São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO
Na cúpula do time do tetracampeão na F-1, ex-piloto cogita contratar brasileiro para o próximo Mundial
Diniz deixa as pistas e vira sócio de Prost

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O brasileiro Pedro Paulo Diniz, 30, anunciou ontem que mudará de papel na F-1. A partir de agora, deixará de ser piloto para se tornar sócio do tetracampeão Alain Prost na equipe Prost Grand Prix.
"Vou me concentrar para aprender tudo sobre o outro lado da F-1", afirmou Diniz à Folha, por telefone, de Guyancourt, na França, onde fica a sede do time. "Já estava negociando há algum tempo. A decisão de passar para o outro lado do muro foi difícil."
Nenhuma das partes informou valores e a participação acionária do novo sócio na equipe. "Alain Prost continua sendo o acionista majoritário", disse o comunicado oficial sobre o negócio. "Isso é sigiloso. Só posso dizer que terei uma boa parte", completou Diniz.
Na Europa, especula-se que sua fatia está entre 30% e 40%.
O brasileiro apontou dois motivos para sua decisão. Em primeiro lugar, afirmou que seria complicado acumular funções.
"Eu poderia continuar correndo, mas seria muita responsabilidade. Como piloto, não poderia estar atuando na administração."
Por fim, alegou que a F-1 atual é pouco motivante para pilotos de equipes médias e pequenas. Neste ano, as vitórias foram divididas por apenas duas escuderias, Ferrari e McLaren. "Isso pesou."
Embora ainda não tenha um cargo definido na hierarquia da Prost, Diniz disse que vai estar em todos os GPs e que participará ativamente de todas as decisões.
Com certeza, o brasileiro terá uma tarefa complicada. Neste ano, a Prost foi a última colocada no Mundial de Construtores, com zero ponto. Seu melhor resultado foi um oitavo lugar, de Nick Heidfeld, no GP da Europa, em maio.
A equipe ainda colecionou lances estapafúrdios. Em dois GPs seguidos, França e Áustria, seus dois pilotos, Heidfeld e Jean Alesi, bateram um contra o outro. No Brasil, o aerofólio de Alesi saiu voando durante o warm-up.
"É um grande desafio, mas estou aqui para fazer a equipe crescer. A Prost vai ter um pacote técnico muito bom, e estamos contratando pessoas importantes: o Viladelprat, o Durand..."
Com passagens por times como McLaren e Ferrari, Juan Viladelprat e Henri Durand são respectivamente os novos diretor-geral e diretor técnico da Prost.
Nas próximas semanas, a equipe deve anunciar seu segundo piloto, que ocupará a vaga de Heidfeld, contratado pela Sauber.
De acordo com Diniz, entre os concorrentes ao posto estão alguns "jovens brasileiros". Enrique Bernoldi, piloto de testes da Sauber, é o nome mais cotado.
Com a conclusão do negócio, Diniz passa a protagonizar a terceira tentativa brasileira no comando de uma equipe de F-1.
Entre 1975 e 1982, Emerson Fittipaldi tentou manter um time próprio na categoria. Sem sucesso, abandonou o projeto e, anos depois, foi tentar a sorte na Indy.
E, em 1995, Carlo Gancia foi co-proprietário da Forti Corse, time que correu apenas aquela temporada e que promoveu justamente a estréia de Diniz na categoria.
"Minha situação é diferente. O Emerson criou um time e fez o máximo que pôde. Estou comprando uma equipe que já está pronta e que funciona na Europa, não no Brasil", afirmou Diniz.
Sua aposentadoria é tão singular como sua aparição no automobilismo. Filho de Abílio Diniz, dono do Grupo Pão de Açúcar, chegou à F-1 sem nunca ter obtido resultados em categorias de base e carregando a fama de playboy.
Nos seis anos em que correu, conseguiu mudar essa imagem, principalmente na Europa. Ao todo, correu 98 GPs e marcou dez pontos. Seu maior feito foram dois quintos lugares, nos GPs de Luxemburgo-97 e Bélgica-98.
Embora o nome de Abílio Diniz tenha sido citado por Prost ("como eu, Pedro e Abílio têm ambições altas para a equipe"), o Grupo Pão de Açucar negou a participação do empresário no negócio.


Texto Anterior: Boxe - Eduardo Ohata: Quem cala consente
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.