São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

O ídolo é o título


Contratar astros pode dar prazer momentâneo, mas há trabalhos que conduzem às conquistas

O PRESIDENTE do Corinthians, Andres Sanchez, definiu em uma frase o que pensa sobre o clube que dirige: "O maior ídolo dos corintianos é o Corinthians".
O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, pagou R$ 13 milhões por Valdivia e explicou por que o clube fez sozinho esse sacrifício. "Nós queremos ter um time que recupere o orgulho de torcer pelo Palmeiras."
Era essa também a intenção em 2009, quando o Palmeiras liderou o Brasileirão por 19 rodadas, pagou caro para contratar Muricy Ramalho, para contar com Vagner Love, impediu a negociação de Pierre, não ouviu propostas por Cleiton Xavier e Diego Souza. Montou um time forte. Por alguns meses, o palmeirense teve orgulho do Palmeiras. Depois, sentiu vergonha pela maneira como perdeu o título.
Não se pode culpar o presidente por isso, mas é de se ponderar até que ponto esforços como o que o Palmeiras faz para ter Valdivia dão mais resultado do que a atuação mais controlada do Corinthians, desde que caiu para a Série B.
O Corinthians chegou à decisão da Copa do Brasil de 2008, venceu a Série B e voltou à elite em meio a comentários de que sua nova equipe era fraca para a Série A. Com ela, foi campeão paulista invicto e conquistou a Copa do Brasil de 2009. Fracassou no Brasileirão 2009, na Libertadores de 2010, mas o corintiano estufa o peito para mostrar, orgulhoso, o escudo de seu clube.
Não se esquece aqui todo o esquema para contratar Ronaldo. Mas a frase de Andres Sanchez é um retrato fiel da maneira como o torcedor brasileiro se comporta. É ótimo o esforço para oferecer ídolos à torcida. O Palmeiras faz bem em reforçar seu time com Valdivia, em contratar Felipão, em juntá- -los a Marcos e formar um paredão de referências para sua torcida. Mas o esforço que mais vale a pena mesmo é o de entender exatamente onde está a fronteira entre um trabalho que dá satisfações momentâneas e aqueles que levam aos títulos. Nos últimos três anos, o Corinthians entendeu melhor onde está essa fronteira.
Hoje, a torcida do Palmeiras será maioria no Pacaembu, fruto do mando de campo, não da presença de Felipão ou da ausência de Valdivia.
Na terça-feira, Belluzzo falou sobre o clássico e defendeu que Palmeiras x Corinthians segue sendo a maior rivalidade do Estado.
Houve um tempo em que não era preciso usar argumentos para defender essa ideia. Os títulos dos dois lados garantiam isso.

pvc@uol.com.br


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