EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O cerco está se fechando ao técnico Murtosa no Palmeiras.
Por isso, nem a amizade com o presidente do clube, Mustafá Contursi, nem o status de pentacampeão mundial com a seleção brasileira de Luiz Felipe Scolari podem assegurar a permanência do treinador no cargo caso a equipe fracasse novamente hoje, às 16h, contra o Paraná, em Curitiba.
Até o técnico palmeirense deixa isso claro. Suas palavras são sintomáticas. "O presidente é uma pessoa que conheço faz muito tempo. Ele me deu tranquilidade para trabalhar. Só que o futebol é prático, feito de vitórias. Ninguém sobrevive sem elas", declarou.
Festejado em seu retorno ao Palmeiras, clube em que triunfou em sua única aventura como treinador -venceu a Copa dos Campeões em 2000-, Murtosa agora vive uma situação inédita.
Embora seja respeitado pela cúpula do clube, bastaram duas derrotas seguidas no Brasileiro, em que é só o 22º colocado, para que sua competência como treinador fosse colocada em xeque.
Alguns conselheiros do clube pedem a substituição do técnico, alegando que ele não tem experiência para comandar o time.
A Mancha Alviverde, principal torcida organizada palmeirense, que durante a semana emitiu manifesto criticando Murtosa, também quer a troca do treinador.
E ameaça repetir o gesto se a equipe for derrotada hoje.
"Nós vamos esperar até domingo [hoje". Se o time perder outra, a coisa vai ficar ruim para ele ", afirmou o presidente da Mancha, Paulo Serdan. "Se o time não apresentar um padrão de jogo, a diretoria tem de tomar providências. Caso contrário, a coisa vai ficar insustentável", afirmou.
Pressionado, Mustafá Contursi chamou Murtosa para uma conversa na última quinta-feira. Não falou em demissão, mas disse que terá dificuldades em mantê-lo no cargo em caso de novo revés.
O próprio Murtosa, em sua apresentação no Parque Antarctica, afirmou que "nenhum técnico se sustenta com quatro derrotas seguidas". Anteontem, repetiu: "Já estamos na sexta rodada, e seis técnicos já caíram. Não me iludo".
Para piorar, ele ainda terá de escalar um time remendado hoje, sem seus principais atletas. No departamento médico estão Zinho, Lopes, Pedrinho e César.
Anteontem, Arce, a principal referência do time, com uma contratura na coxa esquerda, juntou-se ao grupo e também está fora.
Sem alternativa, Murtosa escalará uma equipe ofensiva contra o rival paranaense, último colocado no Nacional. Serão três atacantes -Dodô, Itamar e Nenê.
"Não posso ficar sem tentar. Estou numa situação que só a vitória me interessa", declarou o técnico, que colocará Leonardo na lateral direita e o volante Alceu no meio-campo. "O Palmeiras tem de jogar melhor. Não adianta culpar o treinador. Ele faz a parte dele, mas nós temos de fazer a nossa", disse o goleiro Marcos, saindo em defesa de seu comandante.