Gaúchos recebem visita de ex-atletas, enviam e-mail à torcida e fazem vídeo

Tite diz não se preocupar com fatores extracampo, mas admite ter preparado tema especial para preleção antes da decisão de hoje

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

A desvantagem é de dois gols, e o time gaúcho vive uma crise técnica. Diante desse cenário, o Internacional apelou para medidas extracampo para tentar superar o Corinthians na final da Copa do Brasil, hoje.
Foram distribuídos e-mails para os cerca de cem mil sócios--torcedores. No texto, a diretoria pede apoio total. "Mais de 50 mil vozes, o mesmo grito", diz a campanha colorada.
Foi produzido um vídeo com supostos erros de arbitragem a favor do Corinthians. Cartolas também exibiram faixa alusiva ao título corintiano, que foi posta no vestiário.
Até ex-atletas do Internacional, como Alex e Rafael Sóbis, estiveram ontem no estádio do Beira-Rio para dar apoio. E o técnico Tite admitiu ter preparado algo especial para a preleção, sem revelar o tema.
Fato é que o Inter se preocupa com o extracampo justamente quando seu time parece não funcionar no gramado.
"É notório que houve um decréscimo. [O time] não teve o mesmo desempenho. Mas temos que ver que perdemos até seis jogadores", explicou Tite.
Até maio, a equipe não havia tido nenhum mês com aproveitamento de pontos inferior a 78%. Em abril, ganhou todos os jogos. No mês retrasado, início do Brasileiro, conseguiu 91,7% dos pontos disputados.
Mas, em maio, o Inter somou apenas 28% dos pontos -e teve três derrotas. A má fase coincidiu com a ausência de Nilmar, servindo a seleção brasileira. Ele volta para a decisão.
Como lembrou Tite, estavam fora ainda Kléber, também com a seleção, e uma série de contundidos, como D'Alessandro e Magrão. Hoje, dos titulares, só Sandro não joga -Glaydson e Andrezinho disputam a vaga.
Nem com os reforços, no entanto, a diretoria do Inter abriu mão de atuar fora de campo. Tite disse que não tem nada a ver com a atitude de seus chefes ("Só penso nos atletas"). Mas os cartolas tentam influenciar o clima para o confronto.
"Não sei se isso ajuda [dossiê de arbitragem]. Mas, em 2005, não fizemos e deu no que deu", disse o vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho, em referência à falha do árbitro em favor dos corintianos no Brasileiro. "O Corinthians é o único que a gente só vê ter benefícios. Não me lembro de prejuízos."
Entre os atletas, o discurso, por vezes, contraria o dos dirigentes. Todos dizem apostar mais no potencial técnico da equipe. Para eles, a necessidade de gols não pode se transformar em ansiedade, o que pode resultar em um tento corintiano quase decisivo para o destino do título. A ordem de Tite é atacar, marcando por pressão.


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