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Brasileiro gringo seca o Mundial
Promessa que mora nos EUA e não integra a seleção cria movimento e torce para ninguém copiá-lo
Pioneiro da ginástica
brasileira em Olimpíadas,
pai de Daniel Ribeiro, 18,
põe vídeo do filho em ação
na internet e leva bronca
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Começa hoje em Stuttgart
(ALE) o maior Mundial de ginástica artística da história,
com a presença de 551 ginastas.
E o Brasil, que estréia amanhã,
também ostenta número recorde de participantes: 14.
Mas, apesar de o país folgar
neste primeiro dia do evento,
um brasileiro, bem longe da cidade alemã, seguirá todo o torneio para verificar se ninguém
irá lhe tirar a autoria de um movimento inédito na ginástica.
Daniel Ribeiro, 18, não integra a seleção, nunca disputou o
Brasileiro e jamais atuou com
Diego Hypólito e cia. O ginasta
vive desde que nasceu em Nova
Jersey. Mas protagoniza nos
EUA os maiores arroubos de
crítica desde a série de Daiane
dos Santos, com o duplo twist
carpado, em Anaheim-2003.
Isso porque o ginasta, filho
de João Luis Ribeiro, o primeiro brasileiro a atuar na modalidade no torneio olímpico, em
Moscou-1980, é autor de movimento pioneiro no cavalo com
alças, o qual consiste num giro
de 480, com o apoio de apenas
uma mão sobre uma das alças.
"Eu penso coisas novas e, depois, tento executá-las. Tenho
facilidade no cavalo com alças,
por isso não foi difícil fazer o
movimento. E os meus pulsos
são muito flexíveis, o que me
permite executar elementos
que a maioria não consegue."
A preocupação de que o movimento seja copiado deve-se
ao fato de seu pai ter posto no
site YouTube, desde dezembro
de 2006, exibição do ginasta no
Nacional Júnior dos EUA -ele
é o atual campeão do aparelho.
"Ele ficou bravo, mas o vídeo
não chama a atenção por ele
ainda não ter fama internacional", diz João Luis.
Segundo Daniel, o movimento tem dado frutos. O primeiro
deles, notas altas -já tirou 9,90
(em 2005, na regra antiga,
quando o topo era 10).
O segundo, o fato de ter atuado na Winter Cup (EUA), que
reúne ginastas com novos elementos -ele foi o único brasileiro. Terceiro, por ter conseguido bolsa de mais de US$ 100
mil na Universidade de Illinois.
Com 18 anos e sem falar português, Daniel sonha em ir ao
Mundial e à Olimpíada -eventos em que, ao lado da finalíssima da Copa do Mundo, novas
acrobacias ganham o nome do
autor-, seja por Brasil ou EUA.
"Se alguém o fizer no Mundial, merece o ter o nome no código de pontuação, pela dificuldade do movimento [a mais alta]. Mas é injusto poder batizar
habilidade só nesses torneios."
Até hoje só Daiane ("Dos
Santos") e Diego ("Hypólito")
conseguiram o feito. Não é raro
um atleta criar o elemento e outro batizá-lo. "Ocorreu com o
"Tsukahara", que foi criado por
um russo, mas o japonês apresentou antes", diz João.
E, para consagrar o "Ribeiro"
pelo Brasil, Daniel terá que vir
mais ao país, o qual visitou em
dezembro, após 12 anos. "Para
estar na seleção, há requisitos.
Um é atuar no Brasileiro", diz
Eliane Martins, supervisora da
confederação de ginástica.
Com 1,72 m e 76 kg, Daniel
brilha em um aparelho que é o
calcanhar-de-Aquiles do Brasil
- foi nele em que o país somou
menos pontos no Mundial de
Aarhus-06 e no Pan-07.
"Ele tem potencial, mas precisa aprimorar outros aparelhos", diz o técnico Raimundo
Blanco, da seleção, que avaliou
o atleta no final de 2006.
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