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Atleta diz não ver cor do dinheiro
DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO
Os dirigentes podem estar
cheios de otimismo. Os atletas,
nem tanto. Não são poucos os
competidores e treinadores que
reclamam da dificuldade que
existe para o dinheiro da Lei Piva
chegar a eles. Isto se a verba chega.
"Existe algum problema. A base
da pirâmide não tem recebido
muita ajuda. Eu, para competir,
tenho patrocínio de uma empresa
italiana. Não fosse assim, talvez
nem estivesse aqui", afirmou o iatista Maurício Santa Cruz.
Daniel Santiago, que competirá
ao lado dele e de outros dois velejadores na classe J-24, que não é
olímpica, também reclamou.
"Converso com muita gente e a
situação não é boa. O cara precisa
de muita força de vontade. No iatismo, se você quer saber, hoje
tem menos atletas com patrocínio
que em Winnipeg", disse. "Talvez
se gaste muito com viagens, congressos, eventos, mas, com o atleta mesmo, ainda não vejo."
No taekwondo, a choradeira é
parecida. "O dinheiro mesmo não
chega para quem compete. Que
eu saiba só no judô tem uma ajuda de custo para o atleta. No taekwondo, não", lamentou Carlos
Augusto Negrão, técnico da equipe masculina no Pan.
Rodrigo Artilheiro, lutador de
greco-romana, disse que a ajuda
existe, "mas só em forma de viagem". "Ajuda de custo nem pensar, o atleta nem fica sabendo como este negócio funciona, tem
que lutar mesmo por conta própria", comentou na Vila.
Para piorar a situação, pelo menos 12 confederações não souberam como gastar o dinheiro que
receberam da Lei Piva e tiveram
de devolvê-lo ao COB.
Foi o caso da esgrima, que deixou de usar 6,65% dos R$ 450 mil
ganhos em 2002, apesar de haver
atletas pedindo ajuda à federação.
Também foi o caso do handebol,
que não usou R$ 121 mil dos R$
900 mil recebidos no ano passado,
o que gerou um protesto dos
principais clubes do país.
A situação mais grave, no entanto, deu-se com o levantamento
de peso. A confederação teve de
devolver quase a metade dos R$
450 mil recebidos -R$ 224 mil-
com o argumento de que não teria como gastá-los.
Mais uma vez, os atletas reclamaram da falta de projetos e de
planejamento da entidade.
Para o COB, a situação já era esperada, pois as confederações se
acostumaram a viver na penúria e
agora têm de se adaptar a uma
nova realidade.
(EO, GR E JCA)
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