São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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novo-rico

Crise corintiana ostenta a marca do desperdício

Lanterna do Brasileiro-06 torrou dinheiro em reservas de luxo, médicos para a mesma função e até encostou ônibus

Marcelinho e goleiro Herrera, que pouco foram a campo, são exemplos da gastança do atual campeão, que também terceirizou médico e veículo


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Por trás da lanterna do Corinthians no Brasileiro está uma gastança desenfreada que tem a sua parcela de culpa no fiasco do atual campeão. Como um novo-rico sem habilidade no trato com a conta recheada, o clube esbanjou dinheiro para trazer reservas de luxo, alguns que nunca tiveram expectativa de ser titular. O desperdício é notado até nos deslocamentos do time.
Em meio à má fase, o ônibus que ostenta o distintivo corintiano, de propriedade do clube, deixou de ser usado. Para ir a estádios e aeroportos, a equipe fretou um veículo, sem nenhuma marca, que não chama a atenção dos torcedores.
Segundo conselheiros, a medida é para despistar a torcida. O clube nega. Diz que o seu ônibus está em manutenção. O goleiro chileno Johnny Herrera é um dos símbolos do desperdício. Contratado por R$ 3 milhões, ele sabia desde o início que teria poucas oportunidades para jogar, pois o clube já contava com os argentinos Tevez, Sebá e Mascherano.
Herrera entrou em campo só nove vezes, já que o clube pode usar apenas três estrangeiros ao mesmo tempo nos torneios nacionais. "Tenho que esperar um dos argentinos ser negociado", disse o atleta, recentemente, a uma rádio de seu país.
Um negócio de pai para filho feito com Marcelinho também ajudou a consumir o dinheiro da MSI. Até dezembro de 2007, ele terá recebido R$ 2 milhões em salários, apesar de ter sido contratado sabendo que dificilmente atuaria. Jogou quatro vezes no Brasileiro, nenhuma no Paulista e nem sequer foi inscrito para a Libertadores.
Ele ainda se livrou de um processo que já havia perdido nas instâncias iniciais. Poderia ser condenado a pagar R$ 8 milhões ao clube. Além disso, pode morar de graça até o fim de 2007 no imóvel avaliado em R$ 1,5 milhão que entregará ao Corinthians como pagamento.
Esse foi um dos casos que aumentaram a briga entre a MSI, contrária ao acordo, e o Corinthians, que defendeu o negócio como uma parte da estratégia para Luizão, defendido pela mesma advogada, retirar a ação movida contra os corintianos.
Na conversa que teve com a Gaviões da Fiel, Geninho apontou os atritos entre MSI e Corinthians como um dos problemas que afundaram o time. Porém reflexo mais maléfico foi a contratação de vários jogadores para o meio-campo, que gerou rivalidade e tensão.
Carlos Alberto, Ricardinho e Roger disputam duas vagas. Sempre um com salário de titular vai para o banco. Ao mesmo tempo, a parceria não conseguiu um zagueiro de tal porte. Atualmente, quem tem status de reserva é Roger. E ele vive de cara amarrada, como fazia antes Carlos Alberto. A situação deles pode melhorar se Ricardinho concretizar o desejo de sair do clube. Ele receberá até o fim de 2007 cerca de R$ 9 milhões. Se rescindir o contrato, terá de pagar multa de R$ 4,5 milhões. Pela lei, o clube poderia obrigá-lo a dar R$ 450 milhões para trocar de equipe.
Outro que não tem do que se queixar é o ex-técnico Ademar Braga. Promovido do cargo de auxiliar, ganhou salário de treinador do time principal. Comanda hoje a equipe B, com a remuneração anterior.
A gastança chegou até o departamento médico. Joaquim Grava fez acordo para retirar ação milionária contra o Corinthians e virou o responsável pelas cirurgias. Mas, na hora de operar Nilmar, foi trocado por José Luiz Runco, pago à parte.


Colaborou MÁRCIO PINHO, da Reportagem Local

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