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Comprar ingresso para a Copa vira difícil missão
Confusão marca comércio de entradas em pontos de venda na África do Sul
Nos estandes, torcedores
são informados que bilhetes para muitos jogos ainda não acabaram, mas também não estão disponíveis
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A DURBAN
"Tem, mas acabou", a popular expressão de comerciante,
ganhou uma versão da Fifa, para angústia de torcedores atrás
de ingressos para a Copa: "Não
tem, mas não acabou".
A inversão do ditado significa
que ingressos para várias partidas "não estão disponíveis" para venda. Esgotados, portanto,
diz a lógica. Na verdade, não,
como tentavam explicar ontem
as funcionárias do estande de
vendas montado em Durban,
onde o Brasil joga contra Portugal no dia 25 de junho.
Para cada um dos jogos "não
disponíveis", alguns ingressos
ainda poderão ser colocados à
venda, em data não definida.
São refugo de cotas reservadas
para estrangeiros que não virão
mais ou para patrocinadores da
Fifa que também não têm para
quem oferecer a cortesia.
A crise econômica mundial e
o medo da violência na África
do Sul reduziram a previsão de
torcedores estrangeiros de 500
mil para cerca de 300 mil.
Não se sabe quantos e a que
preço esses ingressos serão disponibilizados. Os torcedores
são orientados a checar diariamente -por internet, telefone
ou pessoalmente. Se um ingresso entrar no sistema, quem
chegar primeiro leva.
Essa logística confusa deixa
torcedores frustrados e nervosos. "Só querem saber de dinheiro. Estão segurando ingressos para ver se os ricos vão
querer. Estou sendo excluído
da Copa em minha própria cidade", disse Brian Heramanwe,
que pretendia comprar um ingresso para "qualquer jogo" no
Moses Mabhida, o estádio de
Durban. Nesta semana, não havia lugares disponíveis para nenhuma das partidas na cidade.
"Os ingressos estão lá nas
prateleiras, eles não querem
vender para nós", disse Aiden
Genas, que buscava entrada para o jogo do Brasil na cidade.
A Fifa afirma que não tem como prever quando poderá colocar novos ingressos à venda e
argumenta que o sistema é
mais justo, ao premiar quem
chegar primeiro. Segundo a entidade, os números finais de visitantes estrangeiros ainda estão sendo fechados.
Ontem à tarde, o site da Fifa
informava que 30 das 64 partidas do Mundial tinham ingressos disponíveis -mas bilhetes
para ver as seleções favoritas
eram raros. No ponto de venda
de Durban, a informação era
outra: ainda haveria ingressos
para 32 jogos, sendo 26 da primeira fase, quatro das oitavas
de final, um das quartas e a disputa de terceiro lugar.
A essa discrepância somavam-se informações erradas
passadas pelas vendedoras.
Uma delas insistia que o ingresso "categoria 4", mais barato
(140 rands, ou R$ 35), para o jogo entre Grécia e Argentina,
podia ser adquirido por um estrangeiro, quando na verdade é
reservado para sul-africanos.
Quando o repórter quis ver
um desses ingressos, o sistema
rejeitou o pedido, embora parecessem disponíveis na tela do
computador. Na verdade, só as
entradas da "categoria 1", a
mais cara (1.106 rands, ou R$
275), podiam ser compradas.
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