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Adoção leva Brasil ao Mundial de esqui
Dois dos três atletas da seleção no evento que começa amanhã, na Suécia, são órfãos acolhidos por famílias européias
Criados por pais italianos e
noruegueses, Jhonatan, 19,
e Anna, 16, conhecem a
neve desde cedo, têm apoio
familiar e se destacam
Divulgação
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Competidora brasileira no Mundial da Suécia, Anna Breigutu, adotada por uma família de noruegueses quando criança, esquia |
LUÍS FERRARI
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Modalidade quase exclusiva
no Brasil para os nascidos em
berço esplêndido, o esqui alpino do país tem mais da metade
de sua equipe no Mundial nascida em um cenário de pobreza.
Dois dos três atletas que
competem a partir de amanhã
na Suécia são jovens que nasceram no Brasil, mas foram adotados por famílias européias.
Até a presença de Jhonatan
Longhi, 19, e de Anna Breigutu,
16, na equipe brasileira, o time
era composto por atletas -em
sua maioria endinheirados-
que resolveram se dedicar ao
esqui após ver neve nas férias.
Agora, mais da metade da seleção é de atletas que cresceram próximos a pistas de neve,
como crianças que logo cedo
recebem bolas de futebol.
As histórias de Jhonatan, primeiro negro a vencer um Brasileiro, e de Anna são similares.
Ambos foram adotados por entusiastas do esqui. Os pais dos
dois praticaram a modalidade e
incentivam os filhos a representar o Brasil. A família dele é
italiana, e a dela, norueguesa.
Jhonatan é paulista de Americana, mas não tem recordação do Brasil. "Saí com dois
anos. Há dois anos passei 15
dias no Rio, cidade que gostei
muito", diz, em italiano, o esquiador, adotado pelos Longhi
com a irmã mais velha, Karina.
O curioso na coincidência de
o Brasil ter dois atletas adotados por europeus é que nunca a
confederação brasileira promoveu estratégias para atrair
esquiadores como eles. As condições: ter passaporte brasileiro e tentar aprender português.
"São brasileiros autênticos. É
legal o carinho que têm pelo
país", diz Stefano Arnhold, presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve.
Para Jhonatan, especialista
no slalom gigante, o Brasil é
sempre uma redescoberta. "Me
sinto mais brasileiro ao ver o
vôlei de praia, o futebol e o Carnaval." O português, porém, fica só no "obrigado".
Anna, 16, mais recente brasileira do circuito internacional,
estréia no Mundial. Nascida em
Campo Grande (MS), ela também deixou o país quando pequena e não tem recordações.
Como vem de lesões no ombro e no tornozelo, dificilmente
terá grande resultado, mas empolgação (familiar) não falta.
Ela começou a esquiar aos
seis anos e, aos oito, já levava o
esporte a sério. Quando notou
que a filha ia bem, seu pai, Jon,
levou a família de Oslo para a
estação de Hemsedal. Assim,
Anna treina quase diariamente,
o que, diz Jon, foi fundamental
para o 4º lugar do ranking norueguês no slalom e o 11º no do
Super G em sua faixa etária.
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