São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2004

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BOXE

Campeão da modalidade que mistura socos, chutes e técnica de chão treina com a seleção para disputar vaga olímpica

Brasil apela a vale-tudo para ir aos Jogos

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma equipe que mostrou no Pan-Americano de Santo Domingo resultados abaixo do que os daquela que foi à Olimpíada de Sydney, em 2000, a CBB agregou o campeão de vale-tudo Rodrigo ""Minotauro" Nogueira, 22, à seleção que busca ir aos Jogos Olímpicos de Atenas.
Nogueira, que tem o título dos pesos-pesados do Pride, mais prestigiosa competição de vale-tudo (modalidade que mistura técnicas de boxe e artes marciais) ao lado do Ultimate Fighting Championship, começou a treinar com a seleção olímpica.
O campeão acompanhou no final de semana parte do time brasileiro que foi a Cuba para participar de seus treinos.
Nogueira será o único superpesado (categoria sem limite de peso) brasileiro a fazê-lo, pois, por falta de verba, a Confederação Brasileira de Boxe não está levando sua equipe completa à ilha e ele se predispôs a pagar por sua passagem aérea até Cuba.
O lutador, de 1,90 m e 102 kg, justifica que foi convidado a tomar parte da preparação por Luis Carlos Dórea, um dos treinadores da seleção nacional, com quem já havia trabalhado no passado.
Embora inicialmente tenha dito e reiterado que seu único objetivo é aperfeiçoar sua habilidade no pugilismo, em um segundo momento Nogueira reconheceu que, dependendo de seu progresso com os punhos, gostaria de tentar uma vaga olímpica.
Ele afirma que está disposto, inclusive, a adequar seu calendário no Pride, que costuma lhe render bolsas de até US$ 140 mil, às demandas da seleção.
Nogueira conversou sobre o tema com o presidente da CBB, Luis Claudio Boselli. A Folha apurou que o dirigente vê pontos positivos em uma eventual participação do lutador na equipe nacional.
""Estou acostumado à pressão de lutar com 40 mil a 50 mil pessoas no estádio. Tenho boa movimentação e sou rápido para meu tamanho", argumenta Nogueira.
""O que pega é que não estou acostumado a soltar os golpes em combinações como aquelas dos outros da seleção, mas meu progresso está sendo bem rápido", conclui o lutador, que não pode ser considerado um pegador.
No Pride, conseguiu aplicar apenas um nocaute -a maioria de suas lutas são concluídas no solo, com golpes de jiu-jitsu. Mas demonstra ter muita resistência e capacidade de recuperação.
Para ser oficialmente incorporado à seleção, Nogueira terá de disputar uma seletiva, além de ser submetido a uma bateria de exames, inclusive ao de antidoping, segundo informa a confederação.
""Ninguém vai entrar pela porta dos fundos para depois não haver reclamações", explica Boselli.
Esta não é a primeira vez que um lutador de vale-tudo se interessa em ir à Olimpíada. No passado, outro atleta brasileiro da modalidade, Vitor Belfort, fez lobby para ir a uma edição dos Jogos, no caso a de Sydney, em 2000.
Ele foi eliminado por Marcelino Novaes em seletiva organizada sob segredo, também em Cuba.
No entanto Boselli aponta uma diferença entre os dois casos.
""O Nogueira não caiu de pára-quedas, não chegou apenas para a seletiva. Ele mostra humildade ao treinar com o resto da seleção, se aprimorando e analisando sua técnica", argumenta o dirigente.



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