São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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Corinthians "infla" ganho de sua arena

Clube projeta renda com nome do estádio maior do que às dos EUA e da Europa e pagará custos se der errado

MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

A principal fonte de financiamento do estádio do Corinthians é baseada em uma projeção inflada de ganhos com a venda do seu nome ("naming rights"). Se o valor não for atingido, o clube terá de pagar o restante da obra.
A diretoria corintiana divulgou ontem que a arena custará R$ 335 milhões -esse valor não inclui a expansão para abrigar a abertura da Copa de 2014. A Odebrecht fará a obra e pretende recuperar o valor integralmente com a venda do nome, de acordo com os cartolas.
Os "naming rights" devem ser negociados por um período entre 11 e 15 anos. Considerado o maior período, isso significa R$ 22,2 milhões.
No mercado mais rico do futebol mundial, o inglês Arsenal obteve R$ 18,1 milhões por ano ao vender o nome seu estádio à Emirates Airlines. E o valor inclui patrocínio na camisa por oito anos.
Se incluísse o uniforme no negócio, o Corinthians não teria problemas para pagar a conta: o patrocínio principal é de R$ 38 milhões por ano.
Mas, considerado só o batismo do estádio, nenhum time mundial obteve o valor projetado pelos corintianos. Nem no mercado esportivo dos EUA, o mais rico do mundo. O maior valor acertado no país para os "naming rights" foi do Houston Texans, equipe de futebol americano que ganha R$ 17,6 milhões por ano da Reliant Energy.
Por isso, especialistas ouvidos pela Folha, que falaram na condição de anonimato, disseram que a projeção corintiana é irreal.
Quem aceitou falar abertamente sobre o tópico foi bastante cauteloso na análise.
"Normalmente, a venda de "naming rights", alimentos e camarotes costumam pagar entre 40% e 60% da construção do estádio", declarou o advogado e especialista em gestão de arenas Luis Roberto Martins de Castro.
No Brasil, ainda há um grande obstáculo para a venda do nome de estádio: veículos de comunicação se recusam a mencionar o patrocinador. Isso acontece especialmente com a TV Globo.
"Os patrocinadores não ficam felizes de não terem o nome divulgado. Ficarão com um pé atrás para investir", analisou André Figer, empresário que intermedeia patrocínios para clubes.
"Ainda vai demorar para saber se o Corinthians conseguirá atingir sua meta. Só vamos vender o nome mais perto da inauguração, porque agora está na baixa e depois estará na alta", afirmou diretor de marketing corintiano, Luis Paulo Rosenberg.
Não há informações de como o clube projetou o seu ganho de receita com o nome.


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