São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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TOSTÃO

Delírio quixotesco


Para ser um craque, é preciso jogar com os pés, com a imaginação e com a alma


HOJE, PELA LIBERTADORES, se o Santos fizer um gol, o Cerro Porteño terá de fazer três. É uma grande vantagem.
Neste sábado, veremos um bom amistoso entre Brasil e Holanda. Mano Menezes deve manter o esquema tático, com dois volantes, Neymar de um lado, Robinho de outro, um centroavante e mais um meia de ligação, provavelmente Elano, no lugar que será de Ganso. Lucas, se já não merece ser titular, deveria ser o primeiro reserva dos quatro mais adiantados.
Assim jogava o Santos, no ano passado, dirigido por Dorival Jr. O atual trocou o jogador ofensivo pela direita (Robinho) por mais um marcador no meio-campo. A defesa ficou mais forte, e o ataque, mais fraco.
Na decisão da Copa do Brasil, não há favorito. O Vasco melhorou bastante com a contratação de vários bons jogadores, mas o Coritiba também é forte.
Felipe tem jogado muito bem. Ele é mais um armador brasileiro habilidoso que não se tornou o craque que parecia ser. Faltaram-lhe outras qualidades técnicas, mais mobilidade, regularidade, disciplina e ambição. O craque joga com os pés, com a imaginação e com a alma.
Outro motivo foi a desvalorização que passaram a ter armadores com seu estilo. Sem fazer comparações técnicas e guardando as devidas proporções, o mesmo ocorreu com Xavi e Iniesta. Durante muito tempo, mesmo com os dois jogando demais, os armadores mais elogiados do mundo eram Ballack, Lampard, Gerrard e outros. Todos com excelente técnica, altos, fortes, mas sem o talento dos dois meias do Barcelona.
Xavi, Iniesta e o Barcelona erram pouquíssimos passes porque, além de serem ótimos nesse fundamento e todos os jogadores se movimentarem para receber a bola, não tentam o passe impossível, difícil, com grande chance de perder a bola, a não ser para fazer o gol, como o primeiro contra o Manchester. Eles sabem o momento exato de fazer a jogada definitiva.
Há muito tempo, impressiona-me como todos os times brasileiros, sem exceção, perdem com facilidade a bola. É um ganha e perde sem fim. Para o pensamento vigente e obtuso, tocar muito a bola significa falta de objetividade.
Quem sabe a final da Copa dos Campeões da Europa seja um divisor de conceitos? Quem sabe o futebol nunca mais vai ser visto como antes? Infelizmente, nada disso vai ocorrer. É apenas uma fantasia. O Barcelona é visto como um ET, um time estranho, como se não existisse, fosse uma miragem, um delírio quixotesco.


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