São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Escândalo ameaça futuro e as receitas de Ronaldo

Episódio com travestis no Rio complica a permanência do atacante no Milan

Especialistas afirmam que imagem e patrocínios do atleta são afetados por caso, mas empresário do jogador nega efeitos contratuais

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a carreira em risco por grave contusão, o atacante Ronaldo, agora, vai enfrentar obstáculos à sua trajetória no futebol e às suas rendas por conta do escândalo envolvendo travestis no Rio de Janeiro. Há um inquérito em delegacia na Barra da Tijuca sobre o fato.
No Milan, dirigentes contrários à sua permanência no clube vão usar o fato para pressionar pela não-renovação de seu contrato, que acaba no meio deste ano. A Folha apurou que sua continuidade na Itália tornou-se mais complicada.
Além disso, seu maior contrato de patrocínio, com a Nike, tem cláusula que possibilita a rescisão pela empresa no caso de abalo à imagem do atleta. O acordo se estende além do encerramento de sua carreira.
Executivos nos EUA da empresa pediram informações sobre o caso, temendo envolvimento com drogas. Ficaram aliviados quando o delegado Carlos Augusto Pinto afirmou que Ronaldo pode ter sido vítima de extorsão pelos travestis.
Mas empresários que cuidam da carreira de estrelas do futebol, que não quiseram se identificar, contaram que todos os contratos com jogadores têm cláusulas rescisórias para casos que afetem sua reputação. Outros acordos de Ronaldo já contêm esses termos.
O representante do "Fenômeno" negou conseqüências contratuais pelo escândalo.
"O que ocorreu não é de âmbito legal. Esse tipo de recurso [rescisão] não cabe a nenhum contratante do Ronaldo. Não está legitimado em qualquer contrato do jogador, até porque, para uma rescisão contratual, Ronaldo deveria ser condenado publicamente. Mas ele não cometeu nenhum crime, não infringiu nenhuma lei", afirmou o empresário do atleta, Fabiano Farah, em nota oficial.
Oficialmente, nenhum dos patrocinadores, nem mesmo o time italiano, comentou o episódio. A diretoria da Nike disse desejar "que ele volte logo aos gramados". A AmBev afirmou que não falaria porque patrocina "o atleta Ronaldo". E a TIM nada comentou.
Nenhuma das empresas tem explorado a imagem de Ronaldo em campanhas recentes. E o jogador não aparece com destaque nos sites delas.
Há apenas a campanha da Nike para que Ronaldo não desista, lançada após sua contusão. A lesão do atacante no joelho esquerdo, em fevereiro, é uma explicação para sua pouca utilização por patrocinadores.
Além disso, há o seu afastamento da seleção brasileira, desde a Copa de 2006. A CBF também não quis falar sobre o episódio com travestis.
A Nike poderia ter rompido com o atleta por sua ausência do time brasileiro em longo período, segundo outra cláusula.
Especialistas em marketing esportivo explicam que não recomendariam a nenhuma empresa utilizar a imagem de Ronaldo agora. E dizem que o atleta terá grandes dificuldades para firmar novos acordos com outros patrocinadores.
Entre os jogadores, Ronaldo ganhou suporte. Houve quem ligasse para o atleta no Rio. Quem falou com ele, ontem, relatou que o sentiu deprimido.
"O meu ídolo será sempre o Ronaldo", afirmou Alexandre Pato à TV Sky, na Itália. "Ele é tranqüilo, é um grande amigo."


Colaborou a Sucursal Rio

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