São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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BOXE

Caminho de volta

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cotovelos apoiados na mesa. Os dedos entrelaçados. O olhar fixo à frente.
Enquanto isso, seu promotor, Arthur Pelullo, o questionava.
- O que acha de [o campeão dos leves do CMB, Jose Luís] Castillo?, questionou o americano.
- Eu queria ele antes de pegar [Diego] Corrales. Como todo pugilista mexicano, ele é muito parado. Assisti a suas lutas com Floyd Mayweather, disse Popó.
O empresário rapidamente passou para um outro "assunto".
- E [o campeão dos leves da FIB, o norte-americano] Julio Diaz?, perguntou o americano.
- Ele é bom. Fiz sparring [treino com luvas] com ele. Mas não sei se ficará muito tempo como campeão, respondeu o baiano.
- Seu promotor é meu amigo. Pode facilitar se optarmos por esse adversário, informou Pelullo.
A resposta do brasileiro foi somente um movimento, afirmativo, de cabeça. Sem palavras.
- E quem você acredita que venceria um combate entre Castillo e Corrales?, prosseguiu com sua sabatina o norte-americano.
- Acho que o Corrales, por nocaute. O boxeador mexicano recebe tudo o que vem. E Corrales bate bem duro, analisou o baiano.
- E o que você acha do garoto russo, Yuri Romanov, que é o segundo do ranking [da OMB, sendo que o primeiro posto está vago]? Ele tem somente 17 lutas.
- Não sei, não o conheço. Não sei com quem lutou. Eu teria de ver seu cartel para dizer alguma coisa, reconheceu o brasileiro.
- Bom, vamos indo, aconselhou um dos dois interlocutores.
O diálogo acima não durou mais de dez minutos. Aconteceu após jantar entre Pelullo e Popó.
Não teve objetivo aparente, já que foi uma "dança" ao redor dos principais nomes da categoria dos leves (limite de peso de 61,2 kg).
- Não, ao contrário, foi uma conversa proveitosa, informou Pelullo, ao explicar sua utilidade.
- Ela serviu para analisar como está Freitas após a derrota para Corrales. Dá para ter uma idéia de como está se recuperando, concluiu o norte-americano.
A única coisa que deixou de explicar foi o que conseguiu depreender após a sua conversa.
 
Quem já passou pelo que passa Popó hoje é Wladimir Klitschko, que retorna ao ringue amanhã, em Las Vegas. O ex-campeão dos pesados da OMB volta contra o americano Davarryl Williamson.
Em seu último combate, Klitschko, irmão de Vitali, campeão pelo CMB, foi demolido pelo americano Lamon Brewster. Até então, Wladimir vinha sendo badalado como o último grande campeão dos pesados, com direito à capa da "The Ring" e tudo.
Ah, a diferença que uma derrota faz... Alguns dos principais nomes do jornalismo pugilístico decidiram nem participar da teleconferência promocional para o combate Klitschko x Williamson.
Na atitude, houve mudanças.
Wladimir diz não sentir pressão por estar no "fundo do poço".
E, ao ser elogiado por Williamson, ironizou: "Não sou tão grande e forte e não tenho bolas [crítica que a mídia americana fez após uma derrota anterior]".

Programação 1
É como se os retornos ao ringue fossem o tema do final de semana. Além de Klitschko, também volta amanhã, em programação transmitida nos EUA pela HBO em "pay-per-view", o ídolo porto-riquenho Félix "Tito" Trinidad. O adversário será o nicaraguense Ricardo Mayorga, que ganhou notoriedade por beber cerveja, fumar charutos e comer pizza em treinos e durante a cerimônia de pesagem. Havia quem pensasse se tratar de truque de marketing, mas deixaram de acreditar na hipótese após péssimas atuações de Mayorga e o fato de ele não ter "dado o peso" para uma de suas últimas lutas.

Programação 2
A ESPN exibe hoje na série "O Melhor do Friday Night Fights" teipe do combate entre Angel Vazquez e Max Gomez, às 22h30.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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