São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Nadal perde em Paris após 31 jogos

Resultado surpreendente encerra era em Roland Garros e vira aposta da Suécia para acelerar volta de época vitoriosa

Em 2 jogos no saibro, Robin Soderling nunca havia vencido sequer um set do espanhol, que não cedia uma parcial desde 2007

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Fim de uma era. Foi assim que a organização de Roland Garros classificou a primeira derrota do tetracampeão Rafael Nadal na competição.
Início de uma nova era vitoriosa. É esse o desejo da federação sueca após a vitória "memorável" de seu melhor tenista da atualidade, Robin Soderling, no Grand Slam francês.
Líder do ranking, Nadal dominou o saibro francês de uma maneira nunca vista antes. O espanhol estabeleceu o recorde de 31 vitórias consecutivas antes de ser batido pela primeira vez e buscava a marca inédita de cinco títulos consecutivos.
"Hoje [ontem] não joguei o meu tênis e por isso perdi", disse Nadal após a partida. "Não vou dar nenhuma desculpa."
O tetracampeão jamais havia perdido dois sets em um confronto em Paris e não perdia uma parcial desde a decisão de 2007, contra Roger Federer.
"Se tivesse jogado em meu melhor nível, os resultados mostram que sou melhor do que ele. Mas não joguei e enfrentei um jogador que atuou muito bem", disse Nadal, após os 3 sets a 1 (6/2, 6/7, 6/4 e 7/6).
Foi a primeira vitória obtida por Soderling em quatro confrontos com o espanhol, a quem chamou de o "melhor tenista no saibro da história".
A única vez que o sueco deu trabalho para Nadal fora na grama de Wimbledon, em 2007, quando Soderling foi derrotado por 3 a 2. Na terra batida, o histórico era amplamente favorável ao espanhol.
Eles se enfrentaram pela primeira vez na rodada inicial de Roland Garros, e o então campeão Nadal marcou 3 sets a 0.
No mês passado, o sueco não teve a mínima chance nas oitavas de final do Masters 1.000 de Roma e caiu por 6/1 e 6/0.
"Era o maior desafio que eu poderia ter, mas eu acreditava que tinha chance, ou não havia nem sentido de ir à quadra", declarou Soderling. "Seria melhor ir direto para casa."
A federação sueca e a mídia local comemoraram o resultado como algo inacreditável.
"A vitória dele já seria uma grande surpresa. Em Roland Garros foi ainda maior", afirmou à Folha o diretor esportivo da federação sueca, Mikael Stripple. "Todo mundo sabia que ele [Soderling] tinha potencial, mas derrotar o Nadal era algo impensável."
Johan Porsborn, ex-dirigente da federação e atualmente comentarista de tênis, tem a mesma opinião. "O Robin jogou a melhor partida da vida dele. Vencer Nadal do fundo de quadra foi inacreditável."
País com enorme tradição no tênis (com três ex-números um -Bjorn Borg, Mats Wilander e Stefan Edberg- e sete títulos de Copa Davis), a Suécia vive uma carência de novos ídolos.
Soderling (25º) é o único representante do país entre os top 100. Stripple, ex-técnico de Thomas Enqvist (número quatro do mundo em 1999), diz que o tênis perdeu muito da popularidade que tinha nos anos 80.
"Temos que retomar isso. Antes muitos jovens escolhiam jogar tênis, o que não acontece agora", disse o dirigente. "A boa fase de Soderling deve ajudar."
Além disso, Stripple diz que a federação está trabalhando muito nos juvenis, com antigos ídolos como Enqvist e Magnus Norman (vice-líder do ranking em 2000), mas que isso só deve render frutos entre os profissionais em cinco ou oito anos.


Com agências internacionais

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