São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007

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Adoção leva Brasil ao Mundial de esqui

Dois dos três atletas da seleção no evento que começa amanhã, na Suécia, são órfãos acolhidos por famílias européias

Criados por pais italianos e noruegueses, Jhonatan, 19, e Anna, 16, conhecem a neve desde cedo, têm apoio familiar e se destacam

Divulgação
Competidora brasileira no Mundial da Suécia, Anna Breigutu, adotada por uma família de noruegueses quando criança, esquia


LUÍS FERRARI
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Modalidade quase exclusiva no Brasil para os nascidos em berço esplêndido, o esqui alpino do país tem mais da metade de sua equipe no Mundial nascida em um cenário de pobreza.
Dois dos três atletas que competem a partir de amanhã na Suécia são jovens que nasceram no Brasil, mas foram adotados por famílias européias.
Até a presença de Jhonatan Longhi, 19, e de Anna Breigutu, 16, na equipe brasileira, o time era composto por atletas -em sua maioria endinheirados- que resolveram se dedicar ao esqui após ver neve nas férias.
Agora, mais da metade da seleção é de atletas que cresceram próximos a pistas de neve, como crianças que logo cedo recebem bolas de futebol.
As histórias de Jhonatan, primeiro negro a vencer um Brasileiro, e de Anna são similares. Ambos foram adotados por entusiastas do esqui. Os pais dos dois praticaram a modalidade e incentivam os filhos a representar o Brasil. A família dele é italiana, e a dela, norueguesa.
Jhonatan é paulista de Americana, mas não tem recordação do Brasil. "Saí com dois anos. Há dois anos passei 15 dias no Rio, cidade que gostei muito", diz, em italiano, o esquiador, adotado pelos Longhi com a irmã mais velha, Karina.
O curioso na coincidência de o Brasil ter dois atletas adotados por europeus é que nunca a confederação brasileira promoveu estratégias para atrair esquiadores como eles. As condições: ter passaporte brasileiro e tentar aprender português. "São brasileiros autênticos. É legal o carinho que têm pelo país", diz Stefano Arnhold, presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve.
Para Jhonatan, especialista no slalom gigante, o Brasil é sempre uma redescoberta. "Me sinto mais brasileiro ao ver o vôlei de praia, o futebol e o Carnaval." O português, porém, fica só no "obrigado".
Anna, 16, mais recente brasileira do circuito internacional, estréia no Mundial. Nascida em Campo Grande (MS), ela também deixou o país quando pequena e não tem recordações.
Como vem de lesões no ombro e no tornozelo, dificilmente terá grande resultado, mas empolgação (familiar) não falta.
Ela começou a esquiar aos seis anos e, aos oito, já levava o esporte a sério. Quando notou que a filha ia bem, seu pai, Jon, levou a família de Oslo para a estação de Hemsedal. Assim, Anna treina quase diariamente, o que, diz Jon, foi fundamental para o 4º lugar do ranking norueguês no slalom e o 11º no do Super G em sua faixa etária.


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