São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

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TOSTÃO

Dois gols na frente não é tudo


Inter e Grêmio podem ter vitórias heroicas ou derrotas frustrantes. Diferença de 2 gols é uma grande desvantagem


A MELHOR maneira de uma equipe tirar uma desvantagem de dois gols é arriscar, marcar por pressão, fazer uma blitz, desde o início, sem afobação. Se Inter e Grêmio fizerem um gol primeiro, vão incendiar seus torcedores, jogadores e podem ainda desestabilizar Corinthians e Cruzeiro.
Inter e Grêmio correrão também grandes riscos de levar um gol primeiro, no contra-ataque. Aí, terminam suas esperanças.
O mais comum nesse tipo de confronto é a equipe que tem a vantagem se classificar ou ser campeã e ainda vencer a partida.
Com Ramires, o Cruzeiro vai ficar muito mais forte no contra-ataque. O Corinthians possui também dois jogadores rápidos, Dentinho e Jorge Henrique, capazes de marcar e de chegar ao ataque.
Além disso, o "gordinho" Ronaldo ainda costuma chegar primeiro que o zagueiro, como no segundo gol contra o Inter, no Pacaembu.
Para evitar a pressão, Corinthians e Cruzeiro não podem recuar tanto nem perder demais a posse de bola.
O Brasil tinha também a desvantagem de dois gols e venceu os Estados Unidos. Além da enorme superioridade técnica, que não é o caso dos dois jogos no Brasil, os americanos, ao colocar oito jogadores no segundo tempo quase dentro da área, facilitaram a virada. Contra a Espanha, fizeram o mesmo. Como ganharam, por acaso, o técnico foi elogiado e repetiu o erro.
Dunga também errou, e acabou acertando, contra a África do Sul, quando colocou Daniel Alves, todo torto pela esquerda, no lugar de André Santos.
Para bater faltas, como era a intenção de Dunga, ele poderia entrar em outra posição, como na de Ramires, que atuava mal. Foi Ramires que sofreu a falta que resultou em gol. É a lógica do futebol. O errado é que está certo.
Dunga acertou muito mais que errou. Além de ter Kaká, excelentes jogadores em quase todas as posições, um excepcional contra-ataque e eficientes jogadas aéreas, o Brasil mostrou, no segundo tempo contra os EUA e em outros momentos da competição, que é capaz de trocar passes e de envolver o adversário. Quando foi preciso, Gilberto Silva e Felipe Melo, mesmo com pouco talento, chegaram mais à frente.
Ao voltar da África do Sul, Gilberto Silva, uma pessoa especial, disse, sem nenhuma ironia, que aprendeu com as críticas.
Há coisas para melhorar. Falta um grande jogador no meio-campo e na lateral esquerda. Isso não depende de Dunga. Esses jogadores não existem. Não há também um único reserva à altura de Kaká, de Robinho e de Luis Fabiano.
Mesmo cometendo vários erros individuais, Robinho é imprescindível. Com sua movimentação, ele confunde toda a defesa e facilita bastante para os companheiros. Ainda bem que Dunga não foi na onda de barrá-lo.
Depois de ser muito criticado, Dunga passou a ser exaltado. Parreira foi também muito elogiado após a Copa das Confederações de 2005.
Se o Brasil voltar a jogar mal, vão dizer novamente que Dunga não tem condições de dirigir a seleção.
De ótimos, os técnicos passam rapidamente a péssimos, como se ganhassem e perdessem as partidas e como se pudessem melhorar ou piorar tanto em pouco tempo.


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