. Irmão de Tarso Marques,
que correu pela Minardi de 1996 a
2001, com alguns intervalos, Thiago se desiludiu com a categoria.
"Vi muito de perto as dificuldades de chegar e de permanecer na
F-1. Desde moleque percebi que
para estar lá é preciso ter, além de
muita qualidade, muita influência", afirma o piloto, 25. "Foi essa
proximidade que me afastou."
Mas a desilusão não fez de Thiago Marques um piloto frustrado
nem foi sinônimo de uma carreira
mediana. Em seu primeiro ano na
Stock Light, a categoria de acesso,
em 2001, foi campeão com duas
etapas de antecedência. Atrás dele, dois rivais que encontra até hoje: Pedro Gomes, em segundo, e
Thiago Camilo, em terceiro.
Luis Carreira Jr., 26, é outro que
sempre almejou a Stock Car. O
despertar de seu desejo é prosaico
como o dos demais. "Corria de
kart e sempre via aqueles carrões
do outro lado do muro, no autódromo", conta, lembrando os
dias no kartódromo de Interlagos.
"Acho que com o crescimento
da categoria nos últimos anos, os
pilotos mais jovens passaram a
ver a Stock como um opção."
O desenvolvimento, porém,
trouxe alguns problemas. Neste
ano, pela primeira vez, haverá
mais pilotos que vagas no grid em
algumas pistas. Em São Paulo, 40
carros poderão largar. Nas próximas etapas, uma avaliação determinará quantos irão competir.
Os pilotos que tiverem corrido
pelo menos dez provas em 2004
têm lugar garantido. A idéia polêmica dividiu os competidores.
Novatos famosos, como Luciano Burti e Christian Fittipaldi poderão ficar fora. "Não é a melhor
situação do mundo, mas resolvi
assumir os riscos", diz Christian.
"Infelizmente esse é um efeito
colateral da nossa expansão", afirma Carlos Col, presidente da Vicar, organizadora da Stock Car,
que pela primeira vez terá duas
marcas: Chevrolet e Mitsubishi.
Independentemente disso, os
jovens querem mostrar serviço
para buscar um lugar na Nascar
ou na DTM, os campeonatos de
turismo dos EUA e da Alemanha.
"Entrei na Stock Car com 20
anos e não quero correr mais 30.
Não quero chegar aos 50 no mesmo lugar", sentencia Thiago Marques. Sinal dos tempos. De uma
nova geração que cresceu sonhando em ocupar o lugar de Ingo Hoffmann, 52, dono de 12 títulos, e que hoje corre ao lado dele.
NA TV - Stock Car, ao vivo, na
Sportv, a partir das 13h
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