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Nadal perde em Paris após 31 jogos
Resultado surpreendente encerra era em Roland Garros e vira aposta da Suécia para acelerar volta de época vitoriosa
Em 2 jogos no saibro, Robin
Soderling nunca havia
vencido sequer um set do
espanhol, que não cedia
uma parcial desde 2007
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
Fim de uma era. Foi assim
que a organização de Roland
Garros classificou a primeira
derrota do tetracampeão Rafael Nadal na competição.
Início de uma nova era vitoriosa. É esse o desejo da federação sueca após a vitória "memorável" de seu melhor tenista
da atualidade, Robin Soderling,
no Grand Slam francês.
Líder do ranking, Nadal dominou o saibro francês de uma
maneira nunca vista antes. O
espanhol estabeleceu o recorde
de 31 vitórias consecutivas antes de ser batido pela primeira
vez e buscava a marca inédita
de cinco títulos consecutivos.
"Hoje [ontem] não joguei o
meu tênis e por isso perdi", disse Nadal após a partida. "Não
vou dar nenhuma desculpa."
O tetracampeão jamais havia
perdido dois sets em um confronto em Paris e não perdia
uma parcial desde a decisão de
2007, contra Roger Federer.
"Se tivesse jogado em meu
melhor nível, os resultados
mostram que sou melhor do
que ele. Mas não joguei e enfrentei um jogador que atuou
muito bem", disse Nadal, após
os 3 sets a 1 (6/2, 6/7, 6/4 e 7/6).
Foi a primeira vitória obtida
por Soderling em quatro confrontos com o espanhol, a
quem chamou de o "melhor tenista no saibro da história".
A única vez que o sueco deu
trabalho para Nadal fora na
grama de Wimbledon, em
2007, quando Soderling foi
derrotado por 3 a 2. Na terra
batida, o histórico era amplamente favorável ao espanhol.
Eles se enfrentaram pela primeira vez na rodada inicial de
Roland Garros, e o então campeão Nadal marcou 3 sets a 0.
No mês passado, o sueco não
teve a mínima chance nas oitavas de final do Masters 1.000 de
Roma e caiu por 6/1 e 6/0.
"Era o maior desafio que eu
poderia ter, mas eu acreditava
que tinha chance, ou não havia
nem sentido de ir à quadra", declarou Soderling. "Seria melhor
ir direto para casa."
A federação sueca e a mídia
local comemoraram o resultado como algo inacreditável.
"A vitória dele já seria uma
grande surpresa. Em Roland
Garros foi ainda maior", afirmou à Folha o diretor esportivo da federação sueca, Mikael
Stripple. "Todo mundo sabia
que ele [Soderling] tinha potencial, mas derrotar o Nadal
era algo impensável."
Johan Porsborn, ex-dirigente da federação e atualmente
comentarista de tênis, tem a
mesma opinião. "O Robin jogou a melhor partida da vida
dele. Vencer Nadal do fundo de
quadra foi inacreditável."
País com enorme tradição no
tênis (com três ex-números um
-Bjorn Borg, Mats Wilander e
Stefan Edberg- e sete títulos
de Copa Davis), a Suécia vive
uma carência de novos ídolos.
Soderling (25º) é o único representante do país entre os
top 100. Stripple, ex-técnico de
Thomas Enqvist (número quatro do mundo em 1999), diz que
o tênis perdeu muito da popularidade que tinha nos anos 80.
"Temos que retomar isso.
Antes muitos jovens escolhiam
jogar tênis, o que não acontece
agora", disse o dirigente. "A boa
fase de Soderling deve ajudar."
Além disso, Stripple diz que a
federação está trabalhando
muito nos juvenis, com antigos
ídolos como Enqvist e Magnus
Norman (vice-líder do ranking
em 2000), mas que isso só deve
render frutos entre os profissionais em cinco ou oito anos.
Com agências internacionais
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