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Plano para 2016 minimiza ouro
Em projetos apresentados ao COB, confederações priorizam aumento da base e mantêm pés no chão
Comitê, que decidirá nova distribuição de verba, havia orientado investimento em quem terá chance de ganhar medalha nos Jogos do Rio
JOSÉ EDUARDO MARTINS
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comitê Olímpico Brasileiro deu o recado: o foco do investimento para 2016 tem de ser
em quem terá chance de medalha na Olimpíada do Rio.
Mas, nos primeiros projetos
visando os Jogos cariocas, que
foram entregues ao COB ontem, as confederações esportivas mantiveram os pés no chão.
Mais: os planos da maior parte das entidades escancaram a
limitação do esporte nacional e
mostram que o sonho de ser
potência ainda esbarra em problemas estruturais e de base.
Para muitas, antes de falar
em subir ao pódio, suas modalidades carecem de massificação.
O tiro com arco, por exemplo, conseguiu neste ano quase
dobrar o número de confederados -cerca de 700. Para chegar
com competidores de bom nível a 2016, a entidade crê que
precise ao menos triplicar o número nos próximos dois anos.
"Na Itália, há 22 mil atletas.
Não há comparação. O Brasil
está 30 anos atrasado", declara
o italiano Eros Fauni, diretor
técnico da confederação.
O hóquei na grama vive situação semelhante. Em 2007,
no Rio, o Brasil fez sua estreia
em Pans. Em 2016, pode disputar a sua primeira Olimpíada
-por ser sede, o Brasil compete
em todas as modalidades.
A confederação pretende
chegar a uma medalha sul-
-americana nos próximos anos
e à vaga no Pan de 2011, ao menos para o masculino. Falar em
pódio no Rio ainda é utopia.
"Queremos ir [ao Pan] não
como convidados nem como
saco de pancadas", afirma
Eduardo Leonardo, coordenador técnico da confederação.
Até esportes já consagrados
enxergam lacunas em sua divulgação pelo país. O vôlei
manterá suas ações com as
equipes de base e as seleções
principais. Mas quer aumentar
sua oferta de jogadores.
"Queremos preparar e orientar as federações do Brasil inteiro", afirma o presidente da
CBV, Ary Graça Filho.
A natação planeja mapear os
nadadores de todas as categorias de base para descobrir os
talentos para 2016 e 2020.
Embora boa parte dos dirigentes afirme que os possíveis
atletas de 2016 já estão "por aí",
poucos se arriscam em apontar
futuros medalhistas. Consideram precoce a pressão por investimentos tão específicos.
"Eles [Tiago Camilo e outros
medalhistas olímpicos] são patrimônio e vamos seguir apostando neles. Em paralelo, trabalharemos centenas de atletas
para buscar a medalha no Rio",
diz Paulo Wanderley, presidente da confederação de judô.
"É tendência querer investir
só em quem dará resultado,
mas é preciso saber como fazer
isso. Não vamos deixar o resto
[que não tem chance de medalha em 2016] de lado. Temos de
usar os atletas de Londres-2012
como espelho", faz coro João
Tomasini, da canoagem.
Para algumas modalidades, é
difícil estabelecer até faixas
etárias para investimento.
Walter Boddener, coordenador técnico da confederação de
vela, cita Fernanda Oliveira,
bronze em Pequim-2008.
"Ela havia ficado nas últimas
posições nas Olimpíadas anteriores [Sydney-2000 e Atenas-2004]. Por esse critério, não teria conquistado medalha de Pequim", afirma o dirigente.
O tiro pena com o amplo leque de potenciais competidores. "Temos atleta com até 93
anos. E ninguém vive do tiro no
Brasil. É difícil fazer um medalhista com atleta de fim de semana", diz Frederico da Costa,
presidente da confederação.
"O governo precisa investir
em modalidades individuais,
que dão muitas medalhas, como fez a China. E são essas confederações que estão sempre de
cuia na mão", completa ele.
Já algumas entidades começam nesse ciclo projeto diferente do desenvolvido para Pequim. A ginástica, por exemplo,
não tem mais o centro de treinamento e a concentração.
Agora, cada atleta da seleção
treina em seu próprio clube.
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