|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOXE
Campeão da modalidade que mistura socos, chutes e técnica de chão treina com a seleção para disputar vaga olímpica
Brasil apela a vale-tudo para ir aos Jogos
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma equipe que mostrou
no Pan-Americano de Santo Domingo resultados abaixo do que
os daquela que foi à Olimpíada de
Sydney, em 2000, a CBB agregou o
campeão de vale-tudo Rodrigo
""Minotauro" Nogueira, 22, à seleção que busca ir aos Jogos Olímpicos de Atenas.
Nogueira, que tem o título dos
pesos-pesados do Pride, mais
prestigiosa competição de vale-tudo (modalidade que mistura
técnicas de boxe e artes marciais)
ao lado do Ultimate Fighting
Championship, começou a treinar com a seleção olímpica.
O campeão acompanhou no final de semana parte do time brasileiro que foi a Cuba para participar de seus treinos.
Nogueira será o único superpesado (categoria sem limite de peso) brasileiro a fazê-lo, pois, por
falta de verba, a Confederação
Brasileira de Boxe não está levando sua equipe completa à ilha e ele
se predispôs a pagar por sua passagem aérea até Cuba.
O lutador, de 1,90 m e 102 kg,
justifica que foi convidado a tomar parte da preparação por Luis
Carlos Dórea, um dos treinadores
da seleção nacional, com quem já
havia trabalhado no passado.
Embora inicialmente tenha dito
e reiterado que seu único objetivo
é aperfeiçoar sua habilidade no
pugilismo, em um segundo momento Nogueira reconheceu que,
dependendo de seu progresso
com os punhos, gostaria de tentar
uma vaga olímpica.
Ele afirma que está disposto, inclusive, a adequar seu calendário
no Pride, que costuma lhe render
bolsas de até US$ 140 mil, às demandas da seleção.
Nogueira conversou sobre o tema com o presidente da CBB, Luis
Claudio Boselli. A Folha apurou
que o dirigente vê pontos positivos em uma eventual participação
do lutador na equipe nacional.
""Estou acostumado à pressão
de lutar com 40 mil a 50 mil pessoas no estádio. Tenho boa movimentação e sou rápido para meu
tamanho", argumenta Nogueira.
""O que pega é que não estou
acostumado a soltar os golpes em
combinações como aquelas dos
outros da seleção, mas meu progresso está sendo bem rápido",
conclui o lutador, que não pode
ser considerado um pegador.
No Pride, conseguiu aplicar
apenas um nocaute -a maioria
de suas lutas são concluídas no
solo, com golpes de jiu-jitsu. Mas
demonstra ter muita resistência e
capacidade de recuperação.
Para ser oficialmente incorporado à seleção, Nogueira terá de
disputar uma seletiva, além de ser
submetido a uma bateria de exames, inclusive ao de antidoping,
segundo informa a confederação.
""Ninguém vai entrar pela porta
dos fundos para depois não haver
reclamações", explica Boselli.
Esta não é a primeira vez que
um lutador de vale-tudo se interessa em ir à Olimpíada. No passado, outro atleta brasileiro da
modalidade, Vitor Belfort, fez
lobby para ir a uma edição dos Jogos, no caso a de Sydney, em 2000.
Ele foi eliminado por Marcelino
Novaes em seletiva organizada
sob segredo, também em Cuba.
No entanto Boselli aponta uma
diferença entre os dois casos.
""O Nogueira não caiu de pára-quedas, não chegou apenas para a
seletiva. Ele mostra humildade ao
treinar com o resto da seleção, se
aprimorando e analisando sua
técnica", argumenta o dirigente.
Texto Anterior: Luis Fabiano assume a artilharia do Paulista Próximo Texto: Adversário, primo de Jofre critica iniciativa Índice
|