São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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Volantes aposentam "brucutus" no Palmeiras

Francis e Wendel, revelados pelas categorias de base do clube, quebram tradição de pegada no meio e levam mais técnica ao setor

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A dupla de meio-de-campo mais famosa e festejada do Palmeiras é Dudu e Ademir da Guia. Clássica, símbolo de uma era gloriosa, a da "Academia". Hoje, uma outra dupla, ainda que menos importante e com muito menos técnica e habilidade, tenta deixar sua marca.
Francis e Wendel, o par de volantes que ostentam a condição de titulares no time, são responsáveis pela quebra de uma "tradição" de pelo menos uma década e meia.
Criados nas categorias de base do Palmeiras, eles não fazem o estilo "brucutu", tão identificado com a posição em que atuam. Por terem, além de poder de marcação e colocação defensiva, habilidade para conduzir a bola, ambos são as válvulas de escape do time quando o adversário fecha a transição da defesa para o ataque pelos lados do campo.
Tanto Wendel como Francis também costumam aparecer mais à frente quando o Palmeiras está atacando para tentar auxiliar os armadores.
A dupla alviverde já acumula números dignos de comparação com um par de volantes bem mais badalado, formado por Josué e Mineiro. No Nacional, o desempenho conjunto de Francis e Wendel é semelhante ao dos são-paulinos, tidos por muito como os melhores volantes em atividade no país.
Em um fundamento crucial para jogadores do meio-de-campo, o passe, o aproveitamento da dupla palmeirense é semelhante ao dos tricolores.
No Brasileiro, Francis e Wendel acertam 87,1% dos passes que tentam. O índice de Mineiro/Josué é de 89,6%.
E até já existem alguns fundamentos em que os volantes do Palmeiras são superiores à exemplar dupla do time rival. Eles têm melhor média por jogo nos desarmes (15,5 contra 14,3), faltas cometidas (2 a 2,7) e cruzamentos (2,2 a 0,8).
Mas, apesar disso, a ascensão dos volantes até o time principal não foi imediata. Crias do time B do clube, ambos passaram dos 20 anos há algum tempo.
Wendel, prestes a completar 25 anos, foi levado ao time na primeira passagem interina de Marcelo Vilar como técnico. Desde então, ele virou o responsável por liberar Paulo Baier da marcação, cobrindo as subidas do ofensivo ala.
Já Francis tem uma história ainda mais longa no clube, onde chegou em 1998. Ele teve algumas chances com outros técnicos para fazer parte do elenco principal, mas apenas com Tite, e aos 24 anos, é que ele se firmou enfim como titular.
A história do Palmeiras nos anos 90 e 2000 têm como personagens alguns volantes brucutus, como Amaral. O jogador, que esteve no Parque Antarctica de 1993 a 1997, é lembrado por sua fama de "carrapato" de seus alvos de marcação, além de ter se notabilizado por marcar apenas um gol em 244 jogos com a camisa do Palmeiras.
Porém ninguém simboliza mais a classe dos "pegadores" palmeirenses do que Galeano. Surgido nas categorias de base do clube, o volante foi alçado ao time principal aos 17 anos, em 1989, e atuou em 474 partidas até deixar o clube, em 2002.


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