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AUTOMOBILISMO
Na cúpula do time do tetracampeão na F-1, ex-piloto cogita contratar brasileiro para o próximo Mundial
Diniz deixa as pistas e vira sócio de Prost
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O brasileiro Pedro Paulo Diniz,
30, anunciou ontem que mudará
de papel na F-1. A partir de agora,
deixará de ser piloto para se tornar sócio do tetracampeão Alain
Prost na equipe Prost Grand Prix.
"Vou me concentrar para
aprender tudo sobre o outro lado
da F-1", afirmou Diniz à Folha,
por telefone, de Guyancourt, na
França, onde fica a sede do time.
"Já estava negociando há algum
tempo. A decisão de passar para o
outro lado do muro foi difícil."
Nenhuma das partes informou
valores e a participação acionária
do novo sócio na equipe. "Alain
Prost continua sendo o acionista
majoritário", disse o comunicado
oficial sobre o negócio. "Isso é sigiloso. Só posso dizer que terei
uma boa parte", completou Diniz.
Na Europa, especula-se que sua
fatia está entre 30% e 40%.
O brasileiro apontou dois motivos para sua decisão. Em primeiro lugar, afirmou que seria complicado acumular funções.
"Eu poderia continuar correndo, mas seria muita responsabilidade. Como piloto, não poderia
estar atuando na administração."
Por fim, alegou que a F-1 atual é
pouco motivante para pilotos de
equipes médias e pequenas. Neste
ano, as vitórias foram divididas
por apenas duas escuderias, Ferrari e McLaren. "Isso pesou."
Embora ainda não tenha um
cargo definido na hierarquia da
Prost, Diniz disse que vai estar em
todos os GPs e que participará ativamente de todas as decisões.
Com certeza, o brasileiro terá
uma tarefa complicada. Neste
ano, a Prost foi a última colocada
no Mundial de Construtores, com
zero ponto. Seu melhor resultado
foi um oitavo lugar, de Nick Heidfeld, no GP da Europa, em maio.
A equipe ainda colecionou lances estapafúrdios. Em dois GPs
seguidos, França e Áustria, seus
dois pilotos, Heidfeld e Jean Alesi,
bateram um contra o outro. No
Brasil, o aerofólio de Alesi saiu
voando durante o warm-up.
"É um grande desafio, mas estou aqui para fazer a equipe crescer. A Prost vai ter um pacote técnico muito bom, e estamos contratando pessoas importantes: o
Viladelprat, o Durand..."
Com passagens por times como
McLaren e Ferrari, Juan Viladelprat e Henri Durand são respectivamente os novos diretor-geral e
diretor técnico da Prost.
Nas próximas semanas, a equipe deve anunciar seu segundo piloto, que ocupará a vaga de Heidfeld, contratado pela Sauber.
De acordo com Diniz, entre os
concorrentes ao posto estão alguns "jovens brasileiros". Enrique Bernoldi, piloto de testes da
Sauber, é o nome mais cotado.
Com a conclusão do negócio,
Diniz passa a protagonizar a terceira tentativa brasileira no comando de uma equipe de F-1.
Entre 1975 e 1982, Emerson Fittipaldi tentou manter um time
próprio na categoria. Sem sucesso, abandonou o projeto e, anos
depois, foi tentar a sorte na Indy.
E, em 1995, Carlo Gancia foi co-proprietário da Forti Corse, time
que correu apenas aquela temporada e que promoveu justamente
a estréia de Diniz na categoria.
"Minha situação é diferente. O
Emerson criou um time e fez o
máximo que pôde. Estou comprando uma equipe que já está
pronta e que funciona na Europa,
não no Brasil", afirmou Diniz.
Sua aposentadoria é tão singular como sua aparição no automobilismo. Filho de Abílio Diniz,
dono do Grupo Pão de Açúcar,
chegou à F-1 sem nunca ter obtido
resultados em categorias de base e
carregando a fama de playboy.
Nos seis anos em que correu,
conseguiu mudar essa imagem,
principalmente na Europa. Ao todo, correu 98 GPs e marcou dez
pontos. Seu maior feito foram
dois quintos lugares, nos GPs de
Luxemburgo-97 e Bélgica-98.
Embora o nome de Abílio Diniz
tenha sido citado por Prost ("como eu, Pedro e Abílio têm ambições altas para a equipe"), o Grupo Pão de Açucar negou a participação do empresário no negócio.
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