São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2008

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - paulovinicius.coelho@uol.com.br

O dia do forasteiro

O PALMEIRAS venceu ontem, contra o Atlético-PR, sua terceira partida como visitante, em 12 jogos fora de casa. Continua sendo pouco, mas o triunfo será fundamental, se o time quiser ganhar o Brasileirão.
Na Arena, onde o Palmeiras jamais havia vencido, Luxemburgo mudou o jeito de jogar. Em vez de ter a posse de bola, como é praxe no Palestra Itália, escalou Martinez como terceiro zagueiro, adiantou os alas Élder Granja e Jefferson para marcar Márcio Azevedo e Rodriguinho e deixou Sandro Silva sem responsabilidade de marcação individual.
A missão de Sandro Silva era fazer a saída para o contra-ataque, como no lance do primeiro gol de Diego Souza. Um dos dois momentos em que Diego escapou da marcação pessoal do volante Chico.
A observação sobre os resultados ruins como visitante tem irritado Luxemburgo. Para ele, todos os rivais diretos na luta pela taça têm os mesmos defeitos fora de casa. Exceção é o Grêmio, com cinco vitórias longe de Porto Alegre.
Nada diferente do que ocorreu de 2003 a 2007, na era dos pontos corridos. Sempre houve um time forte fora de casa: o campeão. Ou seja, ou Luxemburgo faz o Palmeiras ganhar mais vezes como forasteiro, ou perde o Nacional.
Luxemburgo já esteve do outro lado. Em 2003, seu Cruzeiro foi campeão porque venceu 14 fora de casa. Jogava do mesmo jeito, no Mineirão ou longe dele. Apostava na posse de bola e envolvia o adversário, jogasse onde jogasse. Por que era diferente?
"Ele tinha 15 jogadores confiáveis. Hoje, nenhum time tem", diz o treinador do Cruzeiro, Adílson Batista, que, na prática, defende a si próprio, porque o Cruzeiro também se afasta do título, pois não vence como visitante.
E por que o Grêmio ganha fora? Diferentemente de Cruzeiro e Palmeiras, o Grêmio é contra-ataque. Tem o quarto pior índice de posse de bola. Onde joga, marca na intermediária e sai muito rápido.
Foi o que fez o Palmeiras ontem. Fica mais competitivo com volantes bons de desarme e rápidos na saída. O símbolo é Sandro Silva. O Atlético apostou em tirar espaço do rival. Sem criatividade, o Palmeiras desperdiçaria passes, ofereceria o contra-ataque e perderia. A estratégia diferente mudou a história do jogo.

LINHA DE CINCO
Alguns dos melhores jogos do São Paulo no ano foram com linha de cinco atletas no meio-campo, como Muricy escalou a equipe no primeiro tempo contra o Santos, ontem. Mas, com Hernanes e Richarlyson na armação, fica mais evidente a falta de um homem de criação. Contra o Santos, não deu certo.

CARÊNCIAS
Márcio Fernandes achou o homem para ser armador: o ex-lateral Michael. Contra o São Paulo, o novo camisa 10 não foi bem. Também não foi bem, de novo, Kléber. Neste ano, ele não fez bom jogo, na lateral ou na meia. E terá de se conformar. O negócio com o Hamburgo não deu certo, e ele segue no Santos.

PELO ALTO
A equipe do Grêmio insistiu nas jogadas pelo lado direito, seu setor mais forte. E conquistou os dois gols da vitória contra o Vasco por ali. A entrada de Souza tornou ainda mais forte esse setor do campo. Souza, ex-São Paulo, pode se tornar o terceiro jogador tricampeão brasileiro em seqüência, depois de Ronaldo (com o Atlético-MG, em 1971, e o Palmeiras, em 1972 e 1973) e Zinho (com o Flamengo, em 1992, e o Palmeiras, em 1993 e 1994).


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