São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Fifa manda caso Dodô a tribunal internacional

Entidade contesta absolvição do atacante no STJD

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fifa tentará mudar a absolvição do botafoguense Dodô por doping no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, surpreendendo a defesa do atleta.
Por meio de ofício, a entidade notificou a CBF que depois de analisar o caso decidiu realizar um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS) contra a decisão tomada pelo tribunal brasileiro, que reverteu uma decisão de primeira instância que punia o atleta por 120 dias.
No mesmo documento, a Fifa diz que recebeu o expediente do caso no último dia 28 e, a partir dele, tomou sua decisão, que pode fazer com que o jogador do time carioca receba uma suspensão de até dois anos.
A defesa de Dodô estranha esse fato. Segundo Carlos Portinho, advogado do jogador, ele só mandou para a CBF na última quarta-feira as peças de defesa utilizadas para salvar o atacante traduzidas do português para o inglês. E afirma que elas só seriam mandadas para a Suíça, sede da Fifa, ontem.
"Não consigo cogitar que alguém tenha tomado uma decisão na Fifa sem ter o conhecimento do caso", diz Portinho.
O advogado falou à Folha ontem à tarde que havia ligado à CBF e obtido a resposta que a apelação da Fifa não era oficial ainda, mesmo com a reprodução do ofício estando no site da entidade horas antes.
Portinho diz não temer as cortes internacionais. "Minha defesa foi toda feita em cima do código da Wada, a agência antidopagem, e isso vai até ajudar num tribunal de fora", explica o representante de Dodô, que conseguiu absolver seu cliente no STJD com a tese de que o jogador foi contaminado por culpa de uma farmácia.
Mas a própria Wada pode entrar no caso, juntando-se à Fifa no recurso -normalmente só as federações de cada modalidade fazem isso. As normas da entidade dizem que um atleta, mesmo se tiver tomado uma substância proibida por engano, deve ser punido.
O Botafogo promete defender seu jogador nesse novo julgamento e se queixa do "ibope" que o caso gera.
Para Paulo Schmitt, procurador-geral do STJD, a interferência da Fifa no caso mostra que "a questão do doping fragiliza o tribunal". Segundo ele, a matéria, por suas dificuldades técnicas, é muito mais complexa de se analisar do que outras questões disciplinares.
Schmitt diz que a interferência da Fifa em decisão do tribunal nacional vai gerar controvérsias sobre a sua legalidade. E que isso poderia ser evitado. "Quem sabe se a suspensão inicial de 120 dias fosse mantida isso não estaria acontecendo", fala o procurador-geral, que indicou dois procuradores para checar a acusação que o procedimento adotado contra a farmácia que teria prejudicado Dodô teve ilegalidades.

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