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Escândalo ameaça futuro e as receitas de Ronaldo
Episódio com travestis no Rio complica a permanência do atacante no Milan
Especialistas afirmam que imagem e patrocínios do atleta são afetados por caso, mas empresário do jogador nega efeitos contratuais
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a carreira em risco por
grave contusão, o atacante Ronaldo, agora, vai enfrentar obstáculos à sua trajetória no futebol e às suas rendas por conta
do escândalo envolvendo travestis no Rio de Janeiro. Há um
inquérito em delegacia na Barra da Tijuca sobre o fato.
No Milan, dirigentes contrários à sua permanência no clube vão usar o fato para pressionar pela não-renovação de seu
contrato, que acaba no meio
deste ano. A Folha apurou que
sua continuidade na Itália tornou-se mais complicada.
Além disso, seu maior contrato de patrocínio, com a Nike,
tem cláusula que possibilita a
rescisão pela empresa no caso
de abalo à imagem do atleta. O
acordo se estende além do encerramento de sua carreira.
Executivos nos EUA da empresa pediram informações sobre o caso, temendo envolvimento com drogas. Ficaram
aliviados quando o delegado
Carlos Augusto Pinto afirmou
que Ronaldo pode ter sido vítima de extorsão pelos travestis.
Mas empresários que cuidam da carreira de estrelas do
futebol, que não quiseram se
identificar, contaram que todos os contratos com jogadores
têm cláusulas rescisórias para
casos que afetem sua reputação. Outros acordos de Ronaldo já contêm esses termos.
O representante do "Fenômeno" negou conseqüências
contratuais pelo escândalo.
"O que ocorreu não é de âmbito legal. Esse tipo de recurso
[rescisão] não cabe a nenhum
contratante do Ronaldo. Não
está legitimado em qualquer
contrato do jogador, até porque, para uma rescisão contratual, Ronaldo deveria ser condenado publicamente. Mas ele
não cometeu nenhum crime,
não infringiu nenhuma lei",
afirmou o empresário do atleta,
Fabiano Farah, em nota oficial.
Oficialmente, nenhum dos
patrocinadores, nem mesmo o
time italiano, comentou o episódio. A diretoria da Nike disse
desejar "que ele volte logo aos
gramados". A AmBev afirmou
que não falaria porque patrocina "o atleta Ronaldo". E a TIM
nada comentou.
Nenhuma das empresas tem
explorado a imagem de Ronaldo em campanhas recentes. E o
jogador não aparece com destaque nos sites delas.
Há apenas a campanha da
Nike para que Ronaldo não desista, lançada após sua contusão. A lesão do atacante no joelho esquerdo, em fevereiro, é
uma explicação para sua pouca
utilização por patrocinadores.
Além disso, há o seu afastamento da seleção brasileira,
desde a Copa de 2006. A CBF
também não quis falar sobre o
episódio com travestis.
A Nike poderia ter rompido
com o atleta por sua ausência
do time brasileiro em longo período, segundo outra cláusula.
Especialistas em marketing
esportivo explicam que não recomendariam a nenhuma empresa utilizar a imagem de Ronaldo agora. E dizem que o
atleta terá grandes dificuldades
para firmar novos acordos com
outros patrocinadores.
Entre os jogadores, Ronaldo
ganhou suporte. Houve quem
ligasse para o atleta no Rio.
Quem falou com ele, ontem, relatou que o sentiu deprimido.
"O meu ídolo será sempre o
Ronaldo", afirmou Alexandre
Pato à TV Sky, na Itália. "Ele é
tranqüilo, é um grande amigo."
Colaborou a Sucursal Rio
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