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SONINHA
"Ainda dá tempo?'
Com os jogadores que tem, o Corinthians não deveria estar em colapso; Grêmio, Atlético e Palmeiras caíram assim
ACONTECE com todo mundo:
tem horas que não adianta
você insistir no que está fazendo que não vai dar certo. Seja artesanato, sudoku, quebra-cabeças, o
estudo de um texto ou a tentativa de
produzir um, a resolução de qualquer tipo de problema, às vezes a
gente empaca e tem de dar um tempo. No dia seguinte, pode conseguir
resolver na primeira tentativa o que
parecia impossível na véspera.
Nem sempre esse tempo está à
disposição. Para fazer coluna de jornal, por exemplo, não tem jeito: deu
o prazo, tem de entregar, mesmo
que ache que está uma porcaria... O
negócio é aprender a não sofrer demais com isso (aprendi).
No futebol, também não dá para
pedir um tempo -o negócio é aproveitar o intervalo. Às vezes, faz a
maior diferença. O técnico consegue
pensar com clareza, toma a decisão
correta, dá as instruções necessárias
e pronto: o time volta outro. Mas
muitas vezes é pouco... A pausa precisaria ser muito maior.
O Corinthians de domingo, por
exemplo, poderia continuar jogando
até o dia amanhecer de novo que não
conseguiria fazer melhor do que
aquilo. Criou chances, quase fez o
gol, mas empacou ali.
O pior é que ele já teve tempo -o
mesmo do Palmeiras, que evidentemente aproveitou muito melhor a
oportunidade. Tite conseguiu deter
um processo que parecia irreversível -bons jogadores não estavam
rendendo nada, os medianos estavam péssimos, as vitórias não aconteciam nem quando o time "merecia" (não vou começar aqui a milésima discussão sobre merecimento...).
Escalou os homens certos nos lugares certos, deu confiança, corrigiu
defeitos, mexeu com os brios.
Uma combinação de providências
objetivas, mensuráveis, com outras
menos tangíveis, mas muito perceptíveis. Preparo físico é uma mudança fácil de avaliar, mas como aferir
conquistas como segurança e tranqüilidade?
Na fase em que o Corinthians se
encontra, o azar parece determinante -a contusão de Nilmar, por
exemplo, é uma tragédia. Mas,
quando o mecanismo funciona direitinho, a perda de algumas peças
não leva ao colapso. O Palmeiras
perdeu dois goleiros!
Um time com Mascherano, Marcelo Mattos, Rosinei, Ricardinho e
Tevez não deveria entrar em colapso e não encontrar saída -sem falar
em outros jogadores bons ou razoáveis, como Eduardo Ratinho e Gustavo Nery. Mas o clima é todo de desacerto, entre clube e MSI, diretoria
e comissão técnica, e provavelmente
entre os jogadores. Ainda dá tempo
de se recuperar, mas o Corinthians
está com cara de recuperação?
E Grêmio, Atlético-MG e Palmeiras, para citar exemplos recentes, ficaram dizendo que "o time não é tão
ruim para estar nessa situação" e
"ainda dá tempo de recuperar" até
quase o fim do campeonato em que
foram rebaixados...
Sei não.
INTOLERÁVEL
O que aqueles homens fizeram
no Beira-Rio é de uma selvageria
chocante (Chamá-los de "torcedores" ou "gremistas" esconde o fato
de agirem como imbecis independentemente do time que invocam
para justificar barbaridades). As
imagens de adultos socando pessoas e veículos já são ridículas. Ver
dezenas festejando um incêndio
como uma vitória contra o rival é
demais. Se saíram sem que ninguém tenha sido detido, qualquer
punição rigorosa que o Grêmio venha a receber será pouco. Eles não
estão nem aí para o futebol.
CALENDÁRIO
Juca Kfouri chamou a atenção
para um absurdo: a Conmebol marcou a final da Libertadores para
uma data Fifa, quando os clubes
param para as seleções jogarem.
Que sintonia, que planejamento!
soninha.folha@uol.com.br
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