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COI reúne nobres e condenados
Acusados de escândalos ou fraudes estão entre os 106 membros do Comitê Olímpico Internacional
Príncipes, empresários e políticos compõem o colégio eleitoral que decide amanhã a sede dos Jogos de 2016 em luxuoso hotel na Dinamarca
DOS ENVIADOS A COPENHAGUE
Um condenado a 15 meses de
prisão pelo envolvimento em
um esquema de financiamento
ilegal de partidos políticos na
França. Um outro acusado de
integrar o último escândalo de
manipulação de resultados no
futebol italiano, ocorrido às
vésperas da Copa do Mundo de
2006, vencida por seu país. Um
terceiro preso e multado por
evasão fiscal na Coreia do Sul.
O COI (Comitê Olímpico Internacional) abriga também dirigentes ligados a duas das mais
longas ditaduras do planeta
-Cuba e Coreia do Norte. O órgão conta ainda com uma dezena de nobres, como o príncipe
Albert 2º, de Mônaco, e, recentemente, com uma série de ex-
-campeões olímpicos que entraram para tentar melhorar a
imagem do colégio eleitoral.
Com personalidades tão diversas, os 106 membros do COI
vão decidir amanhã a cidade-
-sede dos Jogos de 2016, no luxuoso Bella Center, em Copenhague. Rio, Chicago, Tóquio e
Madri disputam a Olimpíada.
""O nosso trabalho aqui é técnico. Ainda não escolhi o meu
candidato", disse Francis
Nyangweso, de Uganda, ex-comandante do Exército de seu
país nos anos 70, durante a ditadura de Idi Amin Dada.
Já o sul-coreano Kuu He Lee
não vai poder nem ser paparicado pelas quatro candidaturas. Ex-presidente da Samsung,
ele foi condenado por evasão de
impostos no ano passado e só
está em liberdade porque pagou multa de US$ 100 milhões
(cerca de R$ 180 milhões).
Apesar de ter conseguido escapar da prisão, não votará
amanhã. Foi suspenso pelo
COI. Mesmo com a punição da
Justiça, ele permanece no quadro do comitê internacional.
Em 2007, sua empresa renovou
por dez anos um contrato de
patrocínio com a entidade.
Na Europa, o francês Guy
Drut e o italiano Franco Carraro foram punidos pela Comissão de Ética do COI recentemente, mas também não perderam os seus assentos.
Drut foi condenado a 15 meses de prisão por atuar em sistema de financiamento ilegal
de partido na França. Carraro,
que presidiu a Federação Italiana de Futebol, demitiu-se
após a descoberta de esquema
de fabricação de resultados para favorecer clubes do país.
Apesar da ficha suja de alguns dirigentes atuais, o COI já
viveu dias mais tristes.
Em 1998, membros da entidade foram acusados de trocar
seus votos por dinheiro e presentes para favorecer Salt Lake
(EUA), que recebeu a Olimpíada de Inverno em 2002.
Na época, os responsáveis
pela campanha teriam gasto
cerca de US$ 1,2 milhão com dirigentes do COI durante o processo seletivo. O resultado do
escândalo foi a expulsão de seis
membros, a renúncia de outros
quatro e uma mudança nas regras, que impôs limite ao tempo de mandato dos novatos.
""Sei que os membros do COI
são sérios e honestos e acompanham muito o esporte. Por isso,
estou confiante [na vitória do
Rio]", disse Pelé, um dos trunfos da candidatura Rio-2016
para obter votos na Dinamarca.
(RODRIGO MATTOS E SÉRGIO RANGEL)
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