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AÇÃO
Patinete e trenó
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Diferentemente do que
acontece em outros esportes
de prancha, como o skate e o surfe, em que o Brasil se destaca entre as maiores potências mundiais, quando se trata de deslizar
sobre a neve, o desempenho dos
nossos atletas só deve mesmo ser
comparado entre eles.
Desde que as provas nacionais
nesse terreno passaram a contar
pontos para o ranking mundial
(FIS), isso se tornou ainda mais
evidente. Ao olhar a classificação
do 17º Brasileiro OI de esqui, realizado na semana passada em
Valle Nevado (Chile), fica difícil
identificar um brasileiro.
Pelos nomes e sobrenomes, mais
parece o ranking de uma prova
suíça. Na modalidade clássica do
esporte, o slalom gigante, o primeiro brasileiro da lista aparece
na 17ª posição -Ricardo Kawamura, 17, que reconhece: "Não dá
pra competir com os estrangeiros,
mas ser o melhor do Brasil em um
esporte tão pouco conhecido já é
um orgulho". Com certeza. Ele é
um dos quatro integrantes da
equipe olímpica brasileira e acredita que o título nacional irá contribuir para alcançar a vaga nos
Jogos de Turim, em 2006.
No feminino, a tarefa de Mirella
Arnhold foi mais fácil. Única brasileira na prova, bastava completar duas descidas para ser campeã. Mesmo sem um bom tempo e
lamentando ter de treinar e competir sozinha, ela pôde comemorar seu sexto título nacional.
Nesta semana, no Valle Nevado, em condições ideais de neve
para a prática do esporte, foi realizado o Nokia Snowboard FIS
Continental Cup, válido pelo oitavo Campeonato Brasileiro.
No domingo, o Boarder Cross,
no qual quatro atletas descem simultaneamente uma pista com
obstáculos e curvas, abriu a etapa
nacional. Felipe Motta, que mantém a prancha no pé treinando
surfe, skate e wakeboard, foi o
melhor entre os nove brasileiros.
A 16ª posição na classificação geral deu-lhe o primeiro título na
modalidade, vencida pela terceira vez pelo suíço Guillaume Nantermod, ex-campeão mundial.
No feminino, Isabel Clark competiu com sete atletas e foi à final.
Com o título nacional assegurado
e se recuperando de uma lesão no
joelho, preferiu não forçar, terminando em terceiro. A americana
Sondra Van Ert venceu a prova.
Dois dias depois, Felipe e Isabel
voltaram a brilhar e ficaram com
mais um título, desta vez no half
pipe, a pista em "U" que propicia
muitas manobras aéreas. Além
do bi brasileiro, eles obtiveram os
melhores resultados da história
na classificação geral: Felipe, em
sexto, e Isabel, em segundo.
Fechando a fase internacional
da etapa brasileira, a prova de
slalom paralelo teve o domínio
absoluto dos americanos. Riccardo Moruzzi, com o 15º tempo, superou os outros sete brasileiros
inscritos e conquistou o tri na modalidade. Já no feminino, a carioca Isabel Clark ratificou o domínio do surfe na neve no país. Fez o
sexto tempo na classificatória, superou as outras duas brasileiras
na prova e conquistou o terceiro
título em três dias.
Competir em nível internacional nessas provas exige dedicação
e empatia com a neve que deve vir
de berço. Para quem acompanha
de longe, é um tanto frustrante
ver um brasileiro ser campeão ficando em 17º no campeonato do
seu país em que pese que este seja
disputado no Chile. Mas para os
atletas, competir -e às vezes superar rivais cujo patinete foi um
trenó- é uma grande vitória.
Para agendar
Um projeto do governo do Estado, que prevê a conclusão de 20 estações de tratamento de esgotos, garante que as praias entre São
Sebastião e Ubatuba estarão livres da poluição até 2005.
WCT
O australiano Mick Fanning, atual campeão do WQS, venceu a
sexta etapa do Mundial de surfe e subiu para a 12ª posição. Andy
Irons segue isolado na liderança, e Peterson Rosa (15º) é o único
brasileiro entre os 27 que garantem vaga em 2003.
Super Surf
Ondas com mais de dois metros recepcionaram a elite nacional em
Saquarema (RJ). Ontem o mar diminuiu, mas deve voltar a subir.
X-Games
Começa daqui a duas semanas a 8ª edição dos Jogos, na Filadélfia.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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