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FÁBIO SEIXAS
Dick Vigarista versão 2.1
Bicampeão da F-1 e piloto a ser batido, Alonso é favorito a herdar fama de mau que por anos grudou em Schumacher
ESTÁ NO YouTube e, se você
não viu, é só entrar no site e
digitar "alonso", "badoer" e
"crashing". Aconteceu na terça, em
Valência, e foi flagrada por um câmera da Telecinco, da Espanha.
Pronto. Em tempos de compartilhamento de tudo, ganhou o mundo.
É um vídeo curto, de 14 segundos.
E que se resume no seguinte: Alonso
vem com seu McLaren, encontra
Badoer numa curva, não alivia, empurra a Ferrari para a caixa de brita.
A última cena, o italiano parado, atolado, rodas trabalhando em falso.
Fosse cinco anos atrás, o encontrão passaria despercebido. Provavelmente não saberíamos que aconteceu. E, se por acaso soubéssemos,
não daríamos muita importância.
Mas não, ocorreu agora. E esse "timing" merece duas considerações.
A primeira tem a ver com fim da
privacidade, aldeia global, sociedade
do espetáculo, redes virtuais de relacionamento, megafluxos de informação, enfim, com a ciberfilosofia
que cada vez mais deixa círculos acadêmicos e invade o nosso dia-a-dia.
Sendo curto e grosso, o resultado
disso tudo no esporte, principalmente em um que exige dezenas de
câmeras para ser compreendido, é
que não dá mais para pisar na bola.
Malandragens, "migués", trapaças, coações e agressões que antes
eram captadas em vídeo e ficavam
confinadas ao país natal do dono da
imagem hoje ganham a internet minutos após serem levadas ao ar. Na
prática, neste início de século 21 não
existe mais esse "dono da imagem".
Jogue alguém para fora da pista, e
a cena ganhará o YouTube. Faça um
"brake test" e vire estrela do Google
Video. Mostre um dedo para o retardatário e apareça no Yahoo Video.
É aqui que entra a segunda consideração. Se você for o Nakajima ou o
Rossiter, sua escorregada terá pouca
repercussão. Se você for o Massa ou
o Button, aparecerá em blog e sites
por aí. Agora, se você for o Alonso,
seu ato gerará reações indignadas,
protestos furiosos... Você será comparado ao maior "malfeitor" das últimas décadas, um tal Schumacher.
Exagero? Alguns dos comentários
que acompanham o vídeo... "Ele
acha que está dirigindo um tanque?"
Ou "Alonso é um ególatra, um pedaço de lixo". Ou "Um estúpido". Ou
"Maldito, não deveria estar na F-1".
É, com a aposentadoria do alemão, parece que vai sobrar para
Alonso. Que, bicampeão mundial, é
o novo parâmetro, o piloto a ser batido. Que já não é um primor de simpatia. Que, de quebra, ainda conta
com esse adversário onipresente,
casamento da TV com a internet.
E que, para piorar, dá motivos ao
azedume. No vídeo em questão, o espanhol exagera na dose. Só ele pode
dizer no que estava pensando, mas
nós podemos cravar que, ao menos,
foi folgado, imprudente, espaçoso.
Sei não, mas neste imprevisível
2007 parece que já pintou o vilão do
público. Mera implicância? Ou sinal
de que para vencer na F-1 é preciso
forçar a barra, mesmo que isso signifique aguentar as conseqüências?
CALMA LÁ...
Nos testes da semana em Valência, os primeiros com todo mundo
de carro novo, Alonso foi o mais rápido em dois dias. Ontem, foi a vez
de Ralf cravar o melhor tempo, resultado perfeito para exemplificar
a (pouca) importância dos tempos
a esta altura da pré-temporada.
CANSADO DO ÓCIO
A mensagem foi clara. Ao testar
para a Tony Kart, Schumacher
mostrou o quanto sente falta das
pistas. O rumor é que em maio, lá
mesmo em Muro Leccese, ele disputará a terceira etapa do WKS,
campeonato de kart com chancela
da FIA e corridas em três países.
ALELUIA
Rossi renovou com a Yamaha até
o fim de 2008. Ótimo. Garantia de,
pelo menos, mais duas temporadas
de show nas provas de MotoGP.
fseixas@folhasp.com.br
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