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BASQUETE NO MUNDO
Vira-casacas
MELCHIADES FILHO
Em perfeita sintonia com as
festas juninas, tem torcedor do
San Antonio soltando fogos de
artifício (ainda não topei com
nenhum aqui no Brasil, mas sei
que você está por aí).
Tudo porque a equipe texana
ganhou o direito de contratar
Tim Duncan, disparado o melhor calouro da tropa que está
chegando este ano à NBA.
Duncan, 21, é versátil, passa
bem e, tranquilão, em geral comete poucos erros.
Deve formar uma dupla do
barulho sob as tabelas com David Robinson, o outro pivô dos
Spurs, desde já candidatos ao
título da temporada 97-98 da
liga profissional americana.
Mas é preciso dosar a festa.
Vestibulares recentes revelam
que dificilmente o novato encerra a carreira na equipe que o
selecionou, repetindo a trajetória de Michael Jordan (Chicago), Magic Johnson (LA Lakers)
e Isiah Thomas (Detroit).
Dos últimos dez "draftados"
em primeiro lugar, por exemplo, somente quatro não mudaram de endereço até hoje.
Por isso, tornou-se arriscado,
e ingênuo, apostar o futuro nas
mãos de um supercalouro.
Que o diga o Orlando, que, no
ano passado, resignado, só pôde
observar seu astro, o gigante
Shaquille O'Neal, aproveitar
uma brecha no contrato e correr para os braços dos Lakers.
Os números são mesmo chocantes. Os jogadores "fiéis" representam apenas 11% do total.
O pior, para os fãs mais exaltados, é que essa fatia tende a
diminuir ainda mais.
Os contratos de longo prazo
são cada vez mais raros -e todos têm cláusulas que, em determinado momento, permitem
a alforria ao atleta insatisfeito.
Em 1996, para se ter uma
idéia desse frenesi, quase um
terço da NBA trocou de time.
Para muitos dirigentes da
NBA, portanto, o vestibular
anual perdeu um pouco da mágica. Para que investir na formação de um novato se ele estará reforçando o adversário
poucos anos depois?
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