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O direito é melhor que o esquerdoMichel Bastos é tão acionado quanto Maicon, mas mostra-se menos eficaz
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
Causou constrangimento
na seleção brasileira as queixas da assessora de imprensa
de Michel Bastos, feitas antes
do jogo contra o Chile, sobre
um suposto boicote ao lateral
esquerdo dentro de campo.
Mas, se Martha Fischer falava pelo jogador, o atleta do
francês Lyon está enganado.
Os números da Fifa e do
Datafolha mostram que Michel Bastos é até mais acionado do que o lateral direito.
Só que a diferença entre o
que os dois produzem no
Mundial sul-africano com a
bola no pé é enorme.
Pelas estatísticas da entidade, Michel Bastos recebeu
dos companheiros, em igual
número de minutos jogados,
três passes a mais do que
Maicon (209 a 206).
Equilíbrio parecido acontece na distribuição de passes dos volantes -a assessora do lateral fez a Gilberto Silva a pergunta sobre o suposto isolamento de seu cliente,
que, antes de negar o favorecimento a determinados atletas em campo, recebeu instruções do diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva.
Michel Bastos foi o alvo
dos passes de Gilberto Silva e
Felipe Melo em 65 oportunidades, ou só duas a menos
do que os volantes endereçaram a bola a Maicon.
A diferença entre as bolas
recebidas no campo de ataque entre os dois laterais de
Dunga também é pequena.
Maicon foi servido no campo do adversário, nos quatro
jogos disputados pela seleção até agora (contra Coreia
do Norte, Costa do Marfim,
Portugal e Chile), 118 vezes,
contra 110 de Michel Bastos.
DIFERENÇA EVIDENTE
Acionados quase o mesmo
número de vezes, os laterais
brasileiros têm níveis de produção bem diferentes. E não
só pelo gol marcado por Maicon contra a Coreia do Norte,
na estreia brasileira na Copa.
O jogador da Inter de Milão
tem, segundo levantamento
feito pelo Datafolha, média
de seis cruzamentos por jogo, contra só 2,3 de Michel
Bastos. Mais: o índice de
acerto nas finalizações de
Maicon é mais do que o triplo
do aferido pelo lateral esquerdo da equipe de Dunga.
Não bastasse o que acontece no ataque, Maicon ajuda
mais a defesa, com média de
14 desarmes por partida,
contra dez de Michel Bastos.
O boicote insinuado por
sua assessora virou uma saia
justa para o jogador depois
da vitória contra os chilenos,
pelas oitavas de final.
"Eu cheguei à Copa com só
três jogos na seleção. Os caras aí me acolheram bem pra
caramba. É sacanagem falar
uma coisa dessas", disse Michel Bastos, que disse receber passes normalmente.
Ele não comentou sobre as
queixas de sua assessora. "Se
às vezes não recebo bola, é
do jogo. Não tem nada a ver
esse negócio de isolamento.
Se o time jogar 100% pela direita, com o Maicon, vou ficar
feliz do mesmo jeito."
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ,
PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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