São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011

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ENTREVISTA USAIN BOLT

Sem limite

JAMAICANO, RECORDISTA MUNDIAL DOS 100 M, AFIRMA CORRER PARA SE TORNAR UMA LENDA DO ESPORTE

DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

Quando sorri ao cruzar a linha de chegada e estabelece um novo recorde mundial nos 100 m, o velocista jamaicano Usain Bolt, de 24 anos, deixa a impressão de que pode ser ainda mais rápido.
Nem ele sabe exatamente o quão veloz pode ser.
Em entrevista por e-mail à Folha, deixou a dúvida no ar. "Digo sempre que ninguém conseguirá cor- rer abaixo dos 9s4."
O que não significa dizer que esse tempo seria um ponto final para o jamaicano, recordista mundial nos 100 m com 9s58, alcançados no Mundial de Berlim, em 2009. "Não quero estabelecer um limite para mim."
Em 2010, Bolt ficou longe de seu limite. Sua melhor performance foi 9s82. Até perdeu uma prova pela primeira vez em dois anos.
O americano Tyson Gay o derrotou na etapa de Estocolmo da Liga Diamante. Depois, Bolt anunciou uma contusão e não competiu mais. Agora, diz que treina para ser campeão olímpico em Londres-12 e no Mundial deste ano, na Coreia do Sul.
Se alcançar seu objetivo, aí sim poderá se considerar uma lenda do esporte. E, depois que largar o atletismo, quer ser jogador de futebol.
 


Folha - Depois de você, quem é o melhor velocista do mundo atualmente? Usain Bolt - Existem alguns, a maioria das ilhas do Caribe. A Jamaica tem atletas que podem causar impacto mundial já nesta temporada.

Você sabe qual é o seu limite?
Não quero estabelecer um limite para mim.

Algum dia os atletas chegarão a um limite ou o desenvolvimento da tecnologia vai levá- -los cada vez mais longe?
Tenho dito sempre que alguém vai correr os 100 m em 9s4. Mas ninguém conseguirá ser mais veloz que isso.

Como você convive com a suspeita de doping?
Suspeitas só perseguem aqueles que não seguem as regras. Eu sigo e continuarei seguindo sempre.

Qual é a sua opinião sobre os constantes casos de doping no atletismo?
Acho que a Iaaf [Associação Internacional das Federações de Atletismo] e a Wada [Agência Mundial Antidoping] estão fazendo um belo trabalho para assegurar que o atletismo seja um esporte limpo.

Qual é a sua relação com a política no seu país?
Minha performance dentro e fora da pista me deu a oportunidade de influenciar muitas pessoas na ilha. Mas prefiro me manter distante da política.

Como o governo jamaicano apoia os atletas?
Temos uma boa cultura na Jamaica, desde a escola até o profissional, para desenvolver nosso talento.

Você se considera uma lenda do esporte?
Estou tentando ser uma lenda. Se eu vencer outro Mundial e outra Olimpíada, aí posso ser uma lenda no esporte, porque terei feito o que ninguém mais fez. Quero que o atletismo vá a lugares aonde ainda não chegou.

Você já está rico o suficiente para se aposentar?
Minha maior ambição é ganhar mais medalhas. É minha única motivação.

O homem mais rápido do mundo precisa de guarda- -costas?
Só tenho seguranças quando vou a eventos maiores, para controlar o público e dar segurança às pessoas.

Racismo é um problema presente no atletismo? Você já sofreu com o preconceito?
Nunca tive esse tipo de problema.

Quais são suas expectativas para a Rio-2016?
Espero que seja uma grande Olimpíada, sem violência.

O que você fará quando se aposentar?
Gostaria de jogar futebol em algum nível e, em seguida, ter meu próprio negócio. Acho que já comecei bem, porque tenho minha linha de roupas da Puma, um livro, uma fundação para jovens e um local de entretenimen- to na Jamaica.


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