São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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Comprar ingresso para a Copa vira difícil missão

Confusão marca comércio de entradas em pontos de venda na África do Sul

Nos estandes, torcedores são informados que bilhetes para muitos jogos ainda não acabaram, mas também não estão disponíveis

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A DURBAN

"Tem, mas acabou", a popular expressão de comerciante, ganhou uma versão da Fifa, para angústia de torcedores atrás de ingressos para a Copa: "Não tem, mas não acabou".
A inversão do ditado significa que ingressos para várias partidas "não estão disponíveis" para venda. Esgotados, portanto, diz a lógica. Na verdade, não, como tentavam explicar ontem as funcionárias do estande de vendas montado em Durban, onde o Brasil joga contra Portugal no dia 25 de junho.
Para cada um dos jogos "não disponíveis", alguns ingressos ainda poderão ser colocados à venda, em data não definida. São refugo de cotas reservadas para estrangeiros que não virão mais ou para patrocinadores da Fifa que também não têm para quem oferecer a cortesia.
A crise econômica mundial e o medo da violência na África do Sul reduziram a previsão de torcedores estrangeiros de 500 mil para cerca de 300 mil.
Não se sabe quantos e a que preço esses ingressos serão disponibilizados. Os torcedores são orientados a checar diariamente -por internet, telefone ou pessoalmente. Se um ingresso entrar no sistema, quem chegar primeiro leva.
Essa logística confusa deixa torcedores frustrados e nervosos. "Só querem saber de dinheiro. Estão segurando ingressos para ver se os ricos vão querer. Estou sendo excluído da Copa em minha própria cidade", disse Brian Heramanwe, que pretendia comprar um ingresso para "qualquer jogo" no Moses Mabhida, o estádio de Durban. Nesta semana, não havia lugares disponíveis para nenhuma das partidas na cidade.
"Os ingressos estão lá nas prateleiras, eles não querem vender para nós", disse Aiden Genas, que buscava entrada para o jogo do Brasil na cidade.
A Fifa afirma que não tem como prever quando poderá colocar novos ingressos à venda e argumenta que o sistema é mais justo, ao premiar quem chegar primeiro. Segundo a entidade, os números finais de visitantes estrangeiros ainda estão sendo fechados.
Ontem à tarde, o site da Fifa informava que 30 das 64 partidas do Mundial tinham ingressos disponíveis -mas bilhetes para ver as seleções favoritas eram raros. No ponto de venda de Durban, a informação era outra: ainda haveria ingressos para 32 jogos, sendo 26 da primeira fase, quatro das oitavas de final, um das quartas e a disputa de terceiro lugar.
A essa discrepância somavam-se informações erradas passadas pelas vendedoras. Uma delas insistia que o ingresso "categoria 4", mais barato (140 rands, ou R$ 35), para o jogo entre Grécia e Argentina, podia ser adquirido por um estrangeiro, quando na verdade é reservado para sul-africanos.
Quando o repórter quis ver um desses ingressos, o sistema rejeitou o pedido, embora parecessem disponíveis na tela do computador. Na verdade, só as entradas da "categoria 1", a mais cara (1.106 rands, ou R$ 275), podiam ser compradas.


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