Murray luta por vida própria e para deixar para trás uma trama antiga, inacabada, sem final feliz para os ingleses

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

DIFERENTEMENTE DO brasileiro médio, os ingleses não vivem colados à TV para acompanhar novela. Lá, ao que parece, eles preferem acompanhar os personagens de carne e osso, que fazem parte da vida real, se possível, ingleses, com seus dramas e sua sorte. Talvez isso explique a variedade de jornais e revistas sensacionalistas, com seus fotógrafos-espiões perseguindo plebeus famosos e princesas infelizes na Inglaterra e mundo afora, em busca de um simples beijo, uma barriguinha saliente.
No tênis, não seria muito diferente. Desde que o elegante e talentosíssimo Fred Perry levantou o troféu de campeão de Wimbledon em 1936, os ingleses acompanham com interesse de novela brasileira o compatriota que algum dia resgatará a honra, o orgulho e a taça do mais tradicional torneio de tênis do mundo.
Personagens não faltaram. John Lloyd e Greg Rusedski foram à final de Grand Slam, mas longe da terra da rainha. Tim Henman, filho da classe alta, personagem apropriado para o elegante All England Lawn & Tennis Club, era observado a cada passo que dava em Wimbledon.
Por quatro anos seguidos, como a novela que caminha para os capítulos derradeiros, ia às semifinais, mas caía. Frustração nacional, uma novela que acaba sem final feliz. O personagem agora é o escocês Andy Murray, que saiu do papel de coadjuvante para brilhar como favorito ao título e foi adotado pelos ingleses. No passado, um gramado de Wimbledon em frente a um telão tinha o nome de Henman Hill (colina do Henman) e em 2009 foi batizado de Murray Mount (monte Murray).
O mocinho da atual novela tem grandes chances de ir hoje às semifinais, onde o ex-mocinho parou. Murray, diferentemente de Henman, parece não sentir (tanto) a pressão do público. Por outro lado, ainda não tem a mesma torcida (ou compaixão?) que Henman tinha. Quanto antes Murray der um destino diferente ao final da história, melhor. Se conseguir, ganha vida e papel próprios. Enquanto não conseguir, será refém de uma trama antiga, inacabada, sem final feliz.

AINDA EM WIMBLEDON
A barriga proeminente de Mirka Vavrinec em Wimbledon levanta especulações sobre a data de nascimento do filho com Roger Federer. Como ele tem se recusado a dizer até o período, quem tem faturado são as bolsas de apostas londrinas.
NA CALIFÓRNIA
Falando em gravidez... Lindsay Davenport deu à luz Lauren Andrus Davenport Leach. Ela e o ex-tenista Jon Leach já têm Jagger, 2.

EM MINAS GERAIS
Fernando Romboli contou com a desistência de Rodrigo Guidolin após dois duros sets para garantir o título do Future de Divinópolis.

reandaku@uol.com.br


Texto Anterior: Volta da França arma caçada a suspeitos de uso de doping
Próximo Texto: Tostão: Dois gols na frente não é tudo
Índice