São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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FUTEBOL

Clube informa que, na volta de treinos, atletas e comissão técnica "poderão dar entrevistas" sobre a morte de Serginho

São Caetano quebra hoje silêncio velado

KLEBER TOMAZ
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje, pela primeira vez desde a morte em campo do zagueiro Serginho, jogadores e comissão técnica do São Caetano se reúnem para treinar e para voltar a falar.
A equipe do ABC faz no Anacleto Campanella sua reapresentação depois de cinco dias de inatividade por conta do ocorrido na última quarta-feira no Morumbi.
Segundo o clube, o treino, marcado para as 9h30, será "normal". "Todos os que quiserem poderão dar entrevistas depois", disse o assessor Olivério Júnior.
"Todo mundo volta a trabalhar", respondeu ele, ao ser questionado se até o médico Paulo Forte, que desde quarta-feira não é localizado, se reapresentará.
Porém o assunto Serginho não deverá ser livre. Desde a semana passada, jogadores e integrantes da comissão técnica do São Caetano têm se recusado a abordar quaisquer temas a respeito da doença do zagueiro.
Apenas a família do jogador, durante o enterro em Coronel Fabriciano (MG), e o presidente do clube do ABC, Nairo Ferreira de Souza, falaram sobre o assunto.
A presença mais aguardada é a de Paulo Forte, que prestou os primeiros socorros ao jogador.
Segundo a filha dele, Marina, o médico só quebrará o silêncio após ser liberado pelos dirigentes do clube do ABC. "Meu pai não vai falar agora. Tem um dia certo para ele falar. O pessoal do São Caetano é quem sabe", declarou.
O médico do clube do ABC estaria em sua casa, em São Caetano do Sul, ainda se reestabelecendo do choque sofrido com a tragédia.
Segundo o meia-atacante Marcinho, que esteve no sepultamento do companheiro, foi feito um pacto entre os atletas para que não comentassem a tragédia.
"Eu não vou falar nada do Serginho. Na verdade, nós [jogadores] não vamos falar nada. Depois que ele [Serginho] esteve no hospital, nos reunimos numa sala e decidimos não falar mais nada sobre isso. É por tempo indeterminado."
A Folha apurou que partiu da diretoria do São Caetano uma determinação para que jogadores e membros da comissão técnica se calassem, a fim de evitar que fossem levantadas novas polêmicas.
As principais questões a respeito da morte de Serginho e do prévio conhecimento da doença cardíaca do atleta pelo São Caetano foram levantadas ainda dentro do campo do Morumbi, pouco depois da parada cardiorrespiratória do zagueiro, pelos próprios companheiros de clube.
O volante são-paulino César Sampaio, que contara à imprensa que havia um termo de responsabilidade assinado por Serginho, disse que ouviu falar desse documento em conversas com o atacante Euller, o goleiro Silvio Luiz e o volante Mineiro.
O goleiro do São Caetano também havia sido o primeiro a revelar que Serginho sofria de uma doença cardíaca.
Na quarta-feira, o São Caetano volta a campo para jogar os 31 minutos restantes da partida contra o São Paulo, até então sem gols.


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