São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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SONINHA

"Ainda dá tempo?'

Com os jogadores que tem, o Corinthians não deveria estar em colapso; Grêmio, Atlético e Palmeiras caíram assim

ACONTECE com todo mundo: tem horas que não adianta você insistir no que está fazendo que não vai dar certo. Seja artesanato, sudoku, quebra-cabeças, o estudo de um texto ou a tentativa de produzir um, a resolução de qualquer tipo de problema, às vezes a gente empaca e tem de dar um tempo. No dia seguinte, pode conseguir resolver na primeira tentativa o que parecia impossível na véspera.
Nem sempre esse tempo está à disposição. Para fazer coluna de jornal, por exemplo, não tem jeito: deu o prazo, tem de entregar, mesmo que ache que está uma porcaria... O negócio é aprender a não sofrer demais com isso (aprendi).
No futebol, também não dá para pedir um tempo -o negócio é aproveitar o intervalo. Às vezes, faz a maior diferença. O técnico consegue pensar com clareza, toma a decisão correta, dá as instruções necessárias e pronto: o time volta outro. Mas muitas vezes é pouco... A pausa precisaria ser muito maior.
O Corinthians de domingo, por exemplo, poderia continuar jogando até o dia amanhecer de novo que não conseguiria fazer melhor do que aquilo. Criou chances, quase fez o gol, mas empacou ali.
O pior é que ele já teve tempo -o mesmo do Palmeiras, que evidentemente aproveitou muito melhor a oportunidade. Tite conseguiu deter um processo que parecia irreversível -bons jogadores não estavam rendendo nada, os medianos estavam péssimos, as vitórias não aconteciam nem quando o time "merecia" (não vou começar aqui a milésima discussão sobre merecimento...).
Escalou os homens certos nos lugares certos, deu confiança, corrigiu defeitos, mexeu com os brios. Uma combinação de providências objetivas, mensuráveis, com outras menos tangíveis, mas muito perceptíveis. Preparo físico é uma mudança fácil de avaliar, mas como aferir conquistas como segurança e tranqüilidade?
Na fase em que o Corinthians se encontra, o azar parece determinante -a contusão de Nilmar, por exemplo, é uma tragédia. Mas, quando o mecanismo funciona direitinho, a perda de algumas peças não leva ao colapso. O Palmeiras perdeu dois goleiros!
Um time com Mascherano, Marcelo Mattos, Rosinei, Ricardinho e Tevez não deveria entrar em colapso e não encontrar saída -sem falar em outros jogadores bons ou razoáveis, como Eduardo Ratinho e Gustavo Nery. Mas o clima é todo de desacerto, entre clube e MSI, diretoria e comissão técnica, e provavelmente entre os jogadores. Ainda dá tempo de se recuperar, mas o Corinthians está com cara de recuperação?
E Grêmio, Atlético-MG e Palmeiras, para citar exemplos recentes, ficaram dizendo que "o time não é tão ruim para estar nessa situação" e "ainda dá tempo de recuperar" até quase o fim do campeonato em que foram rebaixados...
Sei não.

INTOLERÁVEL
O que aqueles homens fizeram no Beira-Rio é de uma selvageria chocante (Chamá-los de "torcedores" ou "gremistas" esconde o fato de agirem como imbecis independentemente do time que invocam para justificar barbaridades). As imagens de adultos socando pessoas e veículos já são ridículas. Ver dezenas festejando um incêndio como uma vitória contra o rival é demais. Se saíram sem que ninguém tenha sido detido, qualquer punição rigorosa que o Grêmio venha a receber será pouco. Eles não estão nem aí para o futebol.

CALENDÁRIO
Juca Kfouri chamou a atenção para um absurdo: a Conmebol marcou a final da Libertadores para uma data Fifa, quando os clubes param para as seleções jogarem. Que sintonia, que planejamento!


soninha.folha@uol.com.br

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