|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
Corinthians "infla" ganho de sua arena
Clube projeta renda com nome do estádio maior do que às dos EUA e da Europa e pagará custos se der errado
MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO
A principal fonte de financiamento do estádio do Corinthians é baseada em uma
projeção inflada de ganhos
com a venda do seu nome
("naming rights"). Se o valor
não for atingido, o clube terá
de pagar o restante da obra.
A diretoria corintiana divulgou ontem que a arena
custará R$ 335 milhões -esse valor não inclui a expansão para abrigar a abertura
da Copa de 2014. A Odebrecht fará a obra e pretende
recuperar o valor integralmente com a venda do nome,
de acordo com os cartolas.
Os "naming rights" devem
ser negociados por um período entre 11 e 15 anos. Considerado o maior período, isso
significa R$ 22,2 milhões.
No mercado mais rico do
futebol mundial, o inglês Arsenal obteve R$ 18,1 milhões
por ano ao vender o nome
seu estádio à Emirates Airlines. E o valor inclui patrocínio na camisa por oito anos.
Se incluísse o uniforme no
negócio, o Corinthians não
teria problemas para pagar a
conta: o patrocínio principal
é de R$ 38 milhões por ano.
Mas, considerado só o batismo do estádio, nenhum time mundial obteve o valor
projetado pelos corintianos.
Nem no mercado esportivo
dos EUA, o mais rico do mundo. O maior valor acertado no
país para os "naming rights"
foi do Houston Texans, equipe de futebol americano que
ganha R$ 17,6 milhões por
ano da Reliant Energy.
Por isso, especialistas ouvidos pela Folha, que falaram na condição de anonimato, disseram que a projeção corintiana é irreal.
Quem aceitou falar abertamente sobre o tópico foi bastante cauteloso na análise.
"Normalmente, a venda
de "naming rights", alimentos
e camarotes costumam pagar
entre 40% e 60% da construção do estádio", declarou o
advogado e especialista em
gestão de arenas Luis Roberto Martins de Castro.
No Brasil, ainda há um
grande obstáculo para a venda do nome de estádio: veículos de comunicação se recusam a mencionar o patrocinador. Isso acontece especialmente com a TV Globo.
"Os patrocinadores não ficam felizes de não terem o
nome divulgado. Ficarão
com um pé atrás para investir", analisou André Figer,
empresário que intermedeia
patrocínios para clubes.
"Ainda vai demorar para
saber se o Corinthians conseguirá atingir sua meta. Só vamos vender o nome mais perto da inauguração, porque
agora está na baixa e depois
estará na alta", afirmou diretor de marketing corintiano,
Luis Paulo Rosenberg.
Não há informações de como o clube projetou o seu ganho de receita com o nome.
Texto Anterior: Brasil precisa de 4 estádios para 2013 Próximo Texto: Experiência do Atlético-PR foi pouco rentável Índice
|