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Fifa manda caso Dodô a tribunal internacional
Entidade contesta absolvição do atacante no STJD
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fifa tentará mudar a absolvição do botafoguense Dodô
por doping no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, surpreendendo a defesa do atleta.
Por meio de ofício, a entidade
notificou a CBF que depois de
analisar o caso decidiu realizar
um recurso na Corte Arbitral
do Esporte (CAS) contra a decisão tomada pelo tribunal brasileiro, que reverteu uma decisão
de primeira instância que punia o atleta por 120 dias.
No mesmo documento, a Fifa
diz que recebeu o expediente
do caso no último dia 28 e, a
partir dele, tomou sua decisão,
que pode fazer com que o jogador do time carioca receba uma
suspensão de até dois anos.
A defesa de Dodô estranha
esse fato. Segundo Carlos Portinho, advogado do jogador, ele
só mandou para a CBF na última quarta-feira as peças de defesa utilizadas para salvar o atacante traduzidas do português
para o inglês. E afirma que elas
só seriam mandadas para a Suíça, sede da Fifa, ontem.
"Não consigo cogitar que alguém tenha tomado uma decisão na Fifa sem ter o conhecimento do caso", diz Portinho.
O advogado falou à Folha ontem à tarde que havia ligado à
CBF e obtido a resposta que a
apelação da Fifa não era oficial
ainda, mesmo com a reprodução do ofício estando no site da
entidade horas antes.
Portinho diz não temer as
cortes internacionais. "Minha
defesa foi toda feita em cima do
código da Wada, a agência antidopagem, e isso vai até ajudar
num tribunal de fora", explica
o representante de Dodô, que
conseguiu absolver seu cliente
no STJD com a tese de que o jogador foi contaminado por culpa de uma farmácia.
Mas a própria Wada pode entrar no caso, juntando-se à Fifa
no recurso -normalmente só
as federações de cada modalidade fazem isso. As normas da
entidade dizem que um atleta,
mesmo se tiver tomado uma
substância proibida por engano, deve ser punido.
O Botafogo promete defender seu jogador nesse novo julgamento e se queixa do "ibope"
que o caso gera.
Para Paulo Schmitt, procurador-geral do STJD, a interferência da Fifa no caso mostra
que "a questão do doping fragiliza o tribunal". Segundo ele, a
matéria, por suas dificuldades
técnicas, é muito mais complexa de se analisar do que outras
questões disciplinares.
Schmitt diz que a interferência da Fifa em decisão do tribunal nacional vai gerar controvérsias sobre a sua legalidade.
E que isso poderia ser evitado.
"Quem sabe se a suspensão inicial de 120 dias fosse mantida
isso não estaria acontecendo",
fala o procurador-geral, que indicou dois procuradores para
checar a acusação que o procedimento adotado contra a farmácia que teria prejudicado
Dodô teve ilegalidades.
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