São Paulo, terça, 1 de julho de 1997.



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BASQUETE NO MUNDO
Vira-casacas

MELCHIADES FILHO

Em perfeita sintonia com as festas juninas, tem torcedor do San Antonio soltando fogos de artifício (ainda não topei com nenhum aqui no Brasil, mas sei que você está por aí).
Tudo porque a equipe texana ganhou o direito de contratar Tim Duncan, disparado o melhor calouro da tropa que está chegando este ano à NBA.
Duncan, 21, é versátil, passa bem e, tranquilão, em geral comete poucos erros.
Deve formar uma dupla do barulho sob as tabelas com David Robinson, o outro pivô dos Spurs, desde já candidatos ao título da temporada 97-98 da liga profissional americana.
Mas é preciso dosar a festa.
Vestibulares recentes revelam que dificilmente o novato encerra a carreira na equipe que o selecionou, repetindo a trajetória de Michael Jordan (Chicago), Magic Johnson (LA Lakers) e Isiah Thomas (Detroit).
Dos últimos dez "draftados" em primeiro lugar, por exemplo, somente quatro não mudaram de endereço até hoje.
Por isso, tornou-se arriscado, e ingênuo, apostar o futuro nas mãos de um supercalouro.
Que o diga o Orlando, que, no ano passado, resignado, só pôde observar seu astro, o gigante Shaquille O'Neal, aproveitar uma brecha no contrato e correr para os braços dos Lakers.
Os números são mesmo chocantes. Os jogadores "fiéis" representam apenas 11% do total.
O pior, para os fãs mais exaltados, é que essa fatia tende a diminuir ainda mais.
Os contratos de longo prazo são cada vez mais raros -e todos têm cláusulas que, em determinado momento, permitem a alforria ao atleta insatisfeito.
Em 1996, para se ter uma idéia desse frenesi, quase um terço da NBA trocou de time.
Para muitos dirigentes da NBA, portanto, o vestibular anual perdeu um pouco da mágica. Para que investir na formação de um novato se ele estará reforçando o adversário poucos anos depois?



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