São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

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O direito é melhor que o esquerdo

Michel Bastos é tão acionado quanto Maicon, mas mostra-se menos eficaz

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

Causou constrangimento na seleção brasileira as queixas da assessora de imprensa de Michel Bastos, feitas antes do jogo contra o Chile, sobre um suposto boicote ao lateral esquerdo dentro de campo.
Mas, se Martha Fischer falava pelo jogador, o atleta do francês Lyon está enganado.
Os números da Fifa e do Datafolha mostram que Michel Bastos é até mais acionado do que o lateral direito.
Só que a diferença entre o que os dois produzem no Mundial sul-africano com a bola no pé é enorme.
Pelas estatísticas da entidade, Michel Bastos recebeu dos companheiros, em igual número de minutos jogados, três passes a mais do que Maicon (209 a 206).
Equilíbrio parecido acontece na distribuição de passes dos volantes -a assessora do lateral fez a Gilberto Silva a pergunta sobre o suposto isolamento de seu cliente, que, antes de negar o favorecimento a determinados atletas em campo, recebeu instruções do diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva.
Michel Bastos foi o alvo dos passes de Gilberto Silva e Felipe Melo em 65 oportunidades, ou só duas a menos do que os volantes endereçaram a bola a Maicon.
A diferença entre as bolas recebidas no campo de ataque entre os dois laterais de Dunga também é pequena.
Maicon foi servido no campo do adversário, nos quatro jogos disputados pela seleção até agora (contra Coreia do Norte, Costa do Marfim, Portugal e Chile), 118 vezes, contra 110 de Michel Bastos.

DIFERENÇA EVIDENTE
Acionados quase o mesmo número de vezes, os laterais brasileiros têm níveis de produção bem diferentes. E não só pelo gol marcado por Maicon contra a Coreia do Norte, na estreia brasileira na Copa.
O jogador da Inter de Milão tem, segundo levantamento feito pelo Datafolha, média de seis cruzamentos por jogo, contra só 2,3 de Michel Bastos. Mais: o índice de acerto nas finalizações de Maicon é mais do que o triplo do aferido pelo lateral esquerdo da equipe de Dunga.
Não bastasse o que acontece no ataque, Maicon ajuda mais a defesa, com média de 14 desarmes por partida, contra dez de Michel Bastos.
O boicote insinuado por sua assessora virou uma saia justa para o jogador depois da vitória contra os chilenos, pelas oitavas de final.
"Eu cheguei à Copa com só três jogos na seleção. Os caras aí me acolheram bem pra caramba. É sacanagem falar uma coisa dessas", disse Michel Bastos, que disse receber passes normalmente.
Ele não comentou sobre as queixas de sua assessora. "Se às vezes não recebo bola, é do jogo. Não tem nada a ver esse negócio de isolamento. Se o time jogar 100% pela direita, com o Maicon, vou ficar feliz do mesmo jeito." (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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