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Hábil, líbero Escadinha é o "2º levantador"
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele é o único que não tem
reservas, virou termômetro
do time e agora invadiu a seara dos companheiros.
Graças a um talento raro
nos líberos, responsáveis por
defesa e recepção, Escadinha
se tornou o "segundo levantador" do time no Mundial. A
função não foi imposta, nem
ele roubará a vaga de Ricardinho ou Marcelinho. Mas,
naturalmente, tem assumido
as ações quando o levantador
não pode. E não decepciona.
Contra a Itália, melhor
partida do Brasil, por exemplo, levantou até de costas e
ganhou elogios de Giba.
"Ele levanta muito bem,
tem habilidade para o toque", afirma o assistente técnico Ricardo Tabach. "Além
disso, é muito rápido, percebe o que acontece do outro
lado da quadra."
Na seleção, Escadinha, 31,
vive situação particular. Como qualquer jogador pode
ser improvisado como líbero,
ele não tem um reserva.
Mesmo assim, garante que
se empenha tanto quanto os
outros. "Se não fizer meu
máximo vou ser substituído.
Sempre acho motivação para
jogar porque eu preciso do
vôlei para alimentar minha
família", diz Escadinha.
A declaração pragmática,
sem os "floreios" que acompanham os discursos dos
atletas sobre a importância
do esporte, vem da criação
em uma vida diferente da
maioria de seus colegas. Escadinha cresceu na periferia
de São Paulo, em Pirituba.
"Levo os ensinamentos
desses anos em Pirituba, em
que convivo com pessoas que
acordam de manhã para trabalhar e ganhar um salário
mínimo. Trabalham contentes e voltam para casa."
Com a mesma simplicidade ele encara a ida para a Itália. Não vê glamour em viver
em Piacenza, onde joga. "É
muito frio. Minha família vai
no fim do ano. Chega na neve
e vai embora na neve. Vou
porque sou "obrigado'".
A única coisa que o deslumbra é a comida. "Sempre
volto com quilinhos a mais."
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